Lançado em julho de 2012 como um ambicioso álbum duplo, Yellow & Green não apenas consolidou a identidade do Baroness, como também expandiu os limites do que o metal pode ser. Com uma sonoridade rica, versátil e emocionalmente carregada, o disco se destaca como um dos grandes marcos do metal nos anos 2010 e, para muitos fãs e críticos, é o ponto alto da discografia da banda.
Oriundos da cena sludge/stoner de Savannah, na Geórgia, os integrantes do Baroness sempre foram mais do que simples herdeiros do som encorpado do gênero. Se há ecos de Mastodon em sua trajetória — especialmente no equilíbrio entre peso e melodia, e nas estruturas épicas das canções —, Yellow & Green prova que John Baizley e companhia trilham um caminho próprio. A mistura de stoner metal, rock progressivo, psicodelia e até indie rock dá ao álbum um sabor único. É denso e melódico, pesado e etéreo, abrasivo e belo — tudo ao mesmo tempo.
O vocal de Baizley ganha aqui um novo destaque. Mais emotivo e melódico do que nunca, ele conduz faixas como “Take My Bones Away”, “March to the Sea” e “Eula” com uma entrega visceral que traduz perfeitamente o tom introspectivo e grandioso do disco. O álbum é cheio de momentos memoráveis: os riffs cativantes de “Board Up the House”, as atmosferas etéreas de “Cocainium”, a melancolia de “Back Where I Belong” e o peso emocional de “Foolsong”.
A arte da capa, como em todos os álbuns do grupo, é assinada por Baizley, que além de guitarrista e vocalista é também um artista visual renomado. Suas ilustrações detalhadas e simbólicas ampliam a experiência sensorial do disco, criando uma identidade visual marcante. Yellow & Green, como os outros trabalhos da banda (Red Album, Blue Record, Purple e Gold & Grey), segue a lógica cromática que nomeia cada disco — uma espécie de arco conceitual visual e emocional que acompanha a evolução sonora do grupo. Apenas o trabalho mais recente, Stone (2023), alterou essa tradição.
Mas o período do álbum foi também marcado por tragédia. Durante a turnê de divulgação, a banda sofreu um grave acidente de ônibus na Inglaterra, que resultou em ferimentos sérios e na saída de dois membros: o baterista Allen Blickle e o baixista Matt Maggioni. O trauma, no entanto, não impediu o Baroness de seguir em frente — pelo contrário, alimentou a resiliência que permeia sua obra desde então.
Mais de uma década após seu lançamento, Yellow & Green segue como um disco essencial. Não apenas para entender a evolução do Baroness, mas como um documento da capacidade do metal contemporâneo de dialogar com diferentes estilos sem perder sua identidade. Um álbum que desafia rótulos, emociona e prova que peso e sensibilidade podem, sim, caminhar juntos.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.