As 20 melhores HQs da 2019 na opinião da Collectors Room



Mais um ano chega ao fim, e 2019 foi repleto de muita leitura. Abaixo você conhecerá as 20 melhores HQs que li esse ano. Se alguma ficou de fora não foi porque “faltou”, mas sim porque não me agradou a ponto de entrar na lista. E procurei priorizar títulos que foram publicados pela primeira vez no Brasil durante os últimos doze meses, com uma ou outra exceção.

Menções mais que honrosas para os dez títulos abaixo, todos excelentes e lidos durante 2019, mas publicados em anos anteriores:

Deslocamento – Diário de uma Viagem, de Lucy Knisley (Nemo)
Duas Vidas, de Fabien Toulmé (Nemo)
Fun Home – Uma Tragicomédia em Família, de Alison Bechdel (Todavia)
Ghost World, de Daniel Clowes (Nemo)
Justin, de Gauthier (Nemo)
Nada a Perder, de Jeff Lemire (Nemo)
Open Bar – Edição Definitiva, de Eduardo Medeiros (Panini)
Placas Tectônicas, de Margaux Motin (Nemo)
Superman: Alienígena Americano, de Max Landis (Panini)
Você é Minha Mãe?, de Alison Bechdel (Quadrinhos na Cia)

Essas foram as 20 melhores de 2019 na opinião da Collectors Room:


20 Batman Cavaleiro Branco, de Sean Murphy e Matt Hollingsworth (DC Comics/Panini)

Essa série começou a sua publicação em 2018 e chegou ao final em 2019. Aqui, Sean Murphy conta uma história onde o Batman surta e o Coringa assume uma nova personalidade, deixando de lado a loucura e transformando-se em um dos políticos mais populares de Gotham. O roteiro é muito bem escrito, a arte é absolutamente incrível e o conjunto desses fatores traz originalidade para o mundo do Batman, mostrando a sua história sobre um ponto de vista diferente.


19 Lady Killer Vol. 1, de Joëlle Jones e Jamie S. Rich (Dark Horse/Darkside Books)

Uma dona de casa nos Estados Unidos da década de 1950, que esconde uma vida dupla como assassina serial. Essa é a trama da HQ de Joëlle Jones. Com forte influência de pop art tanto nas ilustrações como nas cores, o roteiro é ágil e prende o leitor do início ao fim. E, como bônus, ainda vem com um contundente posicionamento sobre o papel da mulher na sociedade. O volume dois acabou de ser anunciado pela Darkside Books e encerra a trama. Se você quer diversão com doses de sangue, vai adorar!


18 Francis, de Loputyn (Shockdom/Darkside Books)

A arte da italiana Loputyn é linda, com um traço sensível, colorização em aquarela e uma sexualidade onipresente.  Na história, uma jovem bruxa se rebela contra as normas que lhe são impostas e decide seguir o seu próprio caminho. Bem fora da curva do que encontramos no mercado de quadrinhos brasileiro, e por isso mesmo tão interessante. Vale conferir!


17 Ritual Romano - Exorcismo, de El Torres, Jaime Martínez e Sandra Molina (Amigo Comics/Darkside Books)

El Torres apresenta aqui um dos maiores medos da Igreja Católica: e se a maior autoridade do cristianismo fosse possuída por um demônio? Utilizando figuras reais como o Papa Bento XVI, o roteirista espanhol bebe em clássicos como O Exorcista para construir sua narrativa, enquanto a arte de Martínez e Molina não economiza em momentos de explosão visual dignas dos melhores filmes de terror da história. Leia!


16 Floresta dos Medos, de Emily Carroll (Margareth K. McElderry Books/Darkside Books)

Emily Carroll apresenta diversos contos de terror em uma HQ que une o formato dos quadrinhos com o dos livros ilustrados para crianças. Os roteiros são assustadores e mexem com o inconsciente do leitor, que não consegue se desgrudar do livro até a sua conclusão. Experimente!


