As melhores republicações e clássicos dos quadrinhos publicados no Brasil em 2025

Em 2025, o mercado brasileiro de quadrinhos viveu um momento raro e especialmente significativo: clássicos fundamentais da história da mídia — europeus, norte-americanos e de diferentes tradições — voltaram às prateleiras em projetos editoriais consistentes, pensados para leitura contínua e para permanência na estante. Não se trata apenas de nostalgia, mas de acesso, organização e respeito ao material original.

A lista a seguir reúne as melhores republicações e publicações de clássicos dos quadrinhos lançadas no Brasil em 2025, levando em conta critérios que sempre nortearam a curadoria da Collectors Room: importância histórica da obra, qualidade narrativa, relevância cultural e, claro, o cuidado editorial das edições brasileiras. São projetos que corrigem lacunas antigas, resgatam fases essenciais e, em muitos casos, oferecem pela primeira vez uma leitura realmente definitiva para o público nacional.

Esses títulos representam movimentos editoriais importantes, capazes de formar novos leitores, reacender paixões antigas e reafirmar o valor dos quadrinhos como patrimônio cultural. Clássicos não envelhecem: eles aguardam o momento certo para serem lidos da forma correta. E, em 2025, esse momento finalmente chegou para muitos deles.

10 Tartarugas Ninja Coleção IDW

 A Coleção IDW das Tartarugas Ninja, publicada no Brasil pela Pipoca & Nanquim, entra com facilidade na lista de melhores do ano da Collectors Room. Até o momento, dois volumes já foram lançados, ambos em edições absolutas de alto padrão, com capa dura, ótimo papel e organização editorial que respeita a ordem ideal de leitura da fase.

O material reúne o que há de melhor na encarnação moderna das Tartarugas Ninja, iniciada pela IDW em 2011. Com Kevin Eastman diretamente envolvido, ao lado de Tom Waltz e um time artístico consistente, essa fase consegue algo raro: dialogar com a essência criada nos anos 1980 e, ao mesmo tempo, expandir a mitologia, aprofundando personagens, reformulando origens e dando peso dramático real às histórias.

Pela primeira vez, essa fase tão celebrada internacionalmente chega ao público brasileiro de forma organizada, cronológica e com acabamento à altura do conteúdo, algo fundamental para leitores e colecionadores. Não é apenas uma boa HQ de franquia: é uma longa narrativa coesa, pensada para ser lida como saga. 

9 Dylan Dog Gigante

A coleção Dylan Dog Gigante, iniciada no Brasil pela Editora Lorentz, garante presença com autoridade na lista de melhores do ano da Collectors Room. Até o momento, um volume foi publicado, trazendo ao leitor brasileiro uma das linhas mais cultuadas da história do personagem criado por Tiziano Sclavi para a Sergio Bonelli Editore.

Lançada originalmente na Itália em 1993, a série Gigante sempre ocupou um lugar especial dentro do universo de Dylan Dog por reunir histórias mais longas, densas e autorais, muitas vezes assinadas pelo próprio Sclavi. O volume inaugural reúne as histórias Totentanz, Crimes de Amor e O Dia do Juízo Final, três narrativas que exploram o horror psicológico, o romantismo trágico e a melancolia existencial que definem o personagem em seu melhor momento.

A edição brasileira acerta ao apostar em formato grande, capa dura e impressão cuidadosa, respeitando a proposta original e tratando o material como ele merece: um clássico do quadrinho europeu. Dylan Dog Gigante representa um resgate histórico aguardado há décadas, ampliando o acesso a uma fase essencial do Investigador do Pesadelo.

8 Martin Mystère

Em 2025, o Detetive do Impossível voltou ao mercado brasileiro em um projeto ambicioso desenvolvido pela Editora 85, claramente pensado para leitores e colecionadores. Dois volumes já foram publicados, dando início a uma republicação cronológica desde as primeiras aventuras de Martin Mystère criadas por Alfredo Castelli.

