Review: The Tarantino Experience (2014)



Os filmes do diretor norte-americano Quentin Tarantino são verdadeiras viagens pela cultura pop, e alguns deles se transformaram em fenômenos dessa mesma cultura pop, como são os casos de Pulp Fiction (1994), os dois volumes de Kill Bill (que estrearam em 2003 e 2004, respectivamente) e a obra-prima Bastardos Inglórios (2009). Todos trazem, além de cenas antológicas, a música como elemento de destaque na narrativa. Uma faixa não está em filme de Tarantino apenas como trilha sonora. Em muitos momentos ela tem um papel tão importante quanto o texto e a cena. Exemplos disso não faltam: “Little Green Bag” em Cães de Aluguel (1992), “You Never Can Tell” em Pulp Fiction e “Bang Bang (My Baby Shot Me Down)” em Kill Bill.

Tarantino foi fundamental para dar outro status às trilhas sonoras, transformando-as em elementos tão icônicos como o próprio filme. A soundtrack de Pulp Fiction é o exemplo mais perfeito disso.

Pois bem. A maioria dessas canções está em The Tarantino Experience, box com 6 CDs lançado em 2013 pela gravadora argentina Music Brokers. A caixa saiu aqui no Brasil em 2014 pelo mesmo selo e traz 72 faixas vindas dos sete primeiros filmes do diretor: Cães de Aluguel, Pulp Fiction, Kill Bill Vol. 1 e 2, Bastardos Inglórios (2009) e Django Livre (2012). Eles são separados em três digipacks duplos e acondicionados em uma caixa que protege o trio.


Essas mais de setenta canções proporcionam uma deliciosa viagem pela história da música pop, incluindo (poucos) grandes hits e privilegiando jóias esquecidas de décadas atrás, em um verdadeiro trabalho de pesquisa que mostra que Tarantino não é só um grande fã de cinema, mas também dos bons sons. Há desde faixas que foram redescobertas após entraram em um de seus filmes, como “Misirlou” de Dick Dale, até outras que se transformaram em grandes sucessos graças a associação com a sua obra, como é o caso de “Girl, You’ll Be a Woman Soon” do Urge Overkill. E, no meio disso tudo, há espaço ainda para músicas como a antológica versão do Cowboy Junkies para “Sweet Jane”, do Velvet Underground, que faz parte da trilha de Assassinos por Natureza (1994), filme de Oliver Stone cujo roteiro foi desenvolvido a partir de uma história escrita por Tarantino.

Tenho impressão de que este box não está mais em catálogo, mas tive a sorte de encontrá-lo em uma promoção recente realizada pela Saraiva. Há anos via essa caixinha na prateleira, mas o preço sempre me assustava. Para minha surpresa agora em junho a encontrei por vinte e poucos reais, lacrada e na própria livraria, que passa por um processo de recuperação fiscal.

Quentin Tarantino é um gênio do cinema. E The Tarantino Experience prova que o diretor é também um enorme conhecedor de música.

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