O que eu li em janeiro


Janeiro, início do ano, começo de uma nova jornada. Hora de refletir, pensar sobre a vida, tal e coisa e coisa e tal. Nesse clima, decidi escrever sobre todos os discos que ouvir e todos os quadrinhos que ler durante o ano, postando textos a respeito de cada uma dessas experiências em minhas redes sociais.

Aqui estão as histórias em quadrinhos que fizeram parte do meu hábito de leitura neste primeiro mês de 2019. No total, foram 26 HQs diferentes, todas com tramas legais e que trouxeram uma enorme dose de diversão para o cotidiano, além de algumas questões filosóficas sempre bem-vindas.

Janeiro foi rico em leitura. Espero que vocês curtam essa experiência!


Planeta Hulk saiu em 2006 e traz os Illuminati, o grupo formado pelas maiores mentes do Universo Marvel, lidando com o Hulk de uma maneira definitiva: exilando-o em outro planeta. Porém, as coisas não saem exatamente como planejado, e o gigante esmeralda acaba em um planeta comandado por um rei sanguinário. Por trás da ação desenfreada temos uma releitura da clássica jornada do herói, que junto com seus parceiros luta contra um governo totalitário (oi, Star Wars). Greg Pak constrói cada um dos personagens com profundidade, fazendo com que a identificação do leitor não se limite apenas ao alter ego de Bruce Banner. E conclui a história com a eterna luta contra a tragédia que é a definição da própria vida do Incrível Hulk. Uma leitura divertida, com arte explosiva e um roteiro que vai além da mera pancadaria. Uma das melhores histórias do Hulk. Vale!


Relendo os X-Men de Grant Morrison - Parte I

Nesse primeiro arco, o escritor inglês revoluciona os X-Men de maneira profunda, mudando diversos arquétipos do universo mutante da Marvel. Charles Xavier revela ao mundo que é mutante, Genosha sofre um genocídio com 16 milhões de mortos, Cassandra Nova surge com uma das mais surpreendentes vilãs dos X-Men. O ritmo é acelerado, uma espécie de filme de ação muito bem costurado, com diálogos afiados e ótimos roteiros. Aqui ocorreu o meu primeiro contato com a arte peculiar de Frank Quitely, que estranhei no início mas que hoje é um dos meus artistas preferidos. Momento arrepiante: Genosha devastada. Momento massavéio: Jean Grey enfrentando sozinha a invasão ao Instituto Xavier e salvando os alunos da escola. E ainda tem uma história sem diálogo no final, quando Emma e Jean resgatam a mente de Xavier e que é a cereja do bolo. Sensacional, pra dizer o mínimo!


Relendo os X-Men de Grant Morrison - Parte II

Dando sequência ao seu roteiro, Morrison faz Cassandra Nova assumir o corpo de Charles Xavier e convencer o Império Shiar de que os X-Men estão sendo manipulados. Isso leva ao inevitável confronto entre os alienígenas e os mutantes, outrora aliados. O casal Bico e Angel, apresentado no encadernado anterior, ganha cada vez mais destaque e são, até hoje, alguns dos meus personagens favoritos. O misterioso Xorn também vai ganhando cada vez mais destaque na trama. Pupilas de Emma Frost, uma das irmãs Stepford se apaixona e tem que lidar com a sua primeira desilusão amorosa. A única coisa que me incomoda é a variação entre os desenhistas, principalmente quando Igor Kordev assume e a arte cai vertiginosamente. Momento arrepiante: Jean Grey mostrando porque é a mutante mais poderosa de todos os tempos e resgatando a mente fragmentada de Xavier. Aliás, a passagem de Grant Morrison pelos X-Men sempre me pareceu uma grande carta de amor a Jean, que é um dos centros de toda a trama.


Esse arco que está sendo publicado pela Salvat é uma das consequências da série O Cisma, de 2011, que dividiu os X-Men. Ciclope foi para um lado com a sua equipe, enquanto Wolverine decidiu fundar a Escola Jean Grey, virando diretor e mentor de novos alunos. O texto de Jason Aaron é bem fluído e traz um humor pontual, o que torna a leitura bastante divertida. Já a arte de Chris Bachalo está bastante caricata e extremamente dinâmica, dentro do estilo que consagrou o ilustrador. Temos como antagonista um Clube do Inferno formado por adolescentes psicopatas (gostei dos personagens) e a presença de alunos bastante peculiares, com destaque para o sempre imprevisível Quentin Quire, criação dos temos de Grant Morrison nos mutantes. A cereja do bolo é a gravidez inesperada de Kitty Pride e a jornada épica através do interior do seu corpo, algo que me lembrou o clássico Viagem Insólita (1987). Veredito: uma leitura leve e cheia de ação, com ilustrações explosivas e que parecem pular para fora das páginas.


