Nascido Paul Daniel Frehley em 1951, no Bronx, ele cresceu entre guitarras baratas, discos riscados e sonhos elétricos. Quando cruzou o caminho de Gene Simmons, Paul Stanley e Peter Criss, o destino se alinhou como uma constelação. Em 1973, nascia o Kiss — e com ele, um dos maiores espetáculos que a música já viu.
Ace trouxe à banda algo que ninguém mais poderia oferecer: o som do espaço. Seus riffs cortantes, os solos que pareciam explodir em luz, o timbre inconfundível que misturava sujeira, melodia e carisma. Ele não era um virtuose clássico, mas era puro sentimento. Tocava com alma, com coração, com aquele toque imperfeito que faz a música respirar.
“Shock Me”, “Cold Gin”, “Parasite”, “Rocket Ride” — todas essas músicas carregam sua assinatura. Cada nota soa como um feixe de luz vindo de outra galáxia. E quando ele subia ao palco, a guitarra soltando fumaça, o figurino prateado refletindo o brilho das luzes, parecia mesmo que o Spaceman havia pousado na Terra.
Em 1978, durante o auge do Kiss, Ace lançou seu disco solo — e para muitos, o melhor dos quatro álbuns individuais dos integrantes da banda. “New York Groove” virou um hino e mostrou que o garoto do Bronx tinha mais a dizer do que o espaço da banda permitia. Anos depois, já fora do Kiss, ele formou o Frehley’s Comet e seguiu explorando o universo do hard rock à sua maneira, com uma discografia irregular, mas sempre autêntica.
Ace Frehley foi influência direta para milhares de guitarristas. De Dimebag Darrell a Slash, de Dave Grohl a Jerry Cantrell — todos beberam daquela mistura de peso e melodia que ele criou. Seu jeito de tocar, de compor, de se apresentar ajudou a definir o que o rock visual e teatral se tornaria nas décadas seguintes.
Mas o mais impressionante é que, por trás da maquiagem e das explosões, havia um cara simples, tímido, engraçado, dono de um humor irônico e de uma presença humana cativante. Ele não era só o personagem: era o homem que deu vida a ele.
Agora, Ace Frehley retorna ao espaço. E é impossível não imaginar as estrelas piscando em saudação, como luzes de palco acendendo uma última vez para recebê-lo de volta. Ele veio do cosmos, pousou na Terra, mudou a história do rock e agora volta para casa.
O som da sua guitarra ainda ecoa, infinito, em cada riff que faz o corpo vibrar e a alma sair do chão.
Descanse em paz, Spaceman. O palco agora é o universo. E o rock, por sua causa, sempre será maior que a vida.
Ricardo, parabéns pelo obituário. A sua paixão pela música transborda em textos como este e a nos ajuda a entender que o legado que o Ace deixou vai durar para sempre. Descanse em paz. 😘
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