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Rhapsody e o poder da fantasia: como Legendary Tales (1997) reinventou o power metal


Quando o Rhapsody lançou Legendary Tales em 1997, o metal europeu vivia um momento de transição. O power metal começava a ressurgir com força, impulsionado por bandas como Gamma Ray, Blind Guardian e Stratovarius, que traziam de volta o senso de melodia, técnica e fantasia depois da aridez do thrash e do grunge. Mas o Rhapsody foi além: criou um universo próprio, misturando metal, música clássica e trilhas sonoras épicas em uma combinação que soava completamente nova.

A mente por trás dessa revolução era o guitarrista e compositor Luca Turilli, ao lado do tecladista Alex Staropoli. Juntos, eles cunharam o termo “Hollywood Metal” para descrever sua proposta — uma forma de metal sinfônico que soava como se John Williams e Yngwie Malmsteen tivessem decidido compor juntos. O resultado é um disco que não apenas redefiniu o gênero, mas estabeleceu uma estética que influenciaria dezenas de bandas nos anos seguintes.

Gravado na Alemanha sob produção de Sascha Paeth e Miro (nomes fundamentais na cena europeia da época), Legendary Tales apresenta uma sonoridade grandiosa, cheia de orquestrações, corais e arranjos de teclado que se entrelaçam com riffs de guitarra neoclássicos e os vocais heroicos de Fabio Lione. As letras introduzem o universo de Algalord, um mundo de fantasia medieval que seria explorado ao longo de toda a saga conceitual da banda.


Entre os destaques, “Warrior of Ice” abre o álbum com energia contagiante e uma estrutura que resume tudo o que o Rhapsody representaria dali em diante: virtuosismo, melodia e teatralidade. “Rage of the Winter” e “Forest of Unicorns” exibem o lado mais melódico e folk do grupo, enquanto “Flames of Revenge” e “Lord of the Thunder” são puro power metal sinfônico em sua forma mais exuberante. A faixa-título encerra o disco com uma aura cinematográfica, sintetizando o caráter épico da obra.

Legendary Tales foi o ponto de partida para uma mitologia musical que transformou o Rhapsody em referência imediata dentro do metal sinfônico. O disco mostrou que era possível unir técnica e emoção, peso e fantasia, sem medo de soar grandioso. Sua influência atravessou o tempo e moldou a identidade de um subgênero que, mesmo décadas depois, ainda ecoa os acordes e melodias que nasceram aqui.

Um álbum essencial — não apenas para quem ama power metal, mas para qualquer um que acredita que o heavy metal pode ser épico, romântico e absolutamente cinematográfico.


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