Relendo os X-Men de Grant Morrison - Parte III

Considero este terceiro encadernado o mais fraco da fase de Morrison nos mutantes. A arte de Igor Kordev está presente em grande parte dele, e isso me incomoda bastante. Grande parte da história foca no então quase desconhecido Fantomex, com Jean, Charles e Wolverine interagindo com o personagem. As ilustrações melhoram muito quando Phil Jimenez assume e dá outro corpo para o trabalho. A traição psíquica de Scott Summers com Emma Frost se intensifica e é consumada, enquanto Jean Grey está na Europa resgatando uma nova mutante. E o relacionamento entre os carismáticos Bico e Angel tem início, mesmo que de um modo pouco ortodoxo. O texto continua afiado e a arte apresenta a irritante variação entre ilustradores que marcou todo este período. Mesmo assim, leitura essencial para o que virá nos próximos volumes da fase.


Charles Soule é um dos principais roteiristas da Marvel nos últimos anos. Com diversos trabalhos no currículo, é o autor da fase do Demolidor que está sendo publicada no Brasil atualmente e assinou, por exemplo, A Morte de Wolverine, lançada há alguns anos. Em A Vida de X, Soule assume o título Surpreendentes X-Men (que teve início com Josh Whedon nos anos 2000) e conta uma história que faz jus à tradição dos mutantes. O que temos aqui é um complexo jogo de xadrez envolvendo duas das mentes mais poderosas da Marvel: o Rei das Sombras e Charles Xavier. Sim, o Professor X, que foi assassinado por Scott Summers na saga Vingadores vs X-Men e estava sumido desde então. Soule elabora uma trama que conduz o leitor através dos tortuosos caminhos que podem trazer Xavier de volta à vida. Este encadernado conta com seis edições norte-americanas, cada uma com um artista diferente. No entanto, essa variação de ilustradores não interfere na história, que conta com desenhos incríveis independente do autor. Ao final, a conclusão nos leva para um novo momento na intrincada saga dos mutantes da Marvel, com dicas de um desdobramento futuro que poderá render caminhos, como diz o título da HQ, surpreendentes.


Relendo os X-Men de Grant Morrison - Parte IV

Este é um dos melhores encadernados da fase do escritor escocês à frente dos mutantes da Marvel. Liderados por Quentin Quire, um genial e super poderoso mutante adolescente nível ômega, um grupo de alunos coloca o Instituto Xavier de cabeça para baixo em protesto ao assassinato de um famoso estilista mutante. E tudo isso no dia em que a escola abre as portas para visitação do público externo não-mutante. Turbinados por uma droga chamada Porrada, Quire e seus amigos encaram os professores sem medo algum, em uma trama super dinâmica e com arte incrível de Frank Quitely e companhia. Os mutantes adolescentes criados por Morrison, bizarros em sua maioria, são a cereja do bolo. E ainda temos a morte de uma das Irmãs Stepford, o assassinato de Emma Frost e o nascimento dos filhos de Angel e Bico. Momento massavéio: as Irmãs Stepford colocando Quentin em seu devido lugar. Momento arrepiante: o corpo de Emma Frost inerte no chão, quebrado em milhares de pedaços de diamantes. Excelente é pouco!


Superman comemorou 80 anos em 2018. E a revista que começou tudo, Action Comics, chegou à edição 1000 neste mesmo ano. O que temos aqui é uma edição especial com histórias curtas em homenagem ao maior super-herói de todos os tempos, escritas e desenhadas por alguns dos maiores nomes da indústria dos quadrinhos. E, para completar, a primeira aparição do personagem, em Action Comics 1 (de junho de 1938) vem junto no pacote, bem como a prévia do que o roteirista Brian Michael Bendis está preparando para o personagem. Legal pra caramba, item de coleção!


