Quando o Stone Temple Pilots lançou seu segundo álbum, Purple, em 7 de junho de 1994, a banda enfrentava um cenário de incertezas e expectativas. Seu disco de estreia, Core (1992), havia vendido 8 milhões de cópias apenas nos Estados Unidos, impulsionado por singles como “Plush” e “Sex Type Thing”, mas também rendeu críticas duras por parte da imprensa, que os acusava de serem oportunistas no auge da explosão do grunge. Muitos os viam como meros imitadores de Pearl Jam, Alice in Chains e Nirvana.
Com Purple, a banda não apenas respondeu a essas críticas — ela as obliterou. O álbum mostrou que o STP era muito mais do que uma sombra do grunge de Seattle. Scott Weiland (vocais), Dean DeLeo (guitarra), Robert DeLeo (baixo) e Eric Kretz (bateria) criaram um disco rico, diverso e com uma identidade musical sólida.
Logo de cara, Purple soa mais maduro e confiante. A faixa de abertura, "Meatplow", tem um riff marcante e pesado, servindo como um aviso: a banda havia ampliado sua paleta sonora. O single "Vasoline" — com seu groove quase hipnótico e letras enigmáticas — ganhou alta rotação na MTV e nas rádios, consolidando a presença do grupo entre os gigantes do rock dos anos 1990. "Interstate Love Song", provavelmente a música mais icônica da carreira da banda, é um dos pontos altos do álbum. Misturando elementos de rock alternativo e country, com uma melodia irresistível e uma performance vocal memorável de Weiland, a faixa se tornou um hino da década. Sua simplicidade e eficácia mostram a capacidade da banda de criar hits que resistem ao tempo.
Outros destaques incluem "Still Remains", uma balada alternativa com forte apelo emocional. "Big Empty", introduzida originalmente na trilha do filme O Corvo (The Crow), é densa, melancólica e atmosférica. "Unglued" soa crua, intensa e energética, com aquela pegada stoner hard rock que também define parte do som do STP. Já "Pretty Penny", com uma instrumentação quase acústica e elementos orientais, mostra a ousadia da banda em explorar novas sonoridades.
Purple consolidou o STP como um dos principais nomes do rock dos anos 1990. O disco vendeu mais de seis milhões de cópias só nos Estados Unidos, recebeu elogios da crítica (que antes os desprezava) e ajudou a redefinir os contornos do rock alternativo da época. Mais importante, Purple mostrou que o Stone Temple Pilots era uma banda com voz própria. O grupo incorporava o peso do grunge, a psicodelia dos anos 1970, o groove do classic rock e uma pitada de pop acessível — tudo isso com grande talento para composição.
Apesar dos problemas pessoais que afetariam a banda nos anos seguintes, especialmente os envolvendo Scott Weiland, Purple permanece como um dos maiores álbuns da década de 1990. É um registro da criatividade em ebulição de uma banda que, mesmo em meio à tempestade do grunge, conseguiu construir algo atemporal.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.