Veredito Collectors Room: Violator - Scenarios of Brutality (2013)

Segunda edição do Veredito Collectors Room, seção onde nossa equipe analisa, de forma coletiva, aquele que julgamos ser o principal disco lançado nos últimos trinta dias.

Aqui vamos falar do novo álbum da banda brasileira Violator, Scenarios of Brutality. O terceiro disco do grupo foi lançado na metade de julho pela Kill Again Records e traz a sonoridade característica do quarteto: retrô thrash calcado na velocidade e agressividade.

Guilherme Gonçalves, Ricardo Seelig, Nelson Júnior e Rodrigo Carvalho escreveram abaixo, cada um, as suas opiniões sobre Scenarios of Brutality. Com base na avaliação e na nota atribuída por cada um dos nossos redatores chegamos a uma média final, que está no fim deste texto.

Gostaríamos de saber também a sua opinião sobre o novo disco do Violator. Para isso, use os comentários e conte o que achou do album para a gente.


Novo álbum do Violator, Scenarios of Brutality é uma espécie de fusão entre Extreme Agression (1989), do Kreator, e Beneath the Remains (1989), do Sepultura. Lançado em 10 de julho pela Kill Again Records, de Ceilândia, no Distrito Federal, o disco assume, inevitavelmente, um papel peculiar. Ao mesmo tempo em que revigora toda a proposta da banda brasiliense, contribui também para destruir o que a mesma ajudou a criar, mas que, de certa forma, havia saído do controle. Uma aniquilação proposital daquilo que já não fazia mais tanto sentido. Um amadurecimento. Não se trata de "esqueça tudo o que você já ouviu a respeito do Violator". Seria um equívoco, obviamente. A banda não mudou em nada sua essência thrash 80's. Contudo, Scenarios of Brutality apresenta novos caminhos e possibilidades dentro de uma sonoridade intensa e levada às últimas consequências. Como reflexo, enterra o desgastado revival do gênero ao provar algo que já era claro: resgatar não é emular. E é bem fácil separar quem é quem. Nota 9,5 (Guilherme Gonçalves)

Tive que ouvir esse disco várias vezes. Me incomoda no Violator a velocidade constante, que me transmite a sensação de que as músicas não possuem muita variação entre elas. Essa característica foi diminuída em Scenarios of Brutality, apesar de o pé continuar no fundo a maior parte do tempo. Parafraseando uma frase de Tony Iommi, falta ao Violator o contraste causado pela luz e sombra. Nas palavras do criador do heavy metal:Se você faz uma música pesada do início ao fim, ninguém perceberá o quão pesada ela é. Mas se você inserir trechos mais calmos no meio da canção, quando você retornar com o peso ele será avassalador”. No caso do Violator, troque o peso pela velocidade. Uma variação maior dentro das faixas, com trechos com dinâmicas diferentes, seria muito interessante e enriqueceria a música do quarteto. Apesar do foco quase exclusivo na velocidade, canções como “Dead to This World”, “Waiting to Exhale” e “Unstoppable Slaughter” conseguem fugir da estrutura padrão que torna a maioria das composições não só deste disco, mas de toda a trajetória do Violator, bastante semelhantes. Por tudo isso, Scenarios of Brutality acaba, na minha opinião, sendo um disco indicado apenas para fãs de thrash metal com pegada oitentista, e nada além disso. O que, ao meu ver, é uma pena, já que a banda mostra lampejos criativos que fazem crer que poderia alçar vôos muito mais altos. Nota 5 (Ricardo Seelig)

É difícil imaginar que apenas uma pessoa está tocando bateria.  A loucura das baquetas, que são as rédeas do terceiro disco do Violator, deixa o ouvinte básico - que assim como eu conhece de perto apenas os pilares do thrash metal - desnorteado, procurando uma referência para não se perder no meio de tanto som. E a bateria me guiou nesse “caos”. Bastou uma segunda audição para perceber a ordem da banda brasileira que ouvi pela primeira vez. O Violator sabe usar suas qualidades para criar composições que se completam, que não ganham o ouvinte apenas por serem cada vez mais velozes. Preste atenção em “Dead to this World”, “Waiting to Exhale” e na instrumental “Death Descends (Upon This World)". Nota 8 (Nelson Júnior)  