Relendo os X-Men de Grant Morrison - Parte V

Neste volume temos a revelação de quem é o misterioso Xorn, e a solução encontrada por Morrison é controversa. Pessoalmente, não curti a ideia do escritor. Para mim, lendo novamente todos os volumes da trama, não faz sentido que a pessoa que ajudou os X-Men seja quem acabou sendo. Magneto retorna totalmente ensandecido devido ao massacre de milhões em Genosha, e fica ainda mais fora de controle devido ao uso indiscriminado da Porrada, droga que amplia os poderes mutantes. Porém, encontra um mundo diferente, onde as pessoas já não o seguem como outrora. O ponto mais alto da trama se dá com Wolverine e Jean Grey presos no espaço, em uma viagem sem volta ao interior do sol. Trata-se de uma história dividida em várias edições e que vai se tornando extremamente claustrofóbica, até chegar a um ápice chocante. Momento arrepiante e massavéio, tudo ao mesmo tempo agora: a morte de Jean Grey pelas mãos de Magneto. Até o momento, essa segunda morte da mutante mais poderosa do mundo era a definitiva, o que mudou em 2018 com o retorno da personagem nas HQs que saíram nos Estados Unidos. Este encadernado, pela solução encontrada pelo roteirista para o enigma que cercava Xorn, acaba sendo meio decepcionante. A sensação é que poderia ser algo muito melhor, mas vale a leitura mesmo assim, principalmente pelo que acontece a Logan e Jean.


É improvável, para não dizer extremamente raro, encontrar referências a um assunto como o suicídio em uma história em quadrinhos de super-heróis. E Senhor Milagre, escrita por Tom King e ilustrada por Mitch Gerards, joga esse tema na cara do leitor logo nas primeiras páginas. King já havia abordado o suicídio em seu trabalho com o Batman, no arco Eu Sou Suicida, onde revelou que o jovem Bruce Wayne pensou em tirar a própria vida após o assassinato dos pais. Em Senhor Milagre, a abordagem é diferente. Scott Free é um deus, porém um deus atormentado, que sofre de paranoia, apresenta sintomas de esquizofrenia e uma certa dificuldade em discernir sobre o que é real e o que é fruto de sua imaginação (dúvida essa que gera um dos melhores momentos da história, quando o personagem cita o filósofo francês René Descartes e o pensador alemão Immanuel Kant). Todo esse contexto é intensificado quando Nova Gênesis e Apokolips declaram guerra, e o Senhor Milagre precisa participar ativamente do conflito. Ao ler essa HQ, é impossível não perceber que estamos diante de algo totalmente fora da curva dentro do universo de super-heróis, e que só encontra um equivalente semelhante em uma obra do próprio Tom King publicada no Brasil em 2018: sua interpretação para Visão, da Marvel. Assim como fez com o androide, e segue fazendo em sua fase no Batman, o roteirista humaniza os personagens, tira a armadura de super-herói de seus protagonistas e os insere em uma realidade construída com elementos do cotidiano. Não é à toa que os melhores momentos tanto de Senhor Milagre quando de Visão e do Batman não estão nas lutas e nos feitos impossíveis, mas sim em momentos do dia a dia como a conversa durante o café da manhã, a reunião de família durante o jantar e as confissões mútuas de uma casal apaixonado. O que faz de Senhor Milagre um quadrinho tão bom é justamente isso: ele não precisa de feitos extraordinários para impressionar o leitor. Seu maior milagre é mostrar o quanto a própria vida é uma jornada cheia de momentos inesquecíveis e surpreendentes.


Jack Kirby criou os Eternos como a raiz do universo Marvel. Porém, por diversos fatores, incluindo interferências da própria editora, a série foi cancelada nos anos 1970. O projeto só entrou nos eixos novamente quando Neil Gaiman retomou os conceitos de Kirby e inseriu os personagens novamente no universo da Casa das Ideias, já nos anos 2000. Baseados nos deuses e mitos gregos, os Eternos são uma raça de seres imortais criadas pelos gigantescos Celestiais, e cuja missão é proteger o planeta Terra. Há uma inspiração no clássico Eram os Deuses Astronautas?, com grandes doses de ficção científica servindo de base para o surgimento de um mundo repleto de seres superdotados. O texto de Gaiman traz questionamentos filosóficos, enquanto a arte de John Romita Jr. mostra-se bastante influenciada pelo traço de Frank Miller no segundo período de sua carreira, ainda que menos sujo e estilizado. Uma leitura indicada para quem quer saber mais sobre a Marvel e seu fantástico universo.


