Antes de se tornar o showman solo que todos conhecem, Alice Cooper era um quinteto formado por Vincent Furnier (que depois assumiria o nome como persona artística), Glen Buxton, Michael Bruce, Dennis Dunaway e Neal Smith. Unidos sob a produção de Bob Ezrin, eles construíram uma sequência de álbuns que redefiniu o conceito de teatralidade no rock. De Love It to Death (1971) a Billion Dollar Babies (1973), o grupo equilibrou guitarras afiadas, letras provocativas e um senso de humor sombrio que inspiraria gerações — do punk ao metal, do glam ao gótico.
Alices Cooper’s Greatest Hits reúne o melhor desse período dourado em doze faixas que dispensam introdução. “I’m Eighteen” captura o sentimento de confusão juvenil com uma honestidade que fez dela um hino geracional. “School’s Out”, talvez o maior clássico do grupo, ainda soa como a trilha definitiva para a rebeldia adolescente. “No More Mr. Nice Guy” sintetiza o sarcasmo refinado e o talento pop da banda, enquanto “Elected” antecipa o lado político e teatral que Alice exploraria a fundo em sua carreira solo.
As faixas foram remixadas especialmente para esta coletânea, com um resultado mais coeso e poderoso do que as versões originais. A arte de capa — um cartão postal estilizado com retratos dos músicos como gângsteres dos anos 1930 — reforça a aura de espetáculo e decadência que sempre cercou o grupo.
O álbum funciona como uma cápsula do tempo: um registro de quando o rock ainda ousava chocar, divertir e provocar na mesma medida. Poucos artistas conseguiram unir performance e música de forma tão visceral quanto o Alice Cooper Group, e Greatest Hits é a prova definitiva disso.
Após o lançamento, o grupo se dissolveria. Cada integrante seguiria seu caminho, e Vincent Furnier iniciaria a trajetória solo que consolidaria o nome Alice Cooper como ícone absoluto do rock teatral. Mas aqui, em pouco mais de 40 minutos, está o coração pulsante de uma banda que ajudou a moldar o imaginário do rock dos anos 1970.
Um disco essencial, não apenas para entender Alice Cooper, mas para compreender o momento em que o rock deixou de ser apenas som e passou a ser espetáculo.


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