Se em alguns aspectos o revival do thrash metal refletiu de forma extremamente positiva para o cenário da época (lá pelos idos da primeira metade da década passada), revelando ótimas bandas que resgatavam as raízes do estilo ao mesmo tempo em que nomes clássicos lançavam discos com linhas de raciocínio parecido, ele também apresentou uma curva de ascensão e queda extremamente agressiva, atingindo o estopim e a saturação de toda uma ideia em apenas alguns anos. E no Brasil (que em determinados pontos, nunca superou a década de oitenta por completo), o Violator pode facilmente ser considerado um de seus nomes mais relevantes, com seus discos obtendo reconhecimento inclusive fora do país. O seu novo disco, Scenarios of Brutality, mantém praticamente o mesmo caminho já trilhado à exaustão não apenas por eles, mas ao longo de várias gerações despretensiosas e/ou saudosistas. O terceiro álbum dos brasilienses apresenta uma notável e acertadíssima produção cristalina e equilibrada, para um thrash metal classudo, reto e de temas constantes, que crava os dois pés na cena teutônica ao mesmo tempo em que olha fixamente para a Bay Area, em um resultado que se não é genial, cumpre o seu papel de forma ok. Por outro lado, de discos que entregam apenas o essencial, o mercado está transbordando. A não ser que a meta do Violator seja manter sempre a mesma sonoridade, igual a todas as outras bandas, uma tentativa de incluir alguns elementos diferentes e fugir do marasmo de obviedade seria muito bem vinda, mostrando de uma vez por todas que eles definitivamente têm algo a dizer. A mim, pelo menos, ainda não foi dessa vez. Nota 6,5 (Rodrigo Carvalho)

Com base em todos esses textos, que emitem as opiniões individuais de toda a nossa equipe, chegamos à um veredito sobre Scenarios of Brutality.

O nosso veredito final é: 7,25

E o de vocês?

Por Ricardo Seelig

Comentários

  1. Achei o álbum ótimo. A produção do Andy Classen deixou o som da banda no ponto ideal, com todos os instrumentos bem audíveis. E o vocal do Poney melhorou muito em relação ao Annihilation Process. É umas das melhores bandas de Thrash, top 5, de todo esse revival do estilo.

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  2. Pô Ricardo Seelig esse lance de música pesada com partes mais calmas não dá pra engolir não,exemplos são as bandas Slipknot e Avenged Sevenfold(sei que são estilos diferentes),chaaatos,as músicas começam pesadas e descambam pra um refrão mela cueca.

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  3. Quanto a isso a respeito de música pesada com partes mais calmas, é algo bastante duvidoso.

    Scenarios of Brutality é muito rápido por conta da essência da Violator, que propõe fazer um puro thrash metal, como bandas como Vio-lence, Exodus e etc sempre fizeram. Aliás, se notar nos melhores álbuns do Exodus, perceberá que quase não há o pé no freio; é tudo muito acelerado e puro e, sim, com variações rítmicas, e ainda assim não deixaram de fazer o que sempre fizeram muito bem - os álbuns recentes são sensacionais, por exemplo. Som simples, sem frescura e que transmite fúria e música para mentes nervosas - basicamente a essência do thrash metal.

    A proposta do Violator é essa, sempre foi; Scenarios of Brutality amadurece esse conceito, que pode ser notado na produção, na evolução dos vocais e das composições mais sólidas... e, claro, em muita, muita fúria sendo propagada do terceiro mundo para os outros cantos do mundo - Endless Tyrannies.