Só o fato de ser uma adaptação de um conto escrito por Stephen King e contar com ilustrações de Alex Maleev já bastaria para chamar a atenção para N., graphic novel lançada pela Darkside Books. Porém, o roteiro aborda um tema que foi banalizado pelos tempos atuais e merece bastante atenção. O assunto principal de N. é o transtorno obsessivo-compulsivo (T.O.C.), distúrbio de comportamento que afeta um número cada vez maior de pessoas e que se caracteriza por uma ansiedade crescente e que só é aplacada se o indivíduo realizar tarefas específicas, que podem ir desde a contagem do número de passos até o trabalho, a verificação constante de portas e janelas, manias de organização e um sem número de variáveis. T.O.C. não é ficar irritado porque as lombadas da sua coleção de quadrinhos não seguem um padrão. T.O.C. é uma perturbação séria e que, em casos extremos, dizima a saúde mental dos pacientes e pode levar até mesmo à morte. É o que vemos em N. A história conta o caso de um estranho paciente atendido por um psiquiatra e que mostra sinais crescentes de transtorno obsessivo-compulsivo, que começaram a se manifestar após ele visitar uma determinada propriedade no interior dos Estados Unidos. A degradação mental a que o personagem passa a cada página é intensificada pela arte de Maleev, sempre bastante expressiva e adequada a tramas onde os personagens enfrentam situações extremas, como vimos em sua parceria com Brian Michael Bendis na aclamada fase de ambos no Demolidor. O texto de Marc Guggenheim mantém a essência do conto de King e evolui progressivamente, causando incômodo no leitor por apresentar um quadro cada vez mais preocupante. A questão é que a solução encontrada pelos envolvidos é extrema e chocante, o que torna N. uma HQ pesada, sombria e um tanto perturbadora. A edição da Darkside é linda, vem com uma luva protetora e capa dura, em um trabalho gráfico que mantém a qualidade já tradicional da editora. Ao final da leitura, o que temos é um quadrinho que foge totalmente do universo de super-heróis característico do Marvel e traz para discussão um assunto que faz parte da vida de um número cada vez maior de pessoas. Ótima leitura, recomendo!


O que temos aqui não é algo que se esperaria em uma HQ do Doutor Estranho. Ao invés de explorar a magia e suas infinitas possibilidades, somos apresentados a uma história de humor. Ainda que a fase escrita por Jason Aaron, que é a imediatamente anterior a essa, apresentasse um clima mais leve em certas passagens, o passo aqui foi mais profundo. Uma das primeiras HQs escritas pelo roteirista Donny Cates (um dos mais celebrados nomes da Marvel atual) publicada no Brasil, Deus da Magia traz Loki, o Deus da Trapaça, assumindo o manto do Mago Supremo. O texto de Cates é leve e dinâmico, o que, aliado à arte bastante estilizada e um tanto cartunesca de Gabriel Walta, reforça o tom nonsense que permeia toda a trama. Tem gente que vai achar divertida. Outros, irão odiar. Eu me enquadro no primeiro grupo.


Gosto muito da fase atual do Demolidor, escrita por Charles Soule. As histórias são muito dinâmicas, com um ritmo quase frenético, e colocam Matt Murdock, invariavelmente, no centro da trama. O super-herói fica em segundo plano, enquanto seu alter ego assume o protagonismo. Neste encadernado, Murdock precisa lidar com o fato de Wilson Fisk, o Rei do Crime, ter sido eleito prefeito de Nova York. E uma de suas plataformas de governo foi lutar contra os próprios super-heróis. Soule coloca Matt em escolhas difíceis, fazendo-o assumir como vice-prefeito de NY enquanto tenta entender o que Fisk realmente pretende. Há intrigas, traições, lutas e ótimos diálogos, além de muita ação e uma reviravolta que promete desdobramentos interessantes nos próximos capítulos. Como bônus, no final temos duas pequenas histórias comemorativas publicadas na edição 600 da revista norte-americana do Demolidor, com destaque para a dedicada a Foggy Nelson. Mais uma vez, o ditado faz sentido: se é do Demolidor, sempre vale a pena ler.


Hera Venenosa é a protagonista do arco que inicia nessa edição de Batman, chamado Todos Amam Hera. A história mostra a vilã dominando todo o planeta e desafiando o casal Batman e Mulher-Gato. Hera controla os demais heróis, usando-os como ferramenta para subjugar Bruce e Selina. Aliás, é nessa história que vemos a Mulher-Gato derrubando vários Flashs, fato que indignou os "nerds ejaculação precoce", aqueles que adoram julgar o trabalho alheio e chegar a conclusões apressadas sem conhecer o contexto completo. O texto de Tom King segue muito bom, e aqui temos a arte incrível de Mikel Janin. Mais uma bela edição de uma das melhores revistas em publicação no Brasil.


