Voodoo Circle: review do álbum Broken Heart Syndrome (2011)!


Por João Renato Alves

Cotação: *****

Alex Beyrodt é, sem dúvida, um dos grandes nomes da guitarra na cena hard/heavy atual. Não à toa, possui uma folha corrida representativa, com trabalhos no Primal Fear, Sinner e Silent Force, apenas citando alguns mais conhecidos. Mas nenhum chega perto de seu projeto autoral, o Voodoo Circle.

E quem diria que após um primeiro disco espetacular, viria outro ainda melhor? Mas é exatamente o que acontece em Broken Heart Syndrome, que já pegou ficha para aparecer na festa dos melhores do ano na cena hard/heavy. Enquanto o álbum de estreia (auto-intitulado, de 2008) contava com claras influências 'Malmsteeneanas' nas composições, aqui Alex resolveu explorar um lado mais Blackmore de sua personalidade musical. Sendo assim, prepare-se para momentos que lembram o gênio temperamental, especialmente nos tempos do Rainbow. Outra grande referência é o Whitesnake, com David Readman literalmente incorporando David Coverdale em vários momentos. Aliás, essas duas bandas são citadas no selo colado na caixinha da versão européia do CD.

A abertura com “No Solution Blues” já mostra qual vai ser a linha seguida. Rockão acelerado, com alma setentista e pegada indefectível, daquelas que a gente acompanha o ritmo com o corpo. “King of Your Dreams” traz maior participação dos teclados e bela cadência, além de backing vocals encaixados com perfeição. Os primeiros minutos de “Devil’s Daughter” farão o ouvinte mais desatento pensar que entrou um disco do Deep Purple no playlist sem avisar. Melodia absurdamente boa, basta uma escutada para não sair nunca mais da cabeça. E os solos de Alex já nos fazem imaginar aquele cidadão com sua Stratocaster e o chapeuzinho nos 1970s!

A direta “This Could Be Paradise” poderia tranquilamente entrar no álbum Stranger in Us All (1995), do Rainbow - aliás, é melhor que boa parte daquele álbum. Hora da faixa-título, que se mostra um hard rock da maior qualidade, com uma levada se aproximando do metal, que conquista de cara. “When Destiny Calls” dá uma animada no clima, com seu estilo bem europeu oitentista, lembrando até o grupo principal de David Readman, o Pink Cream 69. E, após todas as influências que citamos, nada mais clichê que uma faixa chamada “Blind Man”, certo? Logicamente, só poderia se tratar de uma balada blueseira com ecos de Hammond ao fundo. Mas prevalece o bom gosto e a música vence qualquer resistência.

Hora de acelerar novamente, com a direta (e mais curta de todas) “Heal My Pain”, com o baterista Markus Kullmann espancando seu instrumento com categoria. O começo climático em “The Heavens are Burning” mostra mais uma vez a fonte onde Alex bebeu para gravar esse trabalho. Aqui seu lado power aparece timidamente, sem perder o foco da proposta principal. E tome melodia marcante!

Agora, chega a hora do susto total. É impressionante a semelhança vocal de Readman com David Coverdale em “Don’t Take My Heart”. Capaz de fazer qualquer um correr até os créditos para ver se não rolou uma participação especial. O som vai emocionar os admiradores da fase Slide It In. Praticamente um pênalti sem goleiro, não tem erro.

E para nocautear de vez, “I’m in Heaven”, remetendo de longe a “Street of Dreams”. Para mostrar que não abandonou completamente o jeito Malmsteen de ser, Alex traz em “Wings of Fury” uma música muito melhor que todas gravadas pelo sueco voador em seus lamentáveis discos recentes. Para fazer a alegria da turma do bululu!

Tracklist normal encerrado, hora da bônus “Strangers Lost in Time”. E o ‘yeah’ de Readman no começo faz o ouvinte se perguntar se Coverdale voltou para outra palhinha. Mas logo a sensação passa e ouvimos um hard/heavy inspirado, daqueles para se cantar junto, mostrando que o momento é tão inspirado que até o que fica de fora do pacote principal é digno de nota máxima.

Apesar de ser um projeto com dono, é interessante ressaltar que Alex não transforma o disco em uma exibição gratuita. Seu talento é usado a favor das músicas, além de todos os envolvidos possuírem espaço para brilhar. Com todos os atributos já citados, resta declarar que o Voodoo Circle gravou um álbum que tem tudo para figurar na lista de melhores do ano dos adeptos do estilo. Por enquanto, está no topo isolado e com méritos.

Vale cada centavo investido!


Faixas:
1. No Solution Blues
2. King of Your Dreams
3. Devil's Daughter
4. This Could Be Paradise
5. Broken Heart Syndrome
6. When Destiny Calls
7. Blind Man
8. Heal My Pain
9. The Heavens are Burning
10. Don't Take My Heart
11. I'm in Heaven
12. Wings of Fury
13. Strangers Lost in Time (Bonus Track)

Comentários

  1. Excelente disco, o melhor de 2011 até agora, essa troca do neo classico de Malmsteen pro de Sir Blackmore fez muito bem, eu tive algumas restrições em relação a esse album, por esse fator, Devil's Daughter me lembra You Keep On Moving, pricipalmente na linha de baixo rsrs
    dá impressão de que Coverdale sed juntou à Blackmore e lançaram um disco, e um otimo disco, que há muito eu não escutava...
    otima resenha,
    esse blog tá nos meus favoritos
    abs, Carlos

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