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O adeus épico de Stranger Things tem a trilha perfeita: “Child in Time”, clássico do Deep Purple


O fim de Stranger Things se anuncia como um adeus grandioso, tenso e carregado de emoção. E poucas músicas traduzem melhor esse sentimento do que “Child in Time”, clássico absoluto do Deep Purple, escolhido para embalar o trailer da temporada final. A canção, lançada em 1970 no álbum Deep Purple in Rock, é uma obra-prima sobre dor, angústia, perda da inocência e os horrores da guerra. Ao ser resgatada por uma das séries mais icônicas da atualidade, ela ganha nova vida, e ajuda a anunciar que o que está por vir será tão intenso quanto a própria música.

Ao longo de suas temporadas, Stranger Things construiu uma relação poderosa com a música. A série não apenas recriou com fidelidade o clima dos anos 1980, como também fez com que canções esquecidas ou subestimadas fossem redescobertas por novas gerações. Foi assim com “Running Up That Hill”, de Kate Bush, que virou símbolo de resistência emocional de Max. Foi assim com “Master of Puppets”, do Metallica, eternizada na cena épica de Eddie Munson no Mundo Invertido e apresentada para uma nova geração de ouvintes. Agora, com “Child in Time”, a série mira ainda mais fundo, buscando uma canção que não é só icônica, mas quase apocalíptica.


“Child in Time” é uma escalada emocional. Começa com um órgão solene, quase fúnebre, e vocais contidos de Ian Gillan. Em minutos, a música explode — o vocal chega ao grito, a guitarra de Ritchie Blackmore corta como uma lâmina, a banda inteira se transforma em uma tempestade. É uma canção que encena a tragédia, que dramatiza o colapso, que soa como um lamento universal. Sua força está na construção lenta e inevitável, como se estivéssemos assistindo a algo se desfazer diante de nós, sem poder impedir.

Essa mesma sensação — de que o fim é inevitável e que não sairemos ilesos — permeia o último arco de Stranger Things. Os personagens estão amadurecidos, feridos, carregando perdas e responsabilidades maiores. Não há mais espaço para a inocência do começo. Ao usar “Child in Time”, a série reforça esse amadurecimento narrativo: ela não quer apenas emocionar, quer deixar claro que o desfecho será doloroso, épico e definitivo.

A escolha de “Child in Time” é emblemática. A música exige atenção, tempo e entrega — assim como a série tem exigido de seus fãs ao longo de tantos anos. E ao cruzarem seus caminhos nesse momento derradeiro, Stranger Things e Deep Purple criam um elo simbólico entre duas gerações, duas linguagens e duas formas de contar histórias que, no fundo, falam da mesma coisa: crescer é perder. E o fim, quando bem feito, pode ser tão memorável quanto o começo.


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