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Mob Rules (1981): o segundo ato de Dio no Black Sabbath


Quando Mob Rules chegou às lojas em novembro de 1981, o Black Sabbath vivia um dos períodos mais conturbados e, ao mesmo tempo, criativos de sua história. Após o sucesso de Heaven and Hell (1980), álbum que reposicionou a banda e apresentou Ronnie James Dio como novo vocalista, a banda se viu pressionada a repetir o feito. O resultado foi um disco mais sombrio, pesado e direto — uma síntese da energia renovada que o Sabbath encontrou com Dio, mas também um prenúncio das tensões que logo viriam a explodir.

A formação seguia lendária: Tony Iommi, Geezer Butler, Dio e, agora, o baterista Vinny Appice, que substituiu Bill Ward durante as gravações. Essa troca trouxe uma diferença marcante. Appice, com pegada mais sólida e moderna, ajudou a consolidar o som do Black Sabbath dos anos 1980, menos arrastado e mais agressivo, sem perder o peso característico. A produção de Martin Birch, então famoso por seu trabalho com Deep Purple e Rainbow, deu um acabamento metálico e robusto ao álbum, alinhando o Black Sabbath à nova geração do heavy metal que despontava com Judas Priest, Iron Maiden e Saxon.

Musicalmente, Mob Rules é puro aço. “Turn Up the Night” abre o disco em ritmo explosivo, um hard metal vibrante que resume a nova era da banda. “Voodoo” carrega o groove hipnótico e sombrio que só Iommi sabia criar, enquanto “Sign of the Southern Cross” é um dos momentos mais grandiosos da carreira da banda: épica, melódica e com um Dio em estado de graça. A faixa-título é puro caos urbano, com riffs cortantes e uma performance vocal que beira o desespero - uma pancada seca, retrato da brutalidade daqueles tempos.


Embora Mob Rules não tenha a aura revolucionária dos álbuns setentistas ou a fluidez quase mágica de Heaven and Hell, ele se impõe como um dos registros mais consistentes e pesados da discografia do quarteto. É o Black Sabbath em modo de ataque, respondendo à ascensão da NWOBHM e reafirmando sua relevância em um cenário dominado por novas bandas. O disco conquistou fãs tanto do metal tradicional quanto das sonoridades mais modernas, consolidando Dio como um dos maiores vocalistas do gênero e preparando terreno para sua futura carreira solo.

Mob Rules permanece como um clássico muitas vezes subestimado — uma ponte entre a era setentista e o metal oitentista, onde riffs colossais, letras sombrias e performances incendiárias mostraram que o Black Sabbath ainda ditava as regras do jogo.


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