15 Batman, de Tom King (DC Comics/Panini)

Tom King segue a sua saga no principal personagem da DC Comics (sim, o principal, basta pesquisar sobre as vendas dos títulos do Batman para perceber isso) contando uma espécie de novela repleta de romance, traições e muita ação. Ainda que algumas edições não sejam tão brilhantes, esse run já entrou para a mitologia do Batman ao inserir doses até então inéditas de humanidade e sensibilidade ao alter ego de Bruce Wayne. Um clássico moderno!


14 The Umbrella Academy: Hotel Oblivion, de Gerard Way e Gabriel Bá (Dark Horse/Devir)

A HQ de Gerard Way e Gabriel Bá foi adaptada pela Netflix em 2019, gerando uma das melhores séries do ano. Nos quadrinhos a história é outra, mais profunda e com um ritmo bem mais corrido. A arte de Bá é pura poesia em quadros que beiram o surrealismo, enquanto a violência segue sendo o fio condutor do roteiro. Bom demais!


13 Black Hammer – A Era da Destruição Parte 1, de Jeff Lemire e Deam Ormston (Dark Horse/Intrínseca)

Jeff Lemire aprofunda o seu conto sobre super-heróis nesse terceiro volume de Black Hammer, que explica um pouco mais a trama. A arte de Deam Ormston segue com grande destaque, com um estilo único e apaixonante. A força de Black Hammer está na construção de personagens complexos e contraditórios, onde a humanidade e todas as suas qualidades e defeitos fazem parte da personalidade de super-heróis muito poderosos. A única crítica é a demora da editora Intrínseca em lançar os novos volumes aqui no Brasil.


12 A Morte de Thor, de Jason Aaron e Russell Dauterman (Marvel/Panini)

É comum dizer que as histórias de super-heróis da Marvel e da DC passem décadas apenas dando voltas ao redor do próprio rabo, apresentando e reapresentando abordagens repetitivas e que não levam a lugar nenhum. Por isso mesmo é preciso saudar o trabalho de Jason Aaron no Thor. Seja no personagem Odison e sua trajetória até recuperar a dignidade ou na emocionante história de Jane Foster, que precisa escolher entre ser uma heroína ou vencer um câncer terminal. Os dois volumes de A Morte de Thor são emocionantes e um dos melhores momentos dos quadrinhos na década de 2010.


11 Aurora nas Sombras, de Fabien Vehlmann e Kerascoët (Drawn & Quarterly/Darkside Books)

Personagens bonitinhos e fofinhos que são tão doentios e sanguinários quanto os mais terríveis serial killers. É isso que você verá em Aurora nas Sombras. A arte do casal Kerascoët é digna de histórias infantis em um primeiro momento, mas logo revela quadros aterradores que ficam ainda mais fortes devido ao contraste entre  o traço e a ação. O roteiro de Vehlmann é denso e chocante. E o resultado é uma HQ sensacional e para estômagos fortes.


10 30 Dias de Noite – Edição Comemorativa, de Steve Niles e Ben Templesmith (IDW/Darkside Books)

Clássico dos quadrinhos dos anos 2000, 30 Dias de Noite foi relançado em uma edição de luxo belíssima pela Darkside. Acabamento gráfico irrepreensível para uma das mais marcantes releituras do mito do vampiro que a nona arte já viu. Ritmo forte, ação desenfreada e arte suja e rabiscada de Templesmith criam um universo próprio e aterrorizante. Essa é obrigatória na estante!


9 Gideon Falls, de Jeff Lemire e Andrea Sorrentino (Image Comics/Mino)

Lemire sendo Lemire na enésima potência. Cidade do interior, conflitos familiares, um celeiro tendo papel fundamental e um roteiro que revela pistas em doses minúsculas. A arte de Andrea Sorrentino é um destaque à parte e está de cair o queixo, com páginas que transbordam criatividade e experimentação. Demais!


8 Intrusos, de Adrian Tomine (Faber and Faber/Nemo)

Meu primeiro contato com a obra de Adrian Tomine não poderia ser melhor. Essa é a primeira HQ do norte-americano a sair no Brasil e traz uma série de histórias tendo personagens femininas em destaque. Os homens aqui têm todos papel negativo e interferem de maneira tóxica nas vidas das protagonistas. E tudo é feito de maneira inteligente e com uma dose de sarcasmo genial. Leia, amiguinho!


