The Last in Line (1984) é o segundo álbum da banda Dio e um dos pilares do heavy metal oitentista. Após o sucesso estrondoso de Holy Diver (1983), Ronnie James Dio precisava provar que sua estreia solo não havia sido um golpe de sorte. Com esse disco, ele não só confirmou sua genialidade, como ajudou a solidificar os contornos épicos e melódicos do metal tradicional da década.
The Last in Line foi gravado com a mesma formação do álbum anterior: Ronnie James Dio nos vocais, Vivian Campbell na guitarra, Jimmy Bain no baixo e Vinny Appice na bateria, mais a adição do tecladista norte-americano Claude Schnell. A banda já estava entrosada após as turnês de Holy Diver, e isso se reflete na coesão do álbum. Enquanto o disco de estreia trazia uma abordagem mais crua e direta, The Last in Line é mais ambicioso, com arranjos mais elaborados e temáticas ainda mais fantásticas.
O contexto histórico também favorecia o sucesso do disco. Em 1984, o heavy metal estava em alta: o Judas Priest havia lançado Defenders of the Faith, o Iron Maiden estava com Powerslave, e o Black Sabbath, ex-banda de Dio, seguia em crise com Born Again. O palco estava montado para que Dio brilhasse — e ele brilhou.
A abertura com “We Rock” já deixa claro o tom do álbum: um hino de empoderamento para os fãs de metal, com riffs poderosos e refrão grudento. A faixa-título, “The Last in Line”, é um épico que combina suavidade e explosão, com letra que explora a dualidade entre luz e sombra, um tema recorrente na obra de Dio. O clipe da música, bastante exibido na MTV na época, ajudou a ampliar ainda mais a popularidade do grupo.
“Egypt (The Chains Are On)” encerra o álbum com atmosfera sombria e uma das performances vocais mais dramáticas da carreira de Dio. Outras faixas como “Breathless” e “I Speed at Night” mostram a habilidade da banda em equilibrar melodia e agressividade. Já “One Night in the City” e “Evil Eyes” mergulham fundo na fantasia lírica característica do vocalista.
Musicalmente, The Last in Line bebe da fonte do hard rock dos anos 1970, especialmente de bandas como Rainbow e Black Sabbath, grupos pelos quais Dio já havia passado e deixado sua marca. Ao mesmo tempo, a sonoridade da banda se alinha ao metal tradicional que dominava os anos 1980, com influências visíveis de Judas Priest e Iron Maiden, principalmente no uso de duelos de guitarras e linhas vocais grandiosas. Liricamente, o disco é uma continuação das metáforas místicas e existenciais que Dio dominava como poucos, equilibrando crítica social e escapismo fantástico com uma poesia única.
The Last in Line consolidou Dio como um dos grandes nomes do metal. O álbum vendeu mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos, recebendo disco de platina. Mais importante que isso, serviu como molde para uma geração de bandas que buscava unir técnica, peso e fantasia em suas composições. O disco continua sendo celebrado por fãs e músicos, e muitas de suas canções se tornaram presenças constantes nos shows da banda e nos tributos ao vocalista após sua morte, em 2010.
Se Holy Diver é o nascimento do mito Dio como entidade solo, The Last in Line é a confirmação de sua divindade no panteão do heavy metal.
Comentários
Postar um comentário
Você pode, e deve, manifestar a sua opinião nos comentários. O debate com os leitores, a troca de ideias entre quem escreve e lê, é que torna o nosso trabalho gratificante e recompensador. Porém, assim como respeitamos opiniões diferentes, é vital que você respeite os pensamentos diferentes dos seus.