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The Song Remains the Same (1976): o retrato definitivo do Led Zeppelin em sua era dourada


Lançado em 22 de outubro de 1976, The Song Remains the Same é um documento poderoso de uma das bandas mais influentes e enigmáticas da história do rock. Gravado durante a série de shows no Madison Square Garden em julho de 1973 — no auge da tour do álbum Houses of the Holy —, o disco serviu como trilha sonora para o filme homônimo, lançado no mesmo ano, que registrava o Led Zeppelin em plena grandiosidade.

The Song Remains the Same funciona como um retrato de época. É o som de uma banda que dominava o mundo, carregando consigo o peso e o fascínio de ser o grupo mais poderoso do planeta. Naquele momento, o Led Zeppelin era uma força mitológica, envolta em mistério e excessos, e o disco captura tanto a maestria musical quanto as falhas inevitáveis de um show gravado sob tamanha pressão.

As performances são longas, expansivas e cheias de improvisos — uma característica que sempre separou o Zeppelin de seus contemporâneos. “Dazed and Confused”, com mais de 25 minutos, é uma viagem psicodélica conduzida pela guitarra tocado com arco de violino por Jimmy Page e pela bateria colossal de John Bonham. “Whole Lotta Love” ganha contornos quase ritualísticos, enquanto “No Quarter” é elevada à condição de peça progressiva, com John Paul Jones assumindo o papel de maestro das atmosferas sombrias. Já “Stairway to Heaven”, tocada com solenidade, surge como o ponto culminante de uma narrativa que mistura técnica, transcendência e drama, e tem aqui a sua versão mais do que definitiva.


A sonoridade é densa e orgânica, repleta de nuances e imperfeições que tornam o disco real. Não há a limpeza de um álbum ao vivo moderno — no seu lugar surge o suor e a respiração de uma banda testando seus próprios limites diante de uma multidão. Isso faz parte do encanto: The Song Remains the Same não busca a perfeição, mas a imortalidade.

Muitos críticos consideraram o álbum excessivo e o filme pretensioso, reflexos de uma era em que o Led Zeppelin parecia inalcançável. Com o passar dos anos, porém, o disco ganhou um novo significado: é o registro mais cru e próximo da experiência de ver o quarteto ao vivo. Em 2007, uma nova edição remasterizada trouxe faixas adicionais e uma mixagem aprimorada, revelando detalhes antes soterrados e reafirmando a força desse material.

Ouvir The Song Remains the Same é essencial para entender a mística do Led Zeppelin. Ele mostra uma banda em estado de combustão criativa, que redefiniu o que significava ser grande no rock. É o som de quatro músicos que, juntos, formavam algo maior que eles mesmos — uma entidade sonora que ainda ecoa, décadas depois, como um trovão onipresente na história do rock.


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