Nesta saga contada pelo escritor e ilustrador Sean Murphy, o Coringa se regenera após um ataque violento do Batman e sai em uma cruzada para provar que o principal problema de Gotham não é ele, mas sim o Cavaleiro das Trevas. Lindamente ilustrada, Batman: Cavaleiro Branco propõe discussões interessantes e apresenta pontos de vista nada ortodoxos, enriquecendo a já quase centenária história de Bruce Wayne e seu alter ego. Esta edição 6 (a história terá 8 volumes) encaminha a trama para a sua conclusão, apresentando consequências importantes em um ritmo contagiante, com páginas deslumbrantes que enchem os olhos. Ótimo, como sempre!


100 Balas foi a série que revelou Brian Azzarello e Eduardo Risso para o grande público. Lançada pela Vertigo, é uma gigantesca e muito bem construída trama policial repleta de personagens bizarros, alguns apenas estranhos e outros comoventes (como o trompetista Gabe dessa edição), que fazem parte de um universo riquíssimo. Pra quem gosta de histórias policiais, poucas HQs são mais indicadas que 100 Balas. Azzarello conseguiu entregar aos leitores um roteiro inteligente, cheio de mistérios e reviravoltas, e que subiu ao mais alto nível com a arte de Risso. Esse encadernado faz parte da coleção lançada pela Opera Graphica, e que vou encontrando aos poucos pelos sebos da vida a preços super tranquilos. Aqui, vemos Willy, o personagem central desse arco, acertando as contas com o seu passado e descobrindo coisas que não queria descobrir. Se você procura ou é fã de uma boa trama policial, 100 Balas é uma HQ perfeita.


Esta aqui é uma história de amor. À vida. À Terra. Ao universo. Ao infinito, e além. O roteirista Dan Slott utiliza elementos como o humor, a imaginação e o improvável para contar uma história carregada com doses enormes de ingredientes lúdicos. Dawn é uma menina da Terra que faz um pedido para uma estrela cadente. O Surfista Prateado é um alienígena que fica preso na Terra após desafiar seu mestre. E ele também é a estrela cadente citada ali em cima. Juntos, os dois embarcam em uma jornada pelo universo. Pelo desconhecido. Pelo belo. Por tudo. O texto de Slott é quase poético. A arte de Mike Allred é puramente pop. E o resultado é não menos que divino. Uma história emocionante em doses cavalares. E uma das mais belas HQs que li em anos.


Essa história apresenta um novo Loki. Sai o deus milenar, entra um deus jovem e alinhado com o público atual. E que faz piadas consigo mesmo, citando One Direction no processo. Agente de Asgard é uma saga que guarda similaridades com 007 e outras grandes referências quando falamos de espiões. Só que Loki encara questões divinas e que podem mudar o curso de tudo. Leve, divertida e dinâmica, Confie em Mim é uma história agradável de ler, que traz os Vingadores com a formação clássica do cinema (Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro) ao mesmo tempo em que conversa com outras sagas da Marvel, como a ótima fase de Jason Aaron à frente do Thor. Ah, e quem diria: o Thor surge vestindo uma camiseta de sua banda preferida. Um doce pra quem adivinhar qual é.


Ainda que inegavelmente confusa em alguns trechos, essa fase dos X-Men escrita por Brian Michael Bendis é bastante divertida e parte de uma premissa interessante: trazer os X-Men do passado para evitar e corrigir os erros dos X-Men do presente. O problema é que o roteirista meio que se perde de vez em quando, dando nós na trama e que embaralham o entendimento do que ele está pretendendo fazer. A diversão ainda sobrevive pelo talento de Bendis em construir diálogos e situações que falam diretamente com o coração do leitor, fazendo com que o saldo final acabe sendo positivo. Os grandes destaques são o embate de Emma Frost com a jovem Jean Grey, o inusitado romance entre o adolescente Anjo e X-23 (contado com rara sensibilidade e com arte incrível de Sara Picelli) e o gancho final, onde todos ficam sabendo da existência de um testamento deixado pelo falecido Professor Xavier.


