A influência da época é evidente. John Paul Jones, com seus sintetizadores e teclados, assume papel central na sonoridade, deslocando o peso das guitarras de Page. O Zeppelin mergulha em climas mais pop e experimentais, aproximando-se das tendências que dominariam o rock da década seguinte — o que para alguns soa como ousadia, mas para outros é a perda da identidade que definiu a banda.
Mesmo assim, o disco abre com um lampejo do passado: “In the Evening” carrega uma introdução sombria e dramática, seguida por um riff pesado que lembra o Zeppelin dos anos dourados. Já “Carouselambra”, a mais longa do álbum, mergulha em uma base quase dançante, guiada pelos teclados de Jones, dividindo opiniões entre os que a consideram ousada e os que a veem como um desvio excessivo da essência da banda.
Há também destaques pela singularidade. “Fool in the Rain” se tornou um clássico por sua levada incomum: no refrão, John Bonham incorpora uma batida inspirada no samba brasileiro, criando uma fusão rítmica irresistível. Já “All My Love” é o momento mais emotivo do disco. Escrita por Plant em homenagem ao filho Karac, carrega um lirismo melancólico e sincero, mas também é criticada por sua suavidade dentro do repertório da banda.
O álbum ainda se notabilizou pelas seis capas diferentes lançadas, todas fotografadas no mesmo bar, mas vistas de perspectivas distintas. Essa abordagem criava um elemento colecionável e reforçava a ideia de que cada ouvinte poderia ter sua própria “porta de entrada” para o disco.
Infelizmente, não houve tempo para o Led Zeppelin se recuperar da má impressão que In Through the Out Door deixou em parte da crítica e do público. Poucos meses depois de seu lançamento, John Bonham morreu, encerrando abruptamente a trajetória de um dos maiores nomes do rock. O disco ficou como um registro final de estúdio — um misto de ousadia e desalinho, que mostra que até os gigantes podem tropeçar na tentativa de se reinventar.
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