Review: Sons of Apollo – Live with The Plovdiv Psychotic Symphony (2019)



Quando Mike Portnoy saiu do Dream Theater em setembro de 2010, o sentimento foi de surpresa e de perda, afinal o baterista, que sempre liderou a banda norte-americana, deixava o grupo onde era figura central e não se sabia quais caminhos ele seguiria. Quase uma década depois, a percepção é totalmente outra. Desde então Mike se envolveu em diversos projetos, gravando álbuns com suas novas bandas Adrenaline Mob, Flying Colors, The Winery Dogs, Sons of Apollo e Metal Allegiance. E o mais legal de tudo: cada uma delas trouxe Portnoy explorando aspectos diferentes de sua musicalidade.

O Sons of Apollo é a que mais se aproxima do universo que o baterista construiu nas suas mais de duas décadas no Dream Theater. O supergrupo formado ao lado de Jeff Scott Soto, Ron Thal, Derek Sherinian e Billy Sheehan executa um prog metal bastante pesado mas com refrãos sempre acessíveis, herança do DNA hard rock tanto de Soto quanto de Sheehan. As melodias bebem na música mediterrânea e oriental, o que dá um clima meio místico para o som do quinteto. E tudo isso é amplificado pela exuberância técnica de todos os músicos envolvidos.

Live with The Plovdiv Psychotic Symphony é um box com 3 CDs e 1 DVD, gravado ao vivo no anfiteatro de Plovdiv, segunda cidade mais populosa da Bulgária e construído pelo Império Romano no ano 90 antes de Cristo. Uma das mais preservadas obras do período, o local abriga shows e serve de cenário para o Sons of Apollo apresentar o seu trabalho para o público búlgaro.

Os 3 CDs trazem quase três horas de música, em um concerto que é dividido em duas partes. Na primeira o quinteto toca as canções do seu ótimo disco de estréia, lançado em 2017. No palco percebe-se a força de músicas como “God of the Sun”, “Divine Addiction”, “Opus Maximus” e a linda “Alive”. Como presente para os fãs das antigas, uma pesadíssima versão para “Just Let Me Breathe”, gravada pelo Dream Theater em Falling Into Infinity (1997). O setlist conta com brincadeiras, como a execução do tema do programa That Metal Show, além de solos individuais dos músicos (algo esperado pelos fãs, diga-se de passagem). Nesse particular merece destaque o momento de Soto, que acompanhado apenas de Thal encanta o público com uma versão bem própria e intimista de “Save Me”, do Queen.

Na segunda parte a banda recebe a companhia de uma orquestra, e juntos tocam clássicos de ícones como Led Zeppelin (“Kashmir”), Rainbow (“Gates of Babylon”), Aerosmith (“Dream On”), Ozzy Osbourne (“Diary of a Madman”), Pink Floyd (“Comfortably Numb”), novamente Queen (“The Show Must Go On”) e Van Halen (“And the Cradle Will Rock”). O Dream Theater é mais uma vez revisitado em "Hell's Kitchen" e “Lines in the Sand”, outras músicas vindas do injustiçado Falling Into Infinity, último disco do Dream Theater a contar com Sherinian. O show tem o seu encerramento com “Coming Home”, uma das melhores composições da banda.

Todos os integrantes se destacam no Sons of Apollo, mas gostaria de falar de dois em particular. O primeiro é Ron Thal. Com longa passagem pelo Guns N’ Roses na fase pós-Slash, o guitarrista apresenta uma abordagem totalmente diferente aqui. Extremamente técnico e seguro, impressiona quem só conhece o seu trabalho ao lado de Axl e incorpora o papel de guitar hero com todos os artifícios que tem direito. Sua performance é épica! E o segundo é Mike Portnoy, que além de tocar a sua bateria com a classe de sempre, participa ativamente dos backing vocals e assume o vocal principal na belíssima releitura de “Comfortably Numb”.

O DVD traz uma versão menor do show presente nos CDs, com menos faixas, e nele é possível perceber não apenas o lindo local onde o show se realizou, mas, principalmente, a química e o ótimo clima entre os músicos. E ainda tem um clone do ator Jason Momoa na plateia, preste atenção.

A edição lançada no Brasil pela Hellion Records vem em um bonito box com embalagem slipcase, com os quatro discos acondicionados em um digipack desdobrável. Só senti falta de um encarte com mais informações sobre o show, porém não sei se a edição gringa possui isso ou não.

Se você está atrás de uma banda nova excelente, está aqui o Sons of Apollo para ganhar o seu coração. Se o seu negócio for o rock clássico do passado, também está aqui o Sons of Apollo com um arrepiante tributo a algumas das maiores bandas da história. Em ambos os casos, um item sensacional e indispensável na coleção de fãs dos músicos envolvidos.

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