Lançado em 28 de junho de 1993, Live & Loud marcou um ponto de virada simbólico na carreira de Ozzy Osbourne. Apresentado inicialmente como o registro da última turnê do Madman antes de sua aposentadoria — que, como sabemos, nunca se concretizou de fato — o disco serviu como um apanhado da trajetória solo de Ozzy até aquele momento e também como uma carta de amor aos fãs.
No começo dos anos 1990, Ozzy vivia um momento turbulento. Após o lançamento de No More Tears (1991), um de seus maiores sucessos comerciais e artísticos, ele anunciou que se aposentaria das turnês por motivos de saúde, batizando a turnê de despedida de No More Tours. O clima era de celebração e encerramento de ciclo — e Live & Loud capturou esse espírito com precisão.
O disco foi lançado em CD duplo e também em VHS e, posteriormente, em DVD. A formação da banda incluía músicos de altíssimo nível: Zakk Wylde (guitarra), Mike Inez (baixo, Alice in Chains), Randy Castillo (bateria, ex-Mötley Crüe) e Kevin Jones (teclados). Além disso, há uma participação histórica de Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward — os integrantes originais do Black Sabbath — em uma performance ao vivo de “Black Sabbath”.
O repertório de Live & Loud funciona como um greatest hits ao vivo da carreira solo de Ozzy, com faixas extraídas de vários shows da turnê. “Mr. Crowley”, com sua introdução icônica e clima sombrio, é uma das performances mais intensas do álbum. “No More Tears” mostra o domínio técnico e emocional da banda. “I Don’t Want to Change the World” ganhou o Grammy de Melhor Performance de Metal em 1994. “Shot in the Dark”, um dos maiores hits dos anos 1980 de Ozzy, foi resgatada com vigor. E “Black Sabbath” é o grande momento do disco: a reunião (breve, porém épica) da formação clássica do Sabbath para uma versão pesada e ritualística da faixa que deu origem ao gênero.
Musicalmente, Live & Loud é um testemunho da evolução sonora de Ozzy: do heavy metal sombrio dos tempos do Black Sabbath ao metal mais acessível e melódico da carreira solo, com destaque para os solos virtuosos de Zakk Wylde, que imprime sua assinatura em clássicos originalmente gravados por Randy Rhoads e Jake E. Lee. A sonoridade do disco é polida e potente, refletindo o padrão de produção dos anos 1990. Embora alguns críticos tenham apontado um excesso de overdubs em estúdio, a energia das performances é inegável.
Apesar de não ser considerado um álbum essencial por todos os fãs, Live & Loud ocupa um lugar importante na discografia de Ozzy. Ele simboliza o fim de uma era, mesmo que essa aposentadoria tenha sido apenas temporária. Foi também a primeira vez que muitos fãs viram Ozzy reunido com o Black Sabbath em décadas, um prenúncio da reunião que viria anos depois.
Além disso, Live & Loud consolidou a reputação de Ozzy como um dos maiores performers do heavy metal. Em um período em que o grunge dominava a cena, o disco reafirmou a relevância do Madman e o poder duradouro do metal clássico.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.