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Paradise Lost em Draconian Times (1995): o ápice do metal gótico melódico


Em 1995, quando o grunge ainda dominava a mídia e o heavy metal buscava novos caminhos para se reinventar, o Paradise Lost lançou um álbum que não apenas definiu sua carreira, mas também ajudou a moldar o futuro do metal europeu: Draconian Times. Este é um daqueles discos que marcaram uma época e permanecem relevantes décadas depois. Uma obra densa, melódica e sombria — que ainda hoje impressiona pela coesão e identidade sonora.

Formado no final dos anos 1980 em Halifax, Inglaterra, o Paradise Lost começou sua trajetória praticando um doom/death metal soturno. Seus primeiros álbuns (Lost Paradise de 1990, Gothic de 1991 e Shades of God de 1992) ajudaram a firmar as bases do chamado metal gótico, gênero do qual são considerados precursores. Com o tempo, a banda foi incorporando elementos melódicos e góticos, deixando os guturais e a agressividade crua de lado. Essa transição ficou clara em Icon (1993) e atingiu sua maturidade criativa em Draconian Times, lançado em junho de 1995 pela Music for Nations.

Produzido por Simon Efemey, o álbum apresenta um som cristalino, mas ainda carregado de peso emocional, com destaque para as guitarras dobradas de Gregor Mackintosh e Aaron Aedy, além da performance intensa e melancólica do vocalista Nick Holmes — que aqui abandona completamente os vocais extremos em favor de um timbre sombrio e envolvente.


Entre os destaques do álbum, vale mencionar "Enchantment", uma introdução climática que evolui para um riff marcante e abre o disco com atmosfera gótica e melodia hipnótica. "Hallowed Land" soa poderosa e melancólica, com letra crítica e um dos refrãos mais marcantes do Paradise Lost. "The Last Time", o maior hit do disco, tem estrutura acessível e ganhou até videoclipe. Já "Forever Failure" traz uma  atmosfera densa e um sample perturbador com a voz de Charles Manson — um dos momentos mais sombrios do álbum. "Once Solemn" e "Shadowkings" apresentam guitarras gêmeas afiadas, senso de urgência e melancolia combinados com precisão. O tracklist é poderosíssimo e entrega outras canções de altíssima qualidade e que se tornaram clássicas como "Yearn for Change", “Shades of God” e “I See Your Face”.

Draconian Times é considerado por muitos o ponto alto da discografia do Paradise Lost. É um álbum que ajudou a transformar o metal gótico em algo acessível, sem perder densidade ou profundidade. A influência do disco é sentida em bandas como Katatonia, Moonspell, Sentenced, Lacuna Coil e tantas outras que surgiram ou se consolidaram na Europa na segunda metade dos anos 1990. Além disso, é um álbum que dialoga com fãs de diferentes vertentes: do doom ao metal tradicional, do gótico ao alternativo. Sua riqueza melódica e lirismo sombrio conquistaram públicos diversos — e o tornaram obrigatório em qualquer coleção de CDs ou LPs dos anos 1990.

Para colecionadores, há edições especiais interessantes: o relançamento em digipack com faixas bônus, edições duplas em vinil colorido e até versões deluxe em box set, incluindo o show Draconian Times MMXI, em que o álbum é executado na íntegra ao vivo.

Se você ainda não ouviu Draconian Times com atenção, este é o momento. Se já conhece, revisite. Poucos discos do metal noventista combinam peso, melodia, sofisticação e identidade como este. Um clássico absoluto, que representa não só o auge do Paradise Lost, mas um marco para o metal europeu.


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