A proposta editorial é um dos grandes trunfos da coleção: volumes encadernados robustos, reunindo histórias completas em forma cronológica, com leitura fluida e respeitando a evolução narrativa da série. O material resgata o espírito clássico de Martin Mystère, aquela mistura envolvente de arqueologia, mistério, ficção científica e teorias conspiratórias, sem a fragmentação comum das antigas publicações brasileiras.

Outro ponto que pesa a favor é o cuidado gráfico, com capas retrabalhadas e apresentação moderna, mas sem descaracterizar a identidade original da obra. Trata-se de um resgate histórico importante, especialmente para um personagem que sempre teve uma base fiel de leitores no Brasil, mas raramente contou com edições realmente consistentes e contínuas.

7 Eightball Completo

Eightball Completo, publicado pela DarkSide, é daqueles lançamentos que entram automaticamente em qualquer lista de melhores do ano. Trata-se da primeira edição brasileira que reúne integralmente as 18 edições de Eightball, série criada por Daniel Clowes entre 1989 e 1997, em um único volume robusto e definitivo.

Eightball é um documento fundamental dos quadrinhos alternativos norte-americanos. Foi nessa revista que Clowes desenvolveu narrativas que redefiniram o quadrinho adulto contemporâneo, misturando humor ácido, desconforto, melancolia e uma crítica feroz ao vazio da vida moderna. Histórias como Ghost World nasceram aqui, mas o impacto da série vai além dos títulos mais conhecidos: cada edição funciona como um laboratório narrativo, testando limites formais e temáticos.

A edição da DarkSide acerta em cheio ao tratar o material com o respeito editorial que ele exige. O volume preserva a experiência original da revista, reunindo histórias, capas e materiais gráficos em uma apresentação sólida, pensada para leitura e também para coleção. É um livro que se impõe pelo conteúdo e pelo peso histórico.

6 Smurfs Integral 

A coleção Smurfs Integral, publicada pela Comix Zone, é um daqueles projetos que fazem brilhar os olhos de todo fã de quadrinhos. Dois volumes já foram lançados, dando início a uma edição integral e cronológica que, pela primeira vez, trata a obra de Peyo com o cuidado editorial que ela sempre mereceu no mercado brasileiro.

Mais do que personagens icônicos da cultura pop, os Smurfs representam um pilar do quadrinho franco-belga, combinando humor, fantasia e comentários sociais sutis em histórias que funcionam tanto para leitores jovens quanto para adultos. Lidas hoje, essas HQs revelam uma sofisticação narrativa e visual que vai muito além da imagem popular construída pelas animações e licenciamentos ao longo das décadas.

O acerto da Comix Zone está justamente em resgatar o material original em ordem cronológica, com capa dura, impressão impecável e tradução cuidadosa, permitindo acompanhar a evolução criativa de Peyo e de sua equipe. É uma coleção pensada para leitura contínua, mas também para permanência na estante.

5 Coleção Crepax

A Coleção Crepax, publicada pela Pipoca & Nanquim, é um dos projetos editoriais mais relevantes dos últimos anos. Quatro volumes já foram lançados, oferecendo ao leitor brasileiro um acesso consistente e de alto nível à obra de Guido Crepax, um dos autores mais influentes e inovadores da história dos quadrinhos.

A coleção evidencia por que Crepax segue atual. Sua narrativa fragmentada, o uso radical do enquadramento, a exploração do erotismo, do sonho e da psique humana colocam sua obra em um patamar artístico que transcende gêneros e rótulos. Personagens como Valentina não são apenas ícones estéticos, mas veículos para experimentação formal e temática.

O grande mérito da Pipoca & Nanquim está em tratar esse material com o cuidado editorial que ele exige. As edições em capa dura, com excelente impressão e organização temática inteligente, valorizam tanto as adaptações literárias quanto as histórias autorais, permitindo uma leitura fluida e contextualizada da obra.

4 Dylan Dog Omnibus

Dylan Dog Omnibus é o maior acerto da Mythos Editora nos últimos anos. Quatro volumes já foram lançados, reunindo de forma cronológica as primeiras histórias do Investigador do Pesadelo, exatamente o período em que Tiziano Sclavi consolida o tom, os temas e a identidade do personagem. E importante: muitas delas era inéditas no Brasil.

