Quem diria que o baterista do Nirvana viraria uma das maiores estrelas do rock dos anos 2000? Essa pergunta soa absurda hoje, mas era legítima em meados de 1995. Após o fim trágico do Nirvana com o suicídio de Kurt Cobain em abril de 1994, a pergunta que pairava no ar era: e agora? O grunge, que moldou uma geração, havia perdido seu porta-voz. Enquanto Krist Novoselic se afastava dos holofotes, Dave Grohl — até então conhecido apenas como o cara por trás de uma das baterias mais explosivas do rock — reaparecia no centro do palco com um novo nome: Foo Fighters.
O primeiro álbum da nova banda, lançado em 4 de julho de 1995, foi um renascimento artístico e pessoal de Grohl. Gravado praticamente sozinho — ele compôs todas as músicas, tocou todos os instrumentos e cantou —, o disco homônimo do Foo Fighters é uma explosão de energia, catarse e urgência. Mais do que uma estreia, foi uma reconstrução emocional. Era como se Grohl dissesse: sim, eu estou aqui, e ainda tenho muito a dizer.
Musicalmente, o disco carrega as marcas do rock alternativo noventista, mas com uma pegada mais leve e melódica do que o peso sombrio do Nirvana. A influência de bandas como Hüsker Dü, Pixies e até do punk pop californiano é clara. Mas o que se destaca é a habilidade de Grohl em criar ganchos memoráveis e refrões grudentos, algo que logo se tornaria a assinatura do Foo Fighters.
Entre os destaques do álbum estão a abertura explosiva com “This Is a Call”, que anuncia o retorno com entusiasmo e ironia, e a melancólica “Big Me”, que mostrou um lado mais doce e pop. “I’ll Stick Around”, por sua vez, é um recado direto e cheio de raiva — muitos enxergam nela um acerto de contas com Courtney Love. E “Alone + Easy Target” soa como um grito engasgado de quem passou tempo demais nas sombras.
Apesar de ter sido gravado como um projeto quase secreto — Grohl lançou cópias em fita cassete sem muita pretensão —, o álbum foi um sucesso imediato. A resposta positiva da crítica e do público mostrou que havia espaço para Dave como frontman, e abriu caminho para a formação definitiva da banda.
O legado do primeiro álbum do Foo Fighters vai além de suas músicas. Ele é o marco de uma das maiores viradas de carreira da história do rock: de coadjuvante a protagonista, Dave Grohl provou que não era apenas o baterista do Nirvana, mas um dos artistas mais carismáticos e consistentes do rock moderno. Em um cenário ainda de luto, o Foo Fighters foi uma fagulha de renovação — e, para Grohl, uma verdadeira ressurreição criativa.
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