O AC/DC sempre foi uma daquelas bandas que não mudam sua fórmula. E, na real, isso nunca foi um problema — pelo contrário, virou marca registrada. Mas, no início dos anos 1990, a situação estava diferente. Depois de The Razors Edge (1990), que trouxe o sucesso inesperado de “Thunderstruck”, a banda entrou em hiato. Brian Johnson atravessava problemas pessoais, e a relação interna se desgastava. Foi nesse cenário que os irmãos Angus e Malcolm Young decidiram resgatar um velho aliado: Phil Rudd, o baterista clássico do grupo, fora desde 1983. A volta dele foi essencial para o peso e a pegada de Ballbreaker (1995).
Produzido por Rick Rubin, então no auge após revitalizar nomes como Slayer e Red Hot Chili Peppers, o disco prometia devolver ao AC/DC a crueza setentista. Rubin sempre foi um devoto do rock básico, e sua ideia era clara: tirar o excesso, voltar à essência e capturar a eletricidade do quinteto em estado bruto.
O resultado, no entanto, é um álbum que divide opiniões. Ballbreaker tem grandes momentos, mas não alcança a intensidade de Back in Black ou mesmo o frescor de The Razors Edge. Ainda assim, o disco tem peso, atitude e faixas que merecem destaque. Entre os pontos altos estão a abertura com “Hard as a Rock”, que foi single e resume o espírito do AC/DC: riff direto, refrão grudento e aquele groove imbatível. “Hail Caesar” é outro destaque, com clima de marcha e uma ironia típica dos Young. Já “Cover You in Oil” mostra o lado mais sacana da banda, enquanto “Ballbreaker” é puro blues hard rock, cravado por um riff matador de Angus.
Mas o grande triunfo de Ballbreaker talvez seja justamente o retorno da cozinha clássica: a batida seca de Phil Rudd, somada ao baixo de Cliff Williams, devolve a sensação de “rolo compressor” que havia se perdido nos anos anteriores. Rick Rubin captou isso muito bem na produção: o som é cru, direto e sem frescura.
Na época do lançamento, em 1995, o rock vivia outra fase. O grunge estava em queda, o metal buscava novos caminhos e o alternativo dominava as rádios. Dentro desse cenário, Ballbreaker não foi um álbum que mudou a história do AC/DC, mas reafirmou a presença de uma banda que nunca precisou seguir tendências. A turnê do disco se tornou um dos grandes eventos da década para o rock clássico. Ballbreaker não é lembrado como um clássico absoluto do quinteto, mas cumpre bem seu papel de manter a chama acesa em um período em que o AC/DC poderia ter se perdido.
Hoje, olhando em retrospecto, o disco é um registro honesto e vigoroso, que marca a volta de Phil Rudd e a tentativa — bem-sucedida em partes — de reconectar a banda com suas raízes setentistas. Para quem ama o AC/DC, é um álbum que merece ser revisitado, sem expectativas de grandes hits, mas com a certeza de que a velha fórmula ainda funcionava.
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