O formato omnibus se mostra ideal, pois permite acompanhar a evolução narrativa de Dylan Dog de maneira contínua. Aqui estão algumas das histórias mais importantes da série, responsáveis por definir o equilíbrio entre horror, humor ácido, melancolia e reflexão existencial que tornaram o personagem um ícone do quadrinho europeu.

A coleção é uma excelente porta de entrada clara tanto para novos leitores quanto para fãs antigos que desejam revisitar o início da série sem depender de edições antigas e fragmentadas. Não é uma coleção de luxo, mas é sólida, coerente e cumpre exatamente o que se propõe. Dylan Dog Omnibus é, acima de tudo, resgate e acesso.

3 Asterix Omnibus

Um clássico absoluto com projeto editorial funcional: assim é a coleção Asterix Omnibus, lançada pela Editora Record. Dois volumes já foram publicados, reunindo três álbuns por volume e apresentando, em ordem cronológica, algumas das histórias mais importantes da fase de René Goscinny e Albert Uderzo.

Ao concentrar arcos completos em um único livro, a leitura ganha fluidez e evidencia como o humor, a sátira histórica e o ritmo narrativo da série foram se refinando desde os primeiros álbuns. Mesmo décadas depois, as histórias seguem afiadas, inteligentes e surpreendentemente atuais, combinando aventura acessível com comentários sociais cheios de ironia.

Asterix Omnibus reforça por que a série é um dos pilares do quadrinho franco-belga e da cultura pop mundial. Pela importância histórica, pela qualidade das histórias e pelo formato bem pensado, a coleção se firma como um dos destaques do ano, essencial para leitores e colecionadores.

2 Tex Gigante 

Em 2025, a Mythos Editora deu início à republicação cronológica da série Tex Gigante, retomando desde o primeiro Texone italiano, agora com novo padrão gráfico e papel offset, valorizando ainda mais a arte dessas histórias especiais.

Tex Gigante sempre ocupou um lugar especial por apresentar aventuras fechadas, mais longas e ambiciosas, ilustradas por grandes nomes do quadrinho italiano e mundial, com liberdade estética e narrativa que foge do ritmo da série mensal.

A importância dessa republicação vai além do saudosismo. Ela permite que novos leitores tenham acesso ordenado a histórias que, durante anos, circularam de forma irregular ou se tornaram itens caros no mercado secundário.

Pelo peso histórico de Tex Gigante, pela qualidade das narrativas e pelo acerto editorial da Mythos em relançar a série com cuidado e planejamento, essa republicação se consolida com justiça entre os melhores do ano. Um clássico que volta a galopar no ritmo certo.

1 Thorgal

A chegada de Thorgal ao Brasil pela Pipoca & Nanquim é, sem exagero, um dos acontecimentos editoriais mais importantes da história do mercado de quadrinhos brasileiro. Criada por Jean Van Hamme e Grzegorz Rosinski, a série é um dos grandes pilares do quadrinho europeu, misturando aventura, mitologia nórdica, fantasia épica e ficção científica com uma maturidade narrativa que atravessa décadas sem perder força.

A proposta da editora é ambiciosa e certeira: publicar a fase clássica completa em quatro volumes, em capa dura, formato grande e impressão colorida, reunindo os primeiros álbuns da saga em ordem cronológica. Até o momento, o primeiro volume já foi lançado, apresentando o nascimento do personagem e estabelecendo os temas que tornariam Thorgal uma obra fundamental do gênero.

Trata-se da primeira edição brasileira realmente organizada e definitiva desses álbuns, muitos deles inéditos ou há décadas fora de catálogo no país. A leitura evidencia a força do roteiro de Van Hamme, que equilibra épico e intimismo, e a arte magistral de Rosinski, que constrói um universo visual rico, expressivo e atemporal.

Um clássico europeu finalmente tratado como merece no Brasil.