Se em Novíssimos X-Men Bendis soltou a mão e se perdeu no roteiro, em Fabulosos X-Men a história é outra. Com o Ciclope "sangue nos olhos" à frente da equipe, o roteirista entrega uma trama repleta de ação e com ritmo alucinante. Neste volume, os mutantes enfrentam a Shield em um confronto grandioso, ilustrado de maneira sublime por Chris Bachallo. Tem quem não goste de sua arte - eu acho ótima. E a parte final, onde inicia a saga da revelação do testamento de Charles Xavier, é ao mesmo tempo emocionante e surpreendente, com revelações inéditas e um gancho que faz com que os X-Men, divididos por pontos de vista distintos e diferenças de opinião aparentemente irreconciliáveis, tenham que trabalhar juntos. Aqui é preciso citar também a arte de Kris Anka, linda e com um traço limpo que dá uma carga dramática ainda mais forte para a história. Sinceramente, essa edição é ótima e adorei a leitura!


Tem gente que não gosta dessa fase dos X-Men. Eu acho boa pra caramba. Aqui, a turma precisa lidar com as revelações do testamento de Charles Xavier, que incluem um mutante nível ômega, com o maior nível de poder que eles já enfrentaram. Essa situação faz Bendis conduzir a história como uma espécie de homenagem ao Professor X e aos seus X-Men. Tendo Ciclope como personagem principal, o roteirista constrói um roteiro que coloca Scott Summers mais uma vez numa situação limite. E quem poderia resgatá-lo do caos a não ser o homem que praticamente o criou, foi sua figura paterna e morreu pelas suas mãos? A relação entre Xavier e Summers é muito bem explorada, e traz momentos arrepiantes durante a leitura. Pode ser que eu ache isso tudo porque li os mutantes a vida toda e eles são os meus personagens favoritos da Marvel. Mas que isso aqui é legal pra caramba, isso é!


Nesta história, os X-Men originais, já deslocados de seu próprio tempo, agora também são jogados em outro universo. E este local é o Universo Ultimate, criado pela Marvel em 2000 para renovar seus personagens. A presença mais ilustre nessa trama é a de Miles Morales, o mesmo menino que está no cinema protagonizando o excelente Homem-Aranha no Aranhaverso. O roteiro é repleto de ação e diálogos bem legais, principalmente os que acontecem entre diferentes versões do mesmo personagem. Resumindo: uma história divertida e super leve, indicada para leitores de todas as idades.


A reinterpretação do Aquaman concebida por Geoff Johns e Ivan Reis nos Novos 52 é uma grande história de ação com ritmo constante, diálogos bem humorados e arte estupenda. Neste primeiro volume, somos apresentados a um personagem diferente do que estávamos acostumados. Arthur encara a piada que se transformou enquanto luta contra estranhos invasores das profundezas. Enquanto conta a história, Johns reapresenta o Aquaman ao leitor destruindo conceitos equivocados ("não, eu não falo com peixes") e constrói um personagem que é a antítese da imagem que o imaginário popular concebeu ao longo dos anos. A presença de Mera torna tudo ainda mais forte, uma mulher decidida e focada, que encara uma situação de assédio como deve ser encarada (não respeitou, não sabe o que é não, sinta as consequências na pele) e faz de Arthur um indivíduo mais completo. Excelente, e provavelmente a interpretação definitiva do Rei dos Mares.


O segundo volume do Aquaman de Geoff Johns e Ivan Reis segue o ritmo alucinante apresentado no primeiro, enquanto mergulha no passado do herói para apresentar novos personagens. Tratam-se de Os Outros mencionados no título, um grupo de seres poderosos com os quais Arthur dividiu uma longa caçada ao seu grande rival, Arraia Negra. Repleta de lutas, correrias e revelações, essa HQ mostra um Aquaman mais sombrio, que esconde os erros que cometeu enquanto tenta vingar a morte do seu pai. Mera segue sendo uma personagem fortíssima, uma espécie de bússola moral e espelho no qual Arthur deve se mirar para efetivamente se tornar o que realmente é. E o final ainda conta com uma linda passagem com o Prisioneiro, um dos integrantes dos Outros, que finalmente encontra a sua razão de ser neste mundo. Muito bom, vale a leitura!


Caído Entre os Mortos guarda certas similaridades com Vingadores: A Queda, no sentido em que coloca o Homem-Aranha em uma espiral crescente de acontecimentos trágicos e que parecem não ter fim. Escrita por Mark Millar, a história possui uma estrutura que foca cada uma das edições em um vilão diferente, resultando em combates constantes e que vão debilitando o herói. Como se tudo isso não bastasse, Peter Parker precisa lidar com o desaparecimento da Tia May enquanto tenta permanecer vivo. Uma boa leitura pra quem curte histórias com ação infinita, bem na linha do que Millar se especializou em sua carreira.

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