Review: Megadeth – The World Needs a Hero (2001)



The World Needs a Hero é um dos discos mais marcantes da carreira do Megadeth, mas muito disso vem do simbolismo que ele possui e dos fatos que o cercaram. Nono álbum da banda norte-americana, é o único trabalho da formação Dave Mustaine, Al Pitrelli (que vinha de passagens por Alice Cooper, Savatage e pela Trans Siberian Orchestra), David Ellefson e Jimmy DeGrasso (o baterista estreou no anterior, Risk). Além disso, foi o último registro com Ellefson, que só retornaria ao grupo quase uma década depois, em 2010. E o mais importante: o álbum marca o final da primeira fase da carreira do Megadeth, que anunciou o encerramento de suas atividades em abril de 2002 devido a problemas no braço de Dave Mustaine. Outra curiosidade é que foi o primeiro álbum a contar com o mascote Vic Rattlehead na capa desde Rust in Peace.

O álbum foi produzido por Bill Kennedy e pelo próprio Mustaine, e é um dos dois discos que o Megadeth lançou pela Sanctuary Records – o outro é The System Has Failed (2004). Sucessor do controverso Risk (1999), que dividiu público e crítica por trazer uma sonoridade mais mansa e que almejava alcançar um público além do nicho do heavy metal, The World Needs a Hero faz o caminho contrário e retorna à estética sonora do metal na maioria de suas doze faixas, com o Megadeth pegando características de discos passados – principalmente a trindade Rust in Peace (1990), Countdown to Extinction (1992) e Youthanasia (1994) – e as revisitando de maneira consciente. Isso fica evidente em canções como “Dread and the Fugitive Mind” (praticamente uma sequência de “Sweating Bullets”) e na auto explicativa “Return to Hangar”, que leva a banda de volta à clássica “Hangar 18”.

Além disso, há elementos mais hard e uma performance instrumental primorosa e extremamente técnica, o que me agrada bastante. A abertura com a excelente “Disconnect” é um dos pontos altos, e o solo de Al Pitrelli nesta faixa é arrepiante. “Burning Bridges”, “1000 Times Goodbye” a música título são outros destaques.

O Megadeth que se ouve em The World Needs a Hero é bem diferente do período inicial da banda e também do thrash metal para arena dos discos primeira metade dos anos 1990. É uma banda mais madura, que passava por problemas que não eram conhecidos fora do seu círculo interno e que estava estreando uma nova formação. Mesmo assim, o resultado alcançado em The World Needs a Hero, ainda que distante do ápice dos momentos mais icônicos do quarteto, faz do disco um daqueles álbuns injustiçados pela época e pelo contexto em que foram lançados, mas que merecem uma nova audição onde o distanciamento proporcionado pelo tempo faz com que as suas inequívocas qualidades finalmente venham à tona.

O Megadeth precisava de um herói naquele início dos anos 2000. E Dave Mustaine agiu como um ao reformular a sua banda mais uma vez e gravar um álbum que a manteve viva em um dos períodos mais difíceis de sua carreira.

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