Review: Sons of Apollo – MMXX (2020)



Entre todos os projetos em que o Mike Portnoy está envolvido, um dos que mais chama a atenção é o Sons of Apollo. A razão é óbvia: a banda é um supergrupo formado por caras acima de qualquer suspeita. Fazem parte do quinteto o vocalista Jeff Scott Soto (Talisman, Journey, Trans-Siberian Orchestra), o guitarrista Ron “Bumblefoot” Thal (Guns N’ Roses), o tecladista Derek Sherinian (Dream Theater, Black Country Communion) e o baixista Billy Sheehan (Mr. Big, The Winery Dogs, David Lee Roth), além do próprio Portnoy.

MMXX é o sucessor de Psychotic Symphony, estreia lançada em 2017. A banda ainda conta com o box ao vivo Live with the Plovdiv Psychotic Symphony (2019) em sua discografia. Produzido por Portnoy e Sherinian, MMXX segue o caminho do debut e traz uma sonoridade pesada e densa, que une a complexidade instrumental característica do prog metal com a acessibilidade do hard rock, a mesma receita utilizada no ótimo disco de 2017. Isso se dá através de diversos momentos onde nenhum dos músicos se furta de mostrar os seus poderes, todos com performances individuais que primam pela técnica, precisão e virtuosismo. E, do outro lado da moeda, o que dá a liga e faz a diferença no Sons of Apollo é um trabalho de composição primoroso e o uso irrestrito de linhas vocais cativantes e refrãos sempre fortes, que somados às passagens instrumentais atraentes, criam uma sonoridade muito efetiva e que conquista sem maiores dificuldades o ouvinte.

O segundo álbum do quinteto mostra a evolução da química entre os músicos, afinada através de uma turnê e pela convivência constante. Isso se traduz em uma efetividade ainda maior nas oito músicas do álbum, com Ron Thal e Derek Sherinian assumindo o protagonismo em diversos momentos. A guitarra trabalha junto com o teclado nas melodias, nas harmonias, nos climas, e é amparada pela avalanche percussiva de Portnoy – ainda que o baterista mostre um trabalho não tão cheio de detalhes como nos tempos do Dream Theater – e pela precisão milimétrica de Billy Sheehan. Jeff Scott Soto, com seu timbre grave e agradável, é a cereja do bolo do Sons of Apollo, e mais uma vez entrega uma performance irrepreensível e que atesta o imenso talento que sempre possuiu.

As músicas são muito fortes e o disco apresenta diversos destaques. “Goodbye Divinity” é uma abertura com cara de futuro clássico, enquanto “Wither to Black” nasceu de um riff de Bumblefoot batizado inicialmente como “Rushgarden”, devido à união de elementos do Rush e do Soundgarden. Outra curiosidade é que “Asphyxiation” era chamada de “NIM – Nine Inch Meshuggah” entre os músicos devido à influência de Nine Inch Nails e Meshuggah. E “Desolate July” é uma balada muito bonita e que é dedicada a David Z. e Jane Train, respectivamente baixista e manager do Adrenaline Mob, que perderam a vida no trágico acidente sofrido pela banda em 2017. Vale mencionar que Portnoy fez parte da banda entre 2011 e 2013 e gravou o disco de estreia da banda, Omertá (2012), e os EPs Adrenaline Mob (2011) e Covertá (2013).

Outros destaques vão para “King of Delusion”, onde Derek Sherinian brilha de maneira intensa, e para a longa suíte “New World Today”, que bebe na sonoridade do progressivo clássico nos seus quase dezesseis minutos de duração.

MMXX é mais um grande álbum do Sons of Apollo e apresenta uma evolução em relação ao primeiro disco. A banda está ainda mais unida e isso se refletiu em uma sonoridade que consegue ser ainda mais forte e admirável do que o já ótimo Psychotic Symphony. A torcida é para que o grupo mantenha a força nos próximos anos e siga nos entregando outros excelentes trabalhos.

Lançamento nacional via Hellion Records.

Comentários

  1. Uma observação...

    "Produzido por Portnoy e Sherinian ao lado dos The Del Fuvio Brothers"

    The Del Fuvio Brothers são os próprios Portnoy e Sherinian. É um pseudônimo que os dois usam para assinar a produção.

    https://www.facebook.com/116713035013014/posts/the-del-fuvio-brothers-have-arrived-in-europe-we-will-be-here-all-week-doing-a-s/1884283101589323/

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  2. Putz, ainda não tive coragem e ouvir. O primeiro disco foi uma gigantesca decepção pra mim. Sou um grande fã de Dream Theater e gosto de vários dos projetos do Portnoy após sua saída da banda, mas detestei o debut do SoA.

    Pra mim aquele disco é um pastiche do prog metal, e isso fica claro na instrumental Opus Maximus, um cliché genérico do estilo. Lembro que as que mais me agradaram foram as músicas mais hard rock e com influência de Deep Purple (não lembro mais os títulos).

    Sinceramente, não sei se com esse background eu tenho alguma chance de gostar do novo disco e ainda não tive coragem de pagar pra ver hehe. Estou mais ansioso pelo novo disco do Transatlantic, que Portnoy e companhia estão gravando (ou já gravaram, não sei ao certo)

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  3. Adorei os dois discos....mas o primeiro me impressionou mais, acho que pela semelhança do Dream dos anos 90, mas pra mim, hj esses dois álbuns estão melhores que o que o Dream está entregando.

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  4. Álbum excelente! o primeiro também não me agradou muito! mas darei mais uma chance para ver!

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