Review: Hällas – Conundrum (2020)



Muito se fala da cena rock sueca, pródiga em revelar novas e excelentes bandas ao mundo há pelo menos uma década. “Tem algo na água deles”, dizem por aí, como se uma força mágica e sobrenatural operasse por lá. Na verdade, não tem nada de mágico. A ascensão e reconhecimento das bandas suecas passa, logicamente, pelo talento dos músicos, mas também pelo apoio do Estado à cultura, como contamos nesse texto. Bem diferente do nosso país, pra dizer o mínimo.

Mas vamos ao que interessa. O Hällas é mais uma revelação vinda do país escandinavo, mais um fruto da “água da Suécia”. Formada em 2011, a banda lançou a sua estreia em 2017 (Excerpts From a Future Past, inédito no Brasil mas disponível nos streamings) e retornou em 2020 com o segundo álbum, Conundrum, que ganhou edição nacional pela Hellion Records.

A música do quinteto formado por Tommy Alexandersson (vocal e baixo), Marcus Petersson (guitarra), Alexander Moraitis (guitarra), Nicklas Malmqvist (órgão e sintetizadores) e Kasper Eriksson (bateria) é extremamente melódica e hipnótica. É como se o Yes fosse uma banda da NWOBHM. Ou, usando uma referência mais contemporânea, há uma certa aproximação com o universo do The Night Flight Orchestra, porém com composições muito mais atmosféricas. Os vocais limpos e cristalinos, aliados aos arranjos e harmonias de guitarras, mostram influência também do Wishbone Ash, porém sem o acento celta dos ingleses.

Conundrum traz oito faixas, e elas sempre estão no limite entre o prog rock e o metal clássico inglês. O peso é moderado, porém a melodia, as harmonias, as linhas vocais e tudo mais são onipresentes. São canções são bem construídas, cheias de passagens criativas e trechos instrumentais cativantes. O disco parece levar o ouvinte para uma dimensão paralela, conduzido pelos timbres e andamentos entregues pela banda.

Particularmente, destaco a abertura com “Beyond Night and Day” (bem na escola do The Night Flight Orchestra), a lindamente viajante “Strider”, a grudenta “Carry On” e o prog espacial que fecha o disco, “Fading Hero”.

O Hällas entrega em Conundrum um trabalho extremamente original e cheio de qualidades para conquistar novos admiradores. Um álbum forte, consistente e que merece todos os elogios possíveis.

Ouça e embarque nessa jornada comigo!

Comentários

  1. Melhor album que ouvi esse ano por enquanto. É realmente muito bom.

    ResponderExcluir
  2. Ótima resenha. Descreve com perfeição a sensação do ouvinte ao viajar por essa experiência sonora de primeira linha. Melhor do ano, junto ao Pineapple Thief.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.