Anthrax em Attack of the Killer B’s (1991): uma celebração da irreverência e da criatividade do thrash metal
Attack of the Killer B’s (1991) é uma compilação única que encapsula o lado mais experimental, humorístico e livre do Anthrax, uma das bandas mais emblemáticas do thrash metal. Lançado em 25 de junho de 1991, o disco reúne lados B, covers, sobras de estúdio e colaborações inusitadas, funcionando como uma cápsula do tempo da banda no auge da sua fase com Joey Belladonna e como símbolo da sua atitude irreverente em meio ao cenário muitas vezes sisudo do metal.
No início dos anos 1990, o Anthrax já havia solidificado sua posição como uma das quatro grandes bandas do thrash, ao lado de Metallica, Slayer e Megadeth. Discos como Among the Living (1987) e Persistence of Time (1990) haviam mostrado seu poder criativo, equilibrando agressividade e senso de humor. Em vez de lançar um álbum convencional, o grupo optou por uma compilação que refletisse seu espírito livre e colaborativo. A decisão veio em um momento de transição, tanto no metal quanto no Anthrax — Attack of the Killer B’s foi o último registro com Belladonna nos vocais antes da entrada de John Bush.
O ponto alto da compilação — e seu maior sucesso — é a faixa “Bring the Noise”, parceria com o grupo de rap Public Enemy. A versão, que funde thrash com hip hop de maneira explosiva, foi pioneira no crossover entre os dois estilos, antecipando movimentos que só ganhariam força nos anos seguintes com bandas como Rage Against the Machine e Limp Bizkit. A música mostra o quanto o Anthrax estava disposto a quebrar barreiras e redefinir o que era “aceitável” no metal.
Outros destaques incluem “Milk (Ode to Billy)”, cover da banda S.O.D. — projeto paralelo de Scott Ian e Charlie Benante —, que traz riffs insanos e uma pegada hardcore. “Startin’ Up a Posse” é uma sátira escrachada à censura no rock, misturando country, groove metal e muito sarcasmo, a ponto de ser banida de algumas lojas por seu conteúdo explícito. Já as versões para “Parasite”, do Kiss, e “Pipeline”, clássico do The Chantays, revelam o gosto eclético do Anthrax, com homenagens ao hard rock setentista e ao surf rock dos anos 1960. Completam a coletânea versões alternativas de “Keep It in the Family”, gravada ao vivo, e de “I'm the Man ’91”, que atualizam os bem-humorados experimentos da banda com o rap.
Attack of the Killer B’s funciona como um manifesto criativo. Mostra o Anthrax como uma banda sem medo de correr riscos, que soube rir de si mesma e ainda assim soar brutal e relevante. Foi também uma vitrine para a fusão entre rap e metal, ajudando a derrubar muros estilísticos que muitos julgavam intransponíveis.
Mesmo não sendo um álbum de estúdio tradicional, a compilação se tornou cultuada pelos fãs e permanece como um documento vital da inventividade do metal no início dos anos 1990. Ao unir peso, crítica, diversão e inovação, Attack of the Killer B’s prova que o Anthrax era — e continua sendo — uma força criativa singular dentro do metal.
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