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Black Sabbath em 13 (2013): o último feitiço de uma lenda do heavy metal


Lançado em 10 de junho de 2013, 13 marcou o retorno do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais após mais de três décadas afastado do grupo — seu último álbum de estúdio com a banda havia sido Never Say Die! (1978). A volta do vocalista original, ao lado de Tony Iommi e Geezer Butler, formou um trio lendário que, mesmo com a ausência do baterista Bill Ward (substituído aqui por Brad Wilk, do Rage Against the Machine), prometia revisitar o som sombrio e pesado que definiu o metal nos anos 1970.

A reunião da formação clássica era aguardada há anos e só foi possível após uma série de impasses. Bill Ward decidiu não participar devido a desacordos contratuais, e Tony Iommi travava uma batalha contra um linfoma durante as gravações. A produção ficou a cargo de Rick Rubin, conhecido por seu trabalho com o Slayer, Metallica e Johnny Cash — um produtor que exigiu que os músicos retornassem ao espírito dos três primeiros álbuns da banda. Rubin chegou a pedir que eles ouvissem o disco de estreia e criassem como se ainda estivessem em 1969. O clima, portanto, era de despedida e resgate. E 13 abraça esse sentimento com firmeza: é um disco que olha para o passado com reverência, mas que também soa surpreendentemente atual.


"End of the Beginning" abre o álbum com mais de oito minutos de puro Black Sabbath: riffs arrastados, mudanças de andamento e uma letra reflexiva que toca em temas existenciais e tecnológicos. É um aceno direto a "Black Sabbath", a música, com sua construção lenta e climática. "God Is Dead?" foi o primeiro single, com quase nove minutos de peso e melodia. A letra questiona a presença divina em um mundo corroído pela violência e desespero, com Ozzy entregando uma performance cheia de dramaticidade. A música venceu o Grammy de Best Metal Performance em 2014. "Loner" é mais direta, com riffs simples e letra que trata da solidão, outro tema recorrente na discografia do Sabbath. Tem uma pegada mais grooveada, lembrando momentos de Master of Reality (1971). "Zeitgeist" é a faixa mais atmosférica do disco, com ares psicodélicos que remetem a "Planet Caravan". O clima é hipnótico, com Ozzy quase sussurrando sobre um fundo de percussões leves e dedilhados etéreos. "Age of Reason" e "Damaged Soul" mergulham no blues distorcido e sombrio que moldou o som da banda nos anos 1970, com espaço para longos solos de Tony Iommi e linhas de baixo carregadas de tensão de Geezer Butler. A versão deluxe incluiu mais três músicas – "Methademic", "Peace of Mind" e "Pariah" -, e atesta o quanto a reunião foi prolífica criativamente.

13 estreou no topo das paradas no Reino Unido e nos Estados Unidos — um feito inédito para o Black Sabbath em território americano. Mais do que um retorno, o disco funcionou como um fechamento de ciclo. Foi o último álbum de estúdio da banda, encerrando com dignidade uma carreira que moldou o heavy metal como o conhecemos.

Embora não seja tão revolucionário quanto os primeiros discos da década de 1970, 13 consegue capturar o espírito do Black Sabbath com maestria. Ele revisita temas como morte, escuridão e apocalipse, com um instrumental pesado e sombrio, sem soar datado. É um disco que respeita o próprio legado sem se acomodar nele — um ato final poderoso de uma das maiores bandas da história.


Comentários

  1. o melhor album de "despedida" (que foram concebidos com tal intuito) da história do rock, junto a também mágica obra prima "clockwork angels" do rush

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