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Saga, de Brian K. Vaughan e Fiona Staples: um marco dos quadrinhos do século XXI


Quando Brian K. Vaughan e Fiona Staples lançaram Saga em 2012 pela Image Comics, poucos imaginavam que a série se tornaria um dos maiores fenômenos dos quadrinhos do século XXI. Nascida no rastro da explosão criativa que a editora proporcionou para autores independentes, Saga (que é publicada no Brasil pela Devir) surgiu como uma mescla ousada de ficção científica, fantasia, drama familiar e comentário social – tudo embalado em uma narrativa épica que soa, ao mesmo tempo, universal e profundamente pessoal.

A premissa parte da guerra interminável entre dois povos de planetas distintos: Aterro, um mundo tecnologicamente avançado, e Grinalda, sua lua, dominada pela magia. No meio do conflito, Marko e Alana – soldados de lados opostos – se apaixonam e têm uma filha, Hazel. É através da voz adulta dessa menina que a história é narrada, enquanto a família tenta sobreviver a caçadores de recompensa, monarcas interplanetários e às consequências políticas de sua própria existência. O que poderia ser apenas mais uma space opera vira, nas mãos de Vaughan, um comentário pungente sobre amor, guerra, imigração, preconceito e família.

Se o roteiro é a espinha dorsal, a arte de Fiona Staples é a alma da série. Seu traço fluido, expressivo e cheio de inventividade cria um universo que parece sempre em expansão. Personagens como o Príncipe Robô IV ou Gwendolyn não apenas marcam pela construção narrativa, mas pela forma como são visualmente inesquecíveis. Staples também redefine o uso de cores nos quadrinhos, equilibrando tons vibrantes e suaves para dar vida a planetas, raças alienígenas e cenários que parecem saídos de um sonho – ou de um pesadelo.


O impacto de Saga foi imediato. A série conquistou tanto público quanto crítica, acumulando prêmios que incluem múltiplos Eisner, Harvey, Hugo e até mesmo o British Fantasy Award. Essa avalanche de reconhecimentos atesta não apenas a qualidade da obra, mas sua relevância cultural dentro e fora do mercado de quadrinhos. Em pouco tempo, Saga se tornou leitura obrigatória, citada lado a lado com clássicos como Sandman e Y: O Último Homem (também de Vaughan).

O hiato iniciado em 2018 e encerrado apenas em 2022 só reforçou o peso que a série tem para os fãs. O retorno foi celebrado como um dos maiores acontecimentos recentes dos quadrinhos, mostrando que Saga não é apenas uma HQ de sucesso, mas um marco geracional.

No fim das contas, Saga é mais do que uma space opera estilizada: é uma história sobre ser humano, amar em meio ao caos e resistir mesmo quando tudo conspira contra. E é exatamente por isso que, ao lado dos grandes clássicos, ela já ocupa um lugar definitivo na história dos quadrinhos modernos.

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