Nem tão técnico, nem tão comercial: por que Countdown to Extinction (1992) é o melhor disco do Megadeth
O melhor disco do Megadeth não é Rust in Peace. Por mais que isso soe como heresia entre fãs de thrash metal, Countdown to Extinction (1992) é o álbum mais universal, atemporal e equilibrado da carreira do Megadeth. Lançado em meio ao boom do metal no mainstream, o disco capturou o momento com precisão cirúrgica — sem abrir mão da identidade da banda, mas sabendo exatamente como dialogar com um público muito mais amplo.
Depois da complexidade quase hermética de Rust in Peace (1990) — um álbum brilhante, mas fortemente enraizado nas estruturas e linguagem do metal técnico —, o Megadeth optou por uma abordagem mais direta. Ao invés de afrouxar sua agressividade, a banda lapidou suas composições, apostando em riffs mais cadenciados, refrões memoráveis e letras afiadas, politizadas e viscerais. O resultado foi Countdown to Extinction, uma obra que agradou tanto aos fãs veteranos quanto a um público que, até então, talvez nunca tivesse escutado Megadeth. Comparado ao sucessor Youthanasia (1994) — que mergulha em estruturas ainda mais acessíveis e quase radiofônicas —, Countdown encontra um ponto de equilíbrio raro: nem tão técnico a ponto de alienar, nem tão comercial a ponto de diluir a essência. É o disco onde Dave Mustaine parece ter compreendido exatamente o tamanho de sua banda e onde queria chegar com ela.
Boa parte desse impacto vem da formação afiadíssima: além de Mustaine, estavam lá Marty Friedman em seu auge como guitarrista solo, David Ellefson no baixo e Nick Menza na bateria, talvez a melhor encarnação do Megadeth em estúdio. Juntos, entregaram faixas que se tornaram verdadeiros hinos do metal dos anos 1990.
“Symphony of Destruction” é talvez a música mais famosa da banda: seu riff hipnótico, a estrutura quase minimalista e o vocal cínico de Mustaine a tornaram um clássico instantâneo. “Foreclosure of a Dream” traz uma carga política poderosa, com trechos de discursos de George H. W. Bush e uma melodia sombria que antecipa a derrocada do sonho americano nos anos 1990. Já “Sweating Bullets” é uma viagem ao interior da mente de um homem em colapso psicológico, com um vocal teatral que se tornou icônico e único dentro da discografia da banda.
O impacto de Countdown to Extinction foi imenso. O álbum estreou em segundo lugar na Billboard 200, recebeu disco de platina rapidamente e consolidou o Megadeth como uma das maiores bandas de metal do planeta, não apenas em termos de técnica ou respeito dos pares, mas em popularidade genuína.
Mais de três décadas depois, Countdown to Extinction continua relevante e poderoso. É um disco que conversa com diferentes gerações, estilos e ouvintes. Enquanto Rust in Peace permanece um marco dentro do thrash e Youthanasia uma tentativa bem-sucedida de suavização, Countdown é o ponto de interseção perfeito entre brutalidade, melodia, crítica social e apelo popular. E é exatamente por isso que ele permanece como o mais universal — e, talvez, o mais importante — álbum do Megadeth.
Eh de opinioes (e consequentemente o respeito a elas) que se faz um mundo mais inteligente. Debater, respeitar o contraditorio, brindar a opinioes diferentes, dar um abraço e seguir sua vida, percebendo que opiniões diferentes fazem um mundo mais legal.
ResponderExcluirNao consigo nem de longe, colocar "Countdown" como um disco melhor que "Rust" em nenhum quesito. Seja tecnica, seja de contextualizacao politica, seja melodia, "Rust" eh superior NA MINHA OPINIAO, e "Countdown" eh meu segundo em preferencia. O que nao o diminue obviamente! O interessante da sua resenha eh q me fez revisitar o disco (estou ouvindo agorinha), q ha um tempo não re-escutava. E, a exceção da posição no ranking do Megadeth, concordo plenamente contigo. O principal motivo deles talvez até seja o momento do album. Foi a partir de 1992 que o metal definitivamente sentiu o peso da nova ordem do rock em suas costas, e os excelentes albums foram miguando. De 10, 20 albums irretocaveis por ano, fomos vendo uma crise de criatividade e de personalidade, q passaram a trazer 5, 6 , 7 grandes albums por ano. E "Countdown" eh realmente um marco, uma bandeira fincada, com um disco fantastico, q de quebra, traz um hino do metal eternizado.
Rankings de bandas, albums e musicas nada mais são que opinioes. Cada um tem o seu, e isso eh divertido demais. Meu album preferido do Maiden não eh "666", do Slayer nao eh "RiB". E segue o barco!
Parabens pela pagina, pelo canal no YouTube. Estou sempre acompanhando. Long live Rock n Roll!