Quando se fala em álbuns que definem o heavy metal, Painkiller sempre aparece na lista. Lançado em setembro de 1990, o trabalho marcou um verdadeiro renascimento para o Judas Priest. Depois de flertar com sonoridades mais comerciais em Turbo (1986) e buscar um equilíbrio em Ram It Down (1988), a banda decidiu abandonar qualquer compromisso com o mainstream e mergulhar de vez em uma sonoridade agressiva, veloz e pesada, em sintonia com a ascensão do thrash metal no final dos anos 1980.
O fator decisivo para essa virada foi a entrada do baterista Scott Travis, vindo do Racer X. Seu estilo técnico e poderoso injetou uma energia inédita no grupo. Basta ouvir a faixa de abertura – a avassaladora “Painkiller” – para entender o impacto imediato: a bateria é uma metralhadora que prepara o terreno para riffs cortantes de Glenn Tipton e K.K. Downing e para uma das performances vocais mais intensas da carreira de Rob Halford.
O álbum é um desfile de clássicos. “Hell Patrol” equilibra peso e melodia com maestria, enquanto “All Guns Blazing” e “Leather Rebel” elevam a velocidade a níveis que rivalizam com qualquer banda de thrash da época. “Night Crawler” aposta em uma atmosfera mais sombria, enquanto “Between the Hammer and the Anvil” traz um dos riffs mais marcantes do disco. E “A Touch of Evil”, com seus teclados discretos e refrão grandioso, adiciona uma dose de drama épico sem perder o peso.
Musicalmente, Painkiller sintetiza a tradição do metal clássico do Judas Priest com a urgência e agressividade que o gênero exigia na virada para os anos 1990. Ao invés de soar datado, o disco provou a relevância da banda em um cenário dominado por novas gerações. Não à toa, tornou-se influência direta para estilos como o power metal europeu, que beberia dessa mistura de velocidade, técnica e melodia para moldar seu DNA.
Painkiller não apenas reposicionou o Judas Priest como uma força criativa no metal, mas também estabeleceu novos parâmetros de intensidade para o gênero. Décadas depois, continua sendo celebrado como um dos grandes manifestos do metal, referência obrigatória para qualquer discussão séria sobre o assunto.
Um disco que não envelhece, que ainda soa ameaçador e empolgante, e que resume em pouco mais de 45 minutos a essência de por que o heavy metal é tão poderoso.
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