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Max Cavalera e o poder transformador do metal: uma reflexão sobre música, superação e identidade

Durante entrevista ao canal Prescription Punk Rock , Max Cavalera — ícone do metal brasileiro e mundial — compartilhou sua visão sobre o impacto positivo da música pesada na vida das pessoas. Para o ex-Sepultura e atual líder de projetos como Soulfly, Cavalera Conspiracy e Go Ahead and Die, o metal é mais do que um estilo musical: é uma ferramenta de transformação pessoal e social. Segundo Max, o heavy metal pode salvar vidas, especialmente entre jovens que se sentem deslocados ou incompreendidos. “Quando você está lidando com solidão, rejeição, ansiedade ou confusão, o metal aparece como uma forma de pertencimento. Foi assim comigo, e vejo isso com muitos fãs até hoje” , declarou. A fala não é apenas uma lembrança de sua juventude conturbada, mas um testemunho direto do poder que a música tem de canalizar sentimentos intensos em algo construtivo. Essa perspectiva ressoa com a trajetória de Max, que desde os tempos de Chaos A.D. (1993) e Roots (1996) já explorava temáticas sociai...
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Nu metal vive! O gênero que você amava (ou odiava) está em alta novamente

Durante o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, o nu metal dominou rádios, festivais e programas de TV voltados à música pesada. Com seu som híbrido — que combinava guitarras distorcidas, batidas inspiradas no hip hop, vocais gritados e melodias acessíveis — o gênero foi alçado ao estrelato por nomes como Korn, Limp Bizkit, Linkin Park, Papa Roach, Slipknot e Deftones. Ao mesmo tempo em que atraiu milhões de fãs ao redor do mundo, também foi alvo de críticas por parte de quem o considerava uma deturpação do metal tradicional. Nos últimos anos, porém, esse subgênero frequentemente subestimado tem sido revisitado por uma nova geração de artistas, que o está resgatando com novos elementos, sonoridades atualizadas e uma abordagem mais introspectiva. E um marco importante nessa retomada foi o retorno do Linkin Park em 2024, com Emily Armstrong dividindo os vocais com Mike Shinoda e o lançamento do álbum From Zero . Essa movimentação levanta a questão: o nu metal está mesmo de volt...

Alanis Morissette, Jagged Little Pill (1995) e o grito feminino que marcou uma geração

Lançado em 13 de junho de 1995, Jagged Little Pill é um dos álbuns mais emblemáticos da década de 1990 e um verdadeiro marco na carreira de Alanis Morissette. Combinando confissões líricas intensas com uma sonoridade crua que flerta com o rock alternativo, o pop e até o grunge, o disco catapultou a canadense do anonimato à fama global. Mais do que isso, tornou-se um fenômeno cultural que ainda reverbera trinta anos depois. Antes de Jagged Little Pill , Alanis havia lançado dois álbuns de dance-pop no Canadá – Alanis (1991) e Now is the Time (1992) -, com sucesso moderado, mas distante do que viria a seguir. Após se mudar para Los Angeles e conhecer o produtor e compositor Glen Ballard (que já havia trabalhado com Michael Jackson), a cantora encontrou a liberdade artística para explorar suas frustrações, dores e transformações pessoais. As músicas foram escritas de forma espontânea, com muitas sendo gravadas no mesmo dia em que foram compostas. O disco foi lançado pela Maverick R...

Almanaque Mister No 2: do sertão ao Pacífico, aventuras sem fronteiras (2024, Editora 85)

O segundo Almanaque de Mister No, publicado pela Editora 85, reúne cinco histórias originalmente lançadas no Almanacco dell’Avventura italiano entre 1994 e 1999. As tramas colocam Mister No — um dos personagens mais emblemáticos da Bonelli — em situações bastante variadas, com roteiristas e desenhistas diferentes em cada uma delas. A primeira história, Capitão Vingança , mergulha no coração do personagem ao mostrar Mister No enfrentando cangaceiros no Brasil dos anos 1950. Ação intensa, tiroteios e reviravoltas compõem uma narrativa afiada, escrita por Mauro Boselli. Em O Rei dos Papuas , o cenário muda radicalmente: estamos nos anos 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, com o protagonista lidando com canibais em um canto remoto do mundo. Um dos grandes destaques do volume é História de Um Herói , escrita por Luigi Minacco. Aqui, o verdadeiro protagonista é um velho avião de guerra italiano, cuja trajetória se cruza com a de Mister No em momentos marcantes. Uma história surpreend...

Paradise Lost em Draconian Times (1995): o ápice do metal gótico melódico

Em 1995, quando o grunge ainda dominava a mídia e o heavy metal buscava novos caminhos para se reinventar, o Paradise Lost lançou um álbum que não apenas definiu sua carreira, mas também ajudou a moldar o futuro do metal europeu: Draconian Times . Este é um daqueles discos que marcaram uma época e permanecem relevantes décadas depois. Uma obra densa, melódica e sombria — que ainda hoje impressiona pela coesão e identidade sonora. Formado no final dos anos 1980 em Halifax, Inglaterra, o Paradise Lost começou sua trajetória praticando um doom/death metal soturno. Seus primeiros álbuns ( Lost Paradise de 1990, Gothic de 1991 e Shades of God de 1992) ajudaram a firmar as bases do chamado metal gótico, gênero do qual são considerados precursores. Com o tempo, a banda foi incorporando elementos melódicos e góticos, deixando os guturais e a agressividade crua de lado. Essa transição ficou clara em Icon (1993) e atingiu sua maturidade criativa em Draconian Times , lançado em junho de ...

