Toto IV, o maior clássico da história do AOR


Existem discos que surgem pra mudar a história, seja de um grupo, um estilo, ou algum segmento. Toto IV (1982), como o próprio nome diz, é o quarto disco da banda de Los Angeles formada nos anos 1970 e que surgiu pra consolidar ainda mais o grupo, que já havia sido indicado ao Grammy de Melhor Artista Novo do ano em 1979.

Antes mesmo do experimentalismo se popularizar, o Toto ousava bastante na inserção de diferentes referências, e IV surgiu pra recuperar o prestígio que a banda havia perdido com o álbum anterior, Turn Back (1981), que foi um fracasso comercial após o bom início. Pressionados pela gravadora, o grupo foi para o estúdio em busca de um novo sucesso e saiu de lá com uma pérola que consolidou e marcou história no Melodic Hard Rock (ou AOR, para os mais íntimos). O reconhecimento foi tamanho que a banda conseguiu levar pra casa seis Grammys - entre eles, foi vencedor nas categorias Canção do Ano (para "Rosanna"), Álbum e Produtor do Ano. O feito da banda chama mais atenção ainda se levarmos em consideração que no ano de 1982 o mundo conhecia Thriller, de Michael Jackson, o álbum mais vendido da história da música. Mesmo tendo sido lançado bem antes que Thriller, IV conseguiu a façanha de estar no top 10 da Billboard quando o mundo inteiro cantava e dançava "Billie Jean" e "Beat It".

Em seu tracklist, IV mostra uma mistura de diversos estilos como jazz, rhythm & blues, hard rock e progressivo. A bolacha inicia-se com "Rosanna", uma homenagem à atriz Rosanna Arquette, namorada de Steve Porcaro na época. Porcaro merece um destaque individual pelo maravilhoso solo, que entra fácil na lista dos dez maiores solos de teclado da história do rock. Belos teclados, uma excelente dobradinha com um saxofone, lindas vocalizações e uma levada jazz constróem a canção seguinte, "Make Believe". Na sequência, "I Won’t Hold You Back”, cantada por Steve Lukather, é uma belíssima balada com um arranjo exemplar.


"Good For You" retoma o clima dançante com linhas de órgão que dão certo clima épico ao play, e é encerrada com um belo solo do sempre competente guitarrista Steve Lukather. Na sequência, "Afraid of Love" põe mais peso ao tracklist com um hard rock forte e vigoroso, colocando em evidência ainda mais a característica de um grupo onde todos cantam e participam ativamente da construção musical.

Encerrando o disco, uma faixa que merece um parágrafo inteiro só pra descrevê-la. "Africa", canção que voltou à tona para o mainstream por estar na trilha sonora de Stranger Things, abençoa as chuvas que caem no continente através de uma belíssima linha de percussão que é sobreposta pelo piano do maestro David Paich, chegando ao seu ápice no momento em que Bobby Kimball assume a responsabilidade no vocal, ajudado com a onipresente cama de backings, feita por Paich, Porcaro e Lukather.

Toto IV, em seus 42 minutos de duração, mostra uma banda coesa, com músicos altamente competentes em seu melhor momento criativo, evidenciado em todas as faixas através do cuidado nos arranjos e na produção. Um clássico máximo na história do AOR.



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