Ancient VVisdom: crítica de Deathlike (2013)


Banda que despontou como uma das mais promissoras nos últimos anos, os texanos do Ancient VVisdom vem crescendo gradativamente em popularidade graças à incomum proposta de mesclar occult rock com folk, de forma prioritariamente acústica, apenas com o suporte de texturas distorcidas e percussões ritualísticas.

Deathlike, o sucessor de A Godlike Inferno, foi lançado pela Prosthetic Records, tendo sido gravado novamente no Diamond Factory, em Austin, mantendo a parceria com os produtores Jason Buntz e Jack Control, que foram elementos decisivos na qualidade da sonoridade criada no debut.

Como se estivesse adentrando uma densa floresta através de uma única trilha meio apagada, em ritmo lento e cadenciado, a introdução "The Beginning" traz a necessária sensação de transe, essencial para "Let the End Begin", que soa como o início de um ritual, com todas as características já marcantes do Ancient VVisdom. Após o interlúdio "Life on Earth?", a faixa-título "Deathlike" figura fácil como um dos mais belos momentos da curta discografia da banda, integrando a atmosfera hipnótica, com toques de folk e melodias contemporâneas em perfeita harmonia com o instrumental obscuro.

"Far Beyond Good & Evil" traz um clima épico, como uma melancólica marcha de guerra em meio a cenários desolados e nublados, graças às texturas criadas entre a guitarra excessivamente distorcida e as camadas acústicas. Apesar de a primeira estar em segundo plano, funciona como um ótimo reforço no desenvolvimento da faixa, ao contrário de "I Am Rebirth", que vai direto às fontes (leia-se Black Sabbath) e, apesar de manter a identidade musical do grupo, soa semelhante ao occult rock em seus moldes mais tradicionais. Com sutis toques góticos, a curta "Look Alive" acaba soando mais como uma prévia para "Waiting to Die", uma faixa relativamente diferente em relação ao restante do álbum, chegando a lembrar (um pouco, mais ainda assim lembra) aqueles momentos em que bandas americanas modernas se arriscam a fazer versões acústicas de suas melhores músicas.

A influência de folk volta a aparecer, agora de forma predominante, na balada de atmosfera épica "Death or Victory", e no melancólico e surpreendente western "The Last Man on Earth", que apesar de inicialmente soar deslocada, mostra como eles conseguem levar a sua identidade também para outros estilos tranquilamente. A arrastada "Never Live Again" resgata uma latente influência das bandas de doom metal nos seus primórdios, carregada de melodias mórbidas, que levam a "Here is the Grave", onde o sentimento de estar participando de algum ritual torna-se palpável novamente, como se a faixa (e todo o disco) fosse o encerramento de uma intensa jornada desde o início, ainda que as relações não sejam tão claras.

E talvez o grande segredo na música do Ancient Vvisdom seja exatamente tentar estabelecer a relação com a sonoridade. Os americanos praticamente criaram uma identidade singular, e gradativamente estão aprimorando (ainda que de forma tímida) com a inserção de variados elementos, surpreendendo de formas diferentes à cada faixa. As letras soturnas, apesar de comuns no estilo, recebem uma interpretação excelente por parte do vocalista Nathan Opposition, mais um fator responsável para tornar a audição de Deathlike um evento agradável, uma viagem harmoniosa, apesar da atmosfera carregada e melancólica que é criada ao longo do disco.

Nota 9


Faixas:
01. The Beginning
02. Let The End Begin
03. Life On Earth?
04. Deathlike
05. Far Beyond Good & Evil
06. I Am Rebirth
07. Look Alive
08. Waiting To Die
09. Death Or Victory
10. The Last Man On Earth
11. Never Live Again
12. Here Is The Grave

Por Rodrigo Carvalho, do Progcast

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