O maior hit de Cyndi Lauper não foi escrito por ela – e essa história é fascinante

Quando se fala em Cyndi Lauper, é impossível não pensar em “Girls Just Want to Have Fun”. Colorida, rebelde, divertida e carregada de atitude, a faixa virou um verdadeiro manifesto da liberdade feminina nos anos 1980, ajudando a moldar o visual, o som e a mensagem de uma nova geração de artistas pop. Mas o que muita gente não sabe é que o maior sucesso da carreira da cantora não foi escrito por ela. A origem da música remonta a 1979, quando o cantor e compositor Robert Hazard, então um artista promissor da cena da Filadélfia, escreveu e gravou uma demo de “Girls Just Want to Have Fun”. Sua versão tinha um tom completamente diferente: a canção falava sobre mulheres do ponto de vista masculino, como personagens secundárias em uma narrativa dominada por desejos e expectativas dos homens. Ou seja, a letra original era tudo o que Cyndi Lauper não era. Foi durante a produção de seu álbum de estreia, She’s So Unusual (1983), que Lauper ouviu a música pela primeira vez. Ela enxergou ali a...

Mammoth WVH (2021): a estreia de um novo capítulo no legado do Van Halen

Lançado em 11 de junho de 2021, o primeiro álbum do Mammoth WVH marca a estreia oficial de Wolfgang Van Halen como artista solo e consolida sua identidade musical fora da sombra do lendário pai, Eddie Van Halen. Um disco carregado de emoção, competência técnica e personalidade, ele representa tanto um recomeço quanto uma homenagem silenciosa ao passado. Wolfgang Van Halen, filho único de Eddie Van Halen, já era conhecido pelos fãs do rock por ter assumido o baixo do Van Halen em 2006, ainda muito jovem – ele gravou o álbum A Different Kind of Truth (2012) com a banda. Mas foi após a morte de Eddie, em outubro de 2020, que a figura de Wolfgang ganhou ainda mais atenção e respeito. O nome Mammoth não é coincidência — ele resgata o nome original do Van Halen antes da chegada de David Lee Roth, e WVH reforça a assinatura pessoal do artista. O álbum foi concebido como um desabafo artístico e uma declaração de independência. Wolfgang compôs todas as músicas, tocou todos os instrumentos e...

Satyricon em Now, Diabolical (2006): uma nova face do inferno norueguês

Quando se fala em black metal norueguês, é impossível não mencionar o nome Satyricon. A banda, formada no início da década de 1990 por Satyr (Sigurd Wongraven) e Frost (Kjetil-Vidar Haraldstad), sempre se destacou por estar um passo à frente da ortodoxia do estilo. Seus primeiros álbuns – como Dark Medieval Times (1993) e Nemesis Divina (1996) – são clássicos incontestáveis do gênero, misturando a crueza do black metal com atmosferas melancólicas e, por vezes, épicas. Mas foi em Now, Diabolical , lançado em 2006, que o Satyricon deu sua guinada mais ousada. Após o cultuado Volcano (2002), que rendeu prêmios e consolidou o Satyricon como uma das bandas mais respeitadas do metal extremo europeu, Satyr e Frost decidiram seguir um caminho ainda mais minimalista e cadenciado. Now, Diabolical surpreendeu fãs e críticos ao abandonar a velocidade e a ferocidade tradicional do black metal, optando por uma abordagem mais grooveada, seca e fria . A produção limpa, os riffs repetitivos e os ...

Black Sabbath em 13 (2013): o último feitiço de uma lenda do heavy metal

Lançado em 10 de junho de 2013, 13 marcou o retorno do Black Sabbath com Ozzy Osbourne nos vocais após mais de três décadas afastado do grupo — seu último álbum de estúdio com a banda havia sido Never Say Die! (1978). A volta do vocalista original, ao lado de Tony Iommi e Geezer Butler, formou um trio lendário que, mesmo com a ausência do baterista Bill Ward (substituído aqui por Brad Wilk, do Rage Against the Machine), prometia revisitar o som sombrio e pesado que definiu o metal nos anos 1970. A reunião da formação clássica era aguardada há anos e só foi possível após uma série de impasses. Bill Ward decidiu não participar devido a desacordos contratuais, e Tony Iommi travava uma batalha contra um linfoma durante as gravações. A produção ficou a cargo de Rick Rubin, conhecido por seu trabalho com o Slayer, Metallica e Johnny Cash — um produtor que exigiu que os músicos retornassem ao espírito dos três primeiros álbuns da banda. Rubin chegou a pedir que eles ouvissem o disco de es...

A origem dos Smurfs e a edição definitiva publicada pela Comix Zone (2025, Comix Zone)

Criados em 1958 pelo quadrinista belga Pierre Culliford — conhecido como Peyo —, os Smurfs são um dos raros casos de personagens de HQs europeias que conquistaram o mundo e se transformaram em ícones da cultura pop global. Com seu visual inconfundível e um universo próprio, os pequenos seres azuis atravessaram décadas e mídias, do papel às telas, mantendo sua relevância com uma força impressionante. A estreia dos Smurfs aconteceu como coadjuvantes na história A Flauta de Seis Furos , da série Johan et Pirlouit , publicada na revista franco-belga Spirou . O sucesso foi imediato: os leitores ficaram fascinados com aquelas criaturinhas azuis, de fala estranha e comportamento coletivo. No ano seguinte, em 1959, eles ganharam sua própria série, e o nome original — Les Schtroumpfs — nasceu de uma brincadeira de Peyo ao esquecer a palavra “saleiro” durante um jantar com o também autor André Franquin: “passe-me o... schtroumpf ”. Ao longo dos anos 1960 e 1970, os Smurfs consolidaram sua...