Review: Trouble - Psalm 9 (1984)


Junto com o debut do Saint Vitus - que saiu em fevereiro de 1984 -, Psalm 9, estreia da banda norte-americana Trouble, é considerado um dos primeiros discos de doom metal da história. O álbum, cujo título original era apenas Trouble, chegou às lojas no dia 10 de março de 1984 e, 34 anos depois, segue soando impressionante.

Tenho uma teoria sobre o doom metal. Para mim, o gênero nasceu de um único LP gravado e lançado em 1971: Master of Reality, terceiro disco do Black Sabbath. Todas as características do estilo estão nas oito faixas do LP da banda de Tony Iommi: os riffs arrastados, a melancolia, os andamentos mais lentos, as explosões sonoras, o desespero e a angústia vocal, e também a contrastante facilidade com que elementos tão sombrios e agressivos conseguem, unidos, dar vida à uma sonoridade que agrada de imediato e soa, sim, acessível.

Psalm 9 vem com oito faixas e uma música bônus, que é a versão para “Tales of Brave Ulysses”, do Cream - a gravação original está em Disraeli Gears, lançado pelo trio inglês em 1967. O disco apresentou ao mundo o quinteto formado por Eric Wagner (vocal), Bruce Franklin (guitarra), Rick Wartell (guitarra), Sean McAllister (baixo) e Jeff Olson (bateria). A influência do Black Sabbath é onipresente, e é sentida desde a construção dos riffs - sempre pesadíssimos - até a estrutura das músicas. 

Totalmente alheia ao que rolava no metal dos anos 1980, o Trouble olhou para o passado e reapresentou a sonoridade clássica do gênero para uma nova geração de ouvintes. O curioso é que a banda contrastava com o Sabbath em apenas um aspecto: as letras. Enquanto temas sombrios, magia negra e pactos com o demônio eram escritos por Geezer Butler e cantados por Ozzy Osbourne, no Trouble a história era exatamente oposta: as letras de Psalm 9, a começar pelo título, colocam Deus em primeiro plano e exploram desde o combate com seus inimigos - “The Fall of Lucifer” - até questões mais transcendentais e espirituais, como em “Revelations (Life or Death)”.

Apesar de aclamado pela crítica, Psalm 9 não alcançou sucesso entre o grande público, o que não foi surpresa alguma, já que ele trazia uma pegada totalmente oposta ao que estava rolando no metal em meados dos anos 1980. O único single do disco foi “Tales of Brave Ulysses”, que foi desconstruída pela banda e ganhou uma roupagem doom e pesada de cair o queixo.

Na história do metal, poucos discos são associados de maneira direta e de forma tão contundente com o surgimento de um estilo quanto Psalm 9. O doom metal realmente nasceu aqui, e três décadas após o seu lançamento o álbum continua incrível.

Resumindo: um disco obrigatório em qualquer coleção de metal que se preze.

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