Os cinco melhores discos de heavy metal lançados em setembro segundo o About.com

Eu já sabia, você já sabia, todos já sabiam. Surgical Steel, novo álbum do Carcass, simplesmente varreu a concorrência e, claro, faturou o primeiro lugar na lista dos cinco melhores discos de setembro segundo a editoria de heavy metal do About.com. Prêmio mais do que esperado e, sobretudo, merecido, já que o play é realmente fora do comum.

O que chama a atenção é a nota. Se pegarmos os melhores discos de cada mês na lista do site americano, geralmente o primeiro ganha 4 ou 4,5 no ranking de avaliação com 5 estrelas. Surgical Steel foi o único, ao menos em 2013, a receber nota máxima! Aqui na Collector's também o avaliamos - confira a resenha

Completando a lista do editor Chad Bowar e sua equipe, tivemos: Gorguts, Windhand, A Storm of Light e The Ruins Of Beverast. Particularmente, ouvi apenas Colored Sands, novo do Gorguts, e assino embaixo. Os demais, confesso que sequer conhecia, mas, ao menos aqui em casa, já estão na lista de próximas coisas a serem ouvidas.

E para você? Quais os melhores discos de setembro? Fale-nos sobre seus favoritos.

Para ver as listas ao longo de 2013: agosto, julho, junho e maio (já na Collector's, com os comentários traduzidos); abril, março, fevereiro e janeiro (só no original do About.com).

1. Carcass - Surgical Steel

Surgical Steel não é nada menos do que um triunfo absoluto e será para sempre um dos melhores álbuns de retorno já gravados no universo da música extrema. Ele se localiza em algum lugar entre Heartwork (1993) e Necroticism: Descanting the Insalubrious (1991) em termos de sonoridade e agressividade, com artilharia pesada na bateria, tempos marciais e vocais imundos rosnando. A sofisticação na estrutura das músicas permanece intacta e com uma riqueza ao mesmo tempo polida e decadente, no bom sentido.

Há ainda muito espaço para o Carcass continuar se mexendo e construindo, tanto narrativamente quanto no aspecto emocional, em cada um de seus trabalhos. Com intensidade e agressão, como o ar que vem antes de uma tempestade.

As letras de Jeff Walker, que versam fortemente a respeito do imaginário sombrio da Revolução Industrial e seu impacto na Grã-Bretanha, são apresentadas ao espectador com uma veia irônica, sanguinária e confidente. Ele e Bill Steer dirigem habilmente a banda ainda que em meio aos problemas e dificuldades desse renascimento, permitindo ao Carcass que soe como os próprios: com identidade intacta e, de alguma forma, apenas mais rico e com maior aprofundamento estético.

2. Gorguts - Colored Sands

Colored Sands é o primeiro álbum de estúdio do Gorguts em 12 anos. Luc Lemay se cercou de um line-up estelar de músicos, que consiste em Kevin Hufnagel, do Dysrhythmia, na guitarra, Colin Marston, do Krallice, no baixo, e John Longstreth, do Origin e tantas outras bandas, na bateria. Desnecessário dizer que, com o pedigree dos músicos envolvidos, não era de se esperar nada menos do que espetacular.

É exatamente isso que temos em Colored Sands. Mas vale uma palavra de cautela: Colored Sands NÃO é aquele death metal reto e conta com aspectos tirados diretamente de Obscura (1998) e From Wisdom To Hate (2001). Um disco que desafia o ouvinte, já que Lemay certamente sente que seu público é maduro o suficiente para lidar com material tão complexo.

3. Windhand - Soma

Com Soma, o Windhand transcende aquele velho estigma de "cálices e velas pretas" da sonoridade doom e move sua cerimônia inicial para um processo de criação que soa naturalmente atmosférico, gélido e ameaçador. A própria capa do álbum já transmite a essência desse som com a imagem de um rígido celeiro preto e branco na beirada de uma encosta. Mesmo quando lhe ataca na garganta com o groove de uma dobra de guitarras, a música invoca o mesmo senso de isolamento, frieza e colapso.

As canções de Soma (que na versão em vinil é duplo) se encaixam muito bem juntas e levam o ouvinte a uma jornada progressiva que vai da alegria ao desespero, sendo fácil imaginá-lo como um álbum conceitual. O primeiro lado apresenta de cara duas faixas com guitarras bem fortes: "Orchard" e "Woodbine". Ambas se constroem em cima de melodias que, apesar de pesadas e enfumaçadas, são bastante pegajosas e contam com uma levada de bateria que soa como se um cutelo estivesse cortando nossos ossos.

4. A Storm of Light - Nations to Flames

Em Nations to Flames, o A Storm of Light mostra uma intensidade que queima como o fogo da criatividade e da destreza enquanto continua retransmitindo a mensagem do quão sério é uma humanidade amaldiçoada pelo doom metal. Pode até não soar como Cathedral ou Pentagram, mas ainda assim é doom pra valer.

Nations to Flames aumenta a agressividade dos álbuns anteriores, bem como acrescenta camadas de outros aspectos não apenas para criar paisagens sonoras, mas cenas de som. A trilha sonora de sua condenação. Acrescente o lirismo brilhante de Josh Graham e Nations to Flames se mostra ainda mais cativante. Uma banda que se recusa a refazer a mesma fórmula e que possivelmente nos presenteou com um dos melhores lançamentos do ano.

5. The Ruins of Beverast - Blood Vaults

O álbum anterior do Ruins of Beverast pega o black metal cru do passado, acrescenta uma produção um pouco polida e incorpora uma auro doom a essa música. Já Blood Vaults leva tal pegada a uma medida mais abrangente, utilizando sintetizadores, órgão, coros e até vocais femininos. O que ajuda também é que a produção nesse álbum é a melhor que Alexander von Meilenwald já teve em toda sua discografia. Pequenas nuances agora são perceptíveis, principalmente depois de várias audições, incluindo uma débil levada de baixo em "Ornaments on Malice". Esse tipo de coisa era difícil de se captar nos últimos discos.

É difícil falar se esse é o melhor álbum do Ruins Of Beverast até aqui, mas é justo dizer que é o que tem a melhor produção dentre todos os lançamentos da banda. Alguns podem preferir os velhos e abafados dias da era Rain upon the Impure (2006), embora isso impeça a percepção do progresso de Meilenwald desde que começou o projeto. Bloof Vaults é mais uma prova de que o Ruins of Beverast é uma das principais bandas de black metal há anos.

Por Guilherme Gonçalves

Comentários

  1. Enquanto algumas listas são repletas de bandas coloridas igual o arco-iris, o About.com é todo tr00 haha

    ResponderExcluir
  2. Um dos melhores retornos de todos os tempos. Até pouco tempo atrás eu considerava "Necroticism" o melhor trabalho deles, agora estou em dúvida.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.