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Diary of a Madman (1981): o testamento sonoro de Ozzy Osbourne e Randy Rhoads


Diary of a Madman
(1981) é um dos pilares não apenas da carreira solo de Ozzy Osbourne, mas de todo o heavy metal dos anos 1980. O disco sucedeu o sucesso explosivo de Blizzard of Ozz (1980) e consolidou a nova fase do vocalista após sua conturbada saída do Black Sabbath. Se o álbum anterior provava que Ozzy podia caminhar sozinho, Diary of a Madman mostrou que ele podia voar — e o fez em meio a demônios internos, tragédias e genialidade.

Gravado com a mesma formação do disco de estreia — Ozzy nos vocais, Randy Rhoads nas guitarras, Bob Daisley no baixo e Lee Kerslake na bateria — o álbum foi registrado em um momento de transição. O sucesso repentino havia transformado Ozzy em uma figura novamente relevante, mas os bastidores eram instáveis. Daisley e Kerslake deixaram a banda logo após as gravações, substituídos por Rudy Sarzo e Tommy Aldridge antes da turnê, e os créditos originais foram alterados, gerando polêmicas que só seriam resolvidas décadas depois.

O som do disco é a fusão perfeita entre a teatralidade sombria de Ozzy e o virtuosismo clássico de Randy Rhoads. O guitarrista, com sua formação em música erudita, trouxe harmonias neoclássicas e arranjos complexos que elevaram o metal a um novo patamar técnico e emocional. “Over the Mountain” abre o álbum com fúria e precisão, guiada por uma das introduções de bateria mais icônicas do gênero. “Flying High Again” é puro hard rock radiofônico, um hino de liberdade e autoconfiança. “Believer” e “S.A.T.O.” mergulham em climas sombrios e riffs intrincados, mostrando a maturidade crescente da parceria Ozzy–Rhoads. 


Mas é na faixa-título, “Diary of a Madman”, que o disco atinge sua forma definitiva. A canção é uma viagem teatral e melancólica por uma mente em colapso, construída sobre uma arquitetura quase progressiva, com arranjos orquestrais e mudanças de tempo que lembram tanto o Queen quanto o King Crimson. O resultado é uma das peças mais ambiciosas e emocionantes da carreira de Ozzy — e, tragicamente, uma despedida simbólica. Poucos meses após o lançamento, em março de 1982, Randy Rhoads morreria em um acidente aéreo, encerrando de forma abrupta uma das parcerias mais promissoras da história do metal.

Com o tempo, Diary of a Madman passou de sucesso comercial a obra reverenciada. Sua influência pode ser sentida em guitarristas como Zakk Wylde, Yngwie Malmsteen e Paul Gilbert, e em bandas que exploraram o equilíbrio entre peso e melodia. O álbum é o testemunho de um artista em reconstrução e de um guitarrista em ascensão meteórica, unidos em um momento de pura inspiração.

Diary of a Madman segue como um dos pontos altos da discografia de Ozzy Osbourne e um documento essencial do metal dos anos 1980. Um diário de loucura, sim, mas também de genialidade, emoção e imortalidade.


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