Discoteca Básica Bizz #162: Carole King - Tapestry (1971)


Em um ano - 1971 - em que os Rolling Stones lançaram Sticky Fingers e o Led Zeppelin botou na rua o IV, quem dominou a parada norte-americana foi Carole King. Inteiramente composto e interpretado por King, Tapestry foi o campeão absoluto em vendas e execuções nas rádios naquele ano, tornando-se o disco mais vendido da história até então, superando inclusive os Beatles, que haviam implodido no ano anterior.

Dentre as faixas mais famosas destaca-se "You've Got a Friend". O perfeito hino à amizade que, dizia-se, teria sido inspirado em James Taylor, grande amigo e incentivador da carreira de Carole King. Anos mais tarde, ela explicou que não pensava em James quando se sentou ao piano para compor. Ela jura que a canção "veio de algum lugar, como acontecia frequentemente". Místico, não?

Desde os 18 anos Carole King escrevia músicas para outros artistas cantarem, no esquema que ficou conhecido como o grupo de Brill Building. Essa turma, baseada em Nova York, tinha entre seus compositores gente como Burt Bacharach e Paul Simon. Nascida no Brooklyn, em Nova York, Carole casou-se cedo com Gerry Goffin, ex-colega de colégio que se tornou seu parceiro. Juntos tiveram várias canções no topo das paradas. Vozes como a de Aretha Franklin e grupos como The Byrds, The Drifters e The Animals imortalizaram o trabalho da dupla.


No fim dos anos 1960, a vida de Carole deu uma guinada. Separada de Goffin, recém casada com o baixista Charles Larkey, ela estava pronta para se arriscar a fazer um disco solo no qual interpretasse composições próprias. Em 1970 lançou Writer, que não foi bem na parada de sucessos. Em 1971 estourou com Tapestry.

O estilo de King em Tapestry é poeticamente refinado e musicalmente simples, com refrãos que grudam como chiclete. As letras falam de amor, amizade e uma vida mais tranquila. Além de "You've Got a Friend", o disco possui outros clássicos como "So Far Away", "It's Too Late", "Will You Love Tomorrow?" e "You Make Me Feel Like a Natural Woman".

A sensibilidade e a inteligência implícitas em cada música fazem de Tapestry um disco fácil de se ouvir, o que talvez explique parte do seu estrondoso - e incontestável - sucesso.

Numa época em que o conflito de gerações fervia, Carole King conseguiu falar tanto aos jovens que buscavam expressar seus sentimentos quanto aos mais velhos, que valorizavam a excelência musical e poética.

Texto escrito por Felipe Zobaran e publicado na Bizz #162, de janeiro de 1999

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