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O debut do Faster Pussycat e a face mais suja do glam metal


Lançado em 1987, o debut do Faster Pussycat é um retrato cru e sujo de uma Los Angeles afundada em laquê, álcool barato e riffs viciantes. Em meio à explosão do glam metal, o quinteto liderado por Taime Downe surgiu com uma proposta diferente da estética polida e calculada de bandas como Poison ou Bon Jovi. O Faster Pussycat bebia na fonte do punk e do hard rock setentista, evocando o espírito debochado de New York Dolls e a energia decadente dos Rolling Stones, filtrados pela sujeira das ruas de Hollywood.

Produzido por Ric Browde (que havia trabalhado com Ted Nugent e W.A.S.P.), o álbum captura a essência do sleaze rock — um subgênero que misturava o glamour com o underground, o sexo com o cinismo, e o rock de arena com a urgência do punk. Os riffs de Brent Muscat e Greg Steele soam como navalhas enferrujadas, enquanto o vocal rasgado de Downe transforma cada verso em um convite para o caos.

Entre os destaques, “Don’t Change That Song” abre o disco com uma energia contagiante, sintetizando a mistura entre groove e atitude. “Bathroom Wall”, talvez o hino definitivo do álbum, é pura diversão decadente — um retrato das noites sujas da Sunset Strip. “Cathouse” e “Babylon” reforçam o lado mais festivo e provocador da banda, enquanto “No Room for Emotion” mostra que, por trás da ironia e da maquiagem borrada, havia um senso melódico autêntico.


Embora não tenha alcançado o mesmo sucesso comercial de contemporâneos como Mötley Crüe ou Guns N’ Roses, o Faster Pussycat exerceu grande influência sobre a cena sleaze que floresceria no final dos anos 1980. Sua sonoridade inspirou nomes contemporâneos à banda e serviu de referência direta para o revival sleaze dos anos 2000 com bandas como Hardcore Superstar e Crashdïet.

Hoje, o álbum é lembrado como um documento essencial de uma era em que o hard rock ainda era perigoso e imprevisível. Sujo, divertido e sem filtro, o álbum de estreia do Faster Pussycat é a trilha sonora perfeita para uma noite longa demais, vivida com intensidade e sem arrependimentos — exatamente como o rock deve ser.

O álbum havia sido lançado apenas em LP no Brasil em 1989 pela Elektra, e agora, em 2025, ganhou a sua primeira edição em CD pela Wikimetal, com luva protetora e encarte com todas as letras.

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