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Mostrando postagens com o rótulo Caetano Veloso

Explicando Caetano Veloso: o início e o primeiro disco

Caetano Veloso faz parte de uma particular qualidade de artista popular: tanto já foi dito, escrito, suposto e inferido sobre ele, que o esperado seria que se esgotassem todas as possibilidades de algo novo a seu respeito. Mais ainda: no decorrer desses mais de quarenta anos de vida artística, ele próprio não se furtou de se auto explicar prolixamente em todas as ocasiões em que teve oportunidade, exercício que sempre apreciou mais do que qualquer outro dentre os seus pares. Dito isso é estranho, mas inescapável, a constatação de que, apesar de tamanha exposição, auto exposição e inúmeras tentativas de explicação, Caetano Veloso permanece ainda tão inexplicável quanto sempre foi. Rios de informação, declarações intermináveis, auto exposição atordoante, descrições minuciosas, e ainda assim, tudo que dele consegue-se extrair são apenas pistas, escorregadias insinuações, nunca a certeza palpável. Outra singularidade é que, talvez mais que qualquer outro artista, Caetano constru...

Discoteca Básica Bizz #041: Tropicália ou Panis et Circencis (1968)

" A música não existe (...). Sei que alguma coisa nova se cria a partir daí e o resto não me interessa " (Rogério Duprat). " Ê bumba-iê-iê-boi " (Gilberto Gil & Torquato Neto). " Nara - Pois é... e o Ernesto Nazaré e Chiquinha Gonzaga... e Pixinguinha... Os Mutantes - Pois é... e os Jefferson's Airplane (sic) e os Mamas & the Papas... e... " Maio de 68. Vietnã. Barricadas em Paris. Passeata dos cem mil, Rio de Janeiro. Primavera de Praga. Martin Luther King. Flower power, 2001 - Uma Odisséia no Espaço , de Stanley Kubrick. AI-5. Panteras Negras. Arte pop. Crimes, espaçonaves, guerrilhas. Não são absolutamente memórias pessoais. Fragmentos da iconografia da época. O primeiro passo quando a tarefa é falar de alguma obra emblemática de uma época (sobretudo se você não esteve lá) é pesquisar todo o material disponível para reconstituir o clima e os acontecimentos que foram desaguar naquele produto em particular. Mas um disco-manifesto...

Discoteca Básica Bizz #026: Caetano Veloso - Transa (1972)

No fim da década de 1960, a música brasileira passava por um impasse. A força inovadora da bossa nova - a possibilidade de se fazer uma leitura sofisticada e universal do samba - já havia passado do auge. Os continuadores da bossa descambavam para a chamada "música de protesto". Na vertente oposta, a versão local do "iê-iê-iê", a jovem guarda, não primava pela criatividade. A tropicália implodiu a questão quando fez a ponte entre essas duas atitudes aparentemente inconciliáveis. A liberdade formal do tropicalismo foi um sopro de novidade. Se estendia desde a escolha dos ingredientes de sua geléia geral - de Vicente Celestino aos Beatles, passando (claro) por João Gilberto, - até roupas e capas de disco, fortemente influenciadas pelo psicodelismo. Transa é o segundo LP do Caetano Veloso pós-tropicalista e o primeiro depois de seu exílio em Londres. Se o tropicalismo foi uma resposta pop aos tradicionalistas da MPB, Transa é uma espécie de reflexão em tons c...

The Magic Numbers grava “You Don’t Know Me” para tributo aos 70 anos de Caetano

O quarteto londrino The Magic Numbers gravou uma versão de “You Don’t Know Me”, faixa de abertura do álbum Transa (1972), para um tributo aos 70 anos de Caetano Veloso. Intitulado A Tribute to Caetano , o disco foi idealizado por Paul Ralphes e conta com 16 versões feitas por artistas nacionais e internacionais como Mutantes, Beck e outros. O álbum sairá em todo o mundo no próximo dia 7 de agosto, data em que Caetano comemora sete décadas de vida. Assista ao clipe da competente releitura do Magic Numbers abaixo:

Beirut e a música brasileira

Todo Caetano Box (2002)

Por Tiago Rolim Colecionador Collector´s Room Um dos grandes nomes da MPB da segunda metade do século XX foi Caetano Veloso. Foi e ainda é, vide seus últimos lançamentos -  a saber, Cê e Zii Zei , discos que estão a anos luz dos trabalhos recentes de seus contemporâneos. Mas a conversa aqui vai se ater à obra de Caetano no século passado (cara, ainda é estranho dizer século passado, me parece tão distante ao mesmo tempo que está tão próximo). Para falar da obra de Caetano, devo antes falar de um dos melhores presentes que um bolha pode ganhar. Minha amada esposa um belo dia me entra em casa com um pacote e me entrega, e era uma caixa chamada Todo Caetano , em que estão todos os discos dele e mais alguns bônus, como um ao vivo com a Banda Black Rio, um CD só com singles que não entraram nos álbuns oficiais, além de um DVD de áudio com seus maiores sucessos. São precisamente 26 discos de estúdio e 10 ao vivo, além dos citados bônus. E o melhor: todos os CDs vem imitando os vinis origina...