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Angels Cry (1993): o nascimento de uma lenda chamada Angra


Angels Cry
(1993) é um daqueles álbuns que parecem maiores do que a própria banda que o criou. O disco de estreia do Angra não apenas apresentou ao mundo um novo nome do metal brasileiro, mas redefiniu o que significava fazer metal no país — e mostrou que o Brasil podia jogar de igual para igual com as grandes potências europeias do gênero.

O Angra surgiu com um som absolutamente ambicioso, que mesclava o peso e a velocidade do power metal com harmonias complexas, passagens sinfônicas, influências de música erudita e elementos da cultura brasileira. Tudo isso embalado por uma produção cristalina, realizada na Alemanha sob os cuidados do produtor Charlie Bauerfeind, e pela voz inconfundível de Andre Matos, um dos maiores vocalistas que o Brasil já teve.

Angels Cry soa como uma explosão de ideias e técnica. A faixa-título, com seus arranjos de cordas e vocais grandiosos, resume bem a proposta do álbum: unir a dramaticidade do metal europeu ao virtuosismo da música clássica. “Carry On”, talvez a música mais icônica da carreira do grupo, tornou-se um hino instantâneo — veloz, melódica e emocional na medida certa. Já “Time” e “Never Understand” revelam o cuidado com as composições, cheias de nuances e mudanças de andamento. O cover de “Wuthering Heights”, de Kate Bush, reforça a amplitude artística da banda e a coragem de reinterpretar algo tão fora da zona de conforto do metal.


Mas é em momentos como “Evil Warning”, com seu clima épico, e “Stand Away”, onde a orquestração dialoga com o vocal operístico de Andre Matos, que o Angra demonstra sua real dimensão: uma banda que não se contentava em seguir fórmulas. Angels Cry é técnica e emoção em equilíbrio, algo que poucas bandas, mesmo internacionais, conseguiram alcançar com tamanha naturalidade.

O álbum abriu portas para o metal brasileiro no exterior e colocou o Angra como referência mundial dentro do power metal. Seu sucesso influenciou toda uma geração de músicos no país, inspirando desde bandas que seguiram a linha melódica até aquelas que compreenderam que, a partir dali, era possível sonhar alto.

Mais de três décadas depois, Angels Cry continua sendo uma obra monumental. Um disco que combina virtuosismo, sensibilidade e identidade, e que permanece como um dos marcos absolutos do metal brasileiro e um clássico incontestável do gênero em todo o mundo.


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