    O conceito de Tony Iommi não faz de uma música menos ou mais pesada; somente torna tudo mais fácil para o ouvinte assimilar, além de lhe garantir um estilo próprio, o que não quer dizer que traz superioridade - quer dizer, são estilos e estilos, dois corpos com claras semelhanças, mas ainda assim dois corpos diferentes que realizam trabalhos diferentes.

    Enfim, o tipo de álbum que cresce a cada audição. Tive a mesma sensação que tive ao ouvir pela primeira vez Bonded by Blood e Eternal Nightmare: rápido demais para ser compreendido em primeiro contato, porém convidativo a novas audições para um amadurecimento no ouvinte - e, comigo, conseguiu.

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  4. Guilherme Gonçalves traduziu em sua resenha tudo o que penso. Bem por aí.

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  5. Bom, uma coisa por vez...

    O álbum é sem dúvida o ápice na carreira do Violator, muito bom mesmo, thrash total!!!

    Não vejo ponto negativo nele.

    A resenha feita na semana passada foi perfeita, descreve o álbum e a fase da banda com perfeição.

    Agora, serei obrigado a discordar, da maneira mais humilde que se possa existir, do mestre Tony Iommi, o qual estou lendo sua biografia (e aguardando resenha da mesma aqui no blog) neste momento. Vai muito de quem cria, de quem ouve e de como ouve a música.

    Eu, por exemplo gosto de álbuns mais "retos" digamos, igual esse do Violator, como os do Motorhead, ACDC e assim vai...

    Por outro lado, sou fãnzaço do Dream Theater..rs Paradoxal né...rs

    Mas voltando ao foco do post... Hoje eu vejo, ouço na realidade, o Kreator, Destruction, Testament (principalmente esses últimos três), o Sodom, Tankard, Slayer fazerem um Thrash Metal com muitas nuances clássicas, mas com uma roupagem e sonoridade bem moderna. Ruim? De maneira alguma. Isso se chama evolução.

    Mas vejam, eles se desapegaram do passado, evoluíram, soam modernos e fazem Thrash Metal.

    A grande sacada do Violator é não se desprender do passado, fazer um som "reto" mas não enjoativo, bem anos 80 e com nuances modernas (aí está a sacada da coisa) sem soarem datados e com cara de "cópia barata" do que foram os anos 80.

    Acho que as guitarras se destacaram demais nesse álbum, os riffs estão muito legais.

    Mas a evolução no vocal e na bateria é latente.

    Longa vida ao Violator!!

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  6. Achei o trabalho o melhor do Violator e se propõe justamente a fazer o que a banda tem de melhor, o "tal" Thrash Metal Old Scool, achei os riffs muito, mas muito bons, apesar de parecer meio clichê esse tipo de som agrada bastante quem curte, no caso quem vos escreve,e acho que o Blues quanto estilo também é cheio de clichê, assim como o Jazz,os Stones, e tantos outros.
    Mas sinto uma evolução enorme tanto musical como no sentido de produção de trabalho da banda.
    Minha nota : 8,0

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  7. Thrash Metal e Power Metal. Dois subgêneros extremamente problemáticos. As vezes fica a impressão que os dois já deram o que tinha que dar. Que os bons e grandes discos já foram feitos e que hoje só restam as infindáveis cópias.

    Não sei, acho que é algo muito subjetivo tb. Mas faz muito tempo que não me empolgo com praticamente nada que é puramente Thrash ou Power Metal.

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  8. legal as opiniões.

    tô mais com o Guilherme. esse revival trash, pelo (pouquíssimo) que conheço, parece tender a uma emulação pura e simples que é meio difícil de ouvir. só serve pra quem tá nessa até os osso. quem não tá, como eu, ouve no máximo de passagem e pula pra outra coisa.

    Violator vai um pouco à frente disso.

    e o Tony Iommi tá certíssimo no conceito dele, mas PRA ELE, né. heheh. serve pra ele, e como serve, mas não acho que seja uma verdade universal.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. rapaz, o pessoal fala que violator faz "revival" dos anos 80 não gosto desse termo eu acho que a banda só faz um som que muitas pararam de fazer com velocidade e energia

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