7 Paper Girls, de Brian K. Vaughan e Cliff Chiang (Image Comics/Devir)

Stranger Things encontra E.T. – O Extraterrestre nessa série escrita pelo ótimo Brian K. Vaughan. A história mostra um grupo de garotas entrando na adolescência e encarando viagens temporais e universos desconhecidos enquanto lidam com as questões da puberdade e outros aspectos do universo feminino. O clássico Conta Comigo também foi uma inspiração. A arte de Chiang é bela e traz diversas referências à cultura pop. Uma das melhores HQs em publicação no Brasil.


6 Duplo Eu, de Navie e Audrey Lainé (Delcourt/Nemo)

A obesidade mórbida tratada em uma HQ. A autora, a francesa Navie, relata a sua luta diária contra o sobrepeso em um quadrinho tocante e emocionante. A forma como o excesso de peso é mostrado graficamente é de uma genialidade desconcertante. Mais um título fora do convencional lançado pela editora Nemo, e que mostra que as histórias em quadrinhos abordam também questões reais e do mundo adulto.


5 Tina – Respeito, de Fefê Torquato (Graphic MSP, Panini)

Após publicar uma HQ sobre o racismo inserido no nosso cotidiando – a ótima Jeremias: Pele -, agora a Graphic MSP trouxe o assédio para a discussão. Em um país onde o machismo está profundamente inserido na sociedade como é o caso do Brasil, o momento é mais do que oportuno. A própria reação negativa de um grupo de leitores à mudança no traço da Tina, que deixou de lado o desenho mais curvilíneo do passado em favor de uma representação muito menos sexualizada, já mostra o tamanho da importância dessa HQ. Golaço da Mauricio de Sousa!


4 Guerras Secretas, de Jonathan Hickman (Marvel/Panini)

A conclusão da melhor saga publicada pela Marvel na última década. Após envolver os Vingadores em uma trama com choque entre mundos diferentes, Hickman reformulou o universo da editora norte-americana ao mesmo tempo em que prestou uma emocionante homenagem aos personagens que deram luz a tudo que a Marvel representa: o Quarteto Fantástico. Só de escrever essas palavras já me arrepio. Sinta essa sensação você também!


3 The Black Monday Murders: Dinheiro, Poder e Magia – Vol. 1, de Jonathan Hickman e Tomm Coker (Image Comics/Devir)

O sistema financeiro mundial, famílias superpoderosas e pactos com o sobrenatural: esse é o contexto de The Black Monday Murders. O roteiro de Jonathan Hickman une páginas de quadrinhos com outras de puro texto, além da sua já tradicional iconografia. E a arte de Tomm Coker é de um realismo perturbador. Inteligente, original e surpreendente!


2 Senhor Milagre, de Tom King e Mitch Gerards (DC Comics/Panini)

A primeira página de Senhor Milagre mostra o personagem principal tentando cometer suicídio - e ele não obtém sucesso por pouco. Só isso já vale a leitura. Tom King retrata um Senhor Milagre que sofre de depressão e precisa lutar contra isso todos os dias, sendo que o universo e o seu casamento dependem das decisões que ele tomará a seguir. Absolutamente brilhante, e com uma arte que coloca Mitch Gerards desde já entre os grandes nomes dos quadrinhos atuais.


1 Saga, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples (Image Comics/Devir)

Saga é um novelão que une Romeu & Julieta, Star Wars e Game of Thrones. Sim, e essa mistura é demais! Chegando ao seu nono encadernado, a série de Brian K. Vaughan e Fiona Staples não encontra paralelo no mercado editorial e segue surpreendendo. Muito bem escrita, extremamente bem desenhada, tudo muito bem feito em uma série que já possui o status de uma das melhores HQs de todos os tempos. Altamente recomendável!

Comentários

  1. E os eternos saudosistas que decretaram a morte da cultura pop nos anos 80 insistem em dizer que Marvel e DC não publicam nada mais de relevante. Tá aí essa lista para provar ao contrário.

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