Review: Murilo Sá & Grande Elenco - Durango! (2016)



Pra onde vai o mundo? Pra onde vai o mundo? Onde é que ele vai? Onde é que ele vai?”. Há 30 anos, Os Replicantes já se preocupavam com o rumo de tudo isso que está aí, como mostram os versos de “A Verdadeira Corrida Espacial”, faixa presente em seu clássico disco de estreia, O Futuro é Vortex (1986).

Independente do destino, a trilha sonora está garantida graças a nomes como Murilo Sá. Lançando seu segundo álbum, o multiinstrumentista baiano deixa claro o amadurecimento em relação ao trabalho de estreia, Sentido Centro (2014). Durango!, que sai no início de setembro, é um mergulho em diferentes influências lisérgicas e psicodélicas, devidamente domesticadas pelo apelo pop onipresente. Com belas melodias e interpretações bastante pessoais, Murilo proporciona uma audição recompensadora ao ouvinte.

Cercado por grandes músicos - Charly Coombes (teclados, ex-Supergrass), Pedro Pelotas (teclados, Cachorro Grande), Gabriel Guedes (guitarra, Pata de Elefante), Tomas Oliveira (baixo, Mustache & Os Apaches) e muitos outros -, Murilo Sá comanda uma banda afiada e que deseja voar alto. Partindo na maioria das vezes das teclas do piano, teclado ou do bom e velho Rhodes, as músicas conseguem transmitir, ao mesmo tempo, um clima atual e vintage. 



As doze faixas do play trazem letras que relatam causos do cotidiano, como crônicas urbanas muito bem construídas. Seguindo algo que é até meio cultural no rock natural do Rio Grande do Sul, a ascendência da típica sonoridade inglesa sessentista bate ponto durante todo o disco, com ecos de grandes nomes do período como Beatles, The Who, Kinks e afins, porém essas influências caminham em direção a um resultado contemporâneo, que passa longe de soar datado. E, no meio disso tudo, ainda surgem inspirações próximas de Sá, como o recentemente falecido Júpiter Maçã.


Sempre com boas ideias, Murilo Sá & Grande Elenco conseguem brindar os ouvidos de quem topa com Durango! com canções bastante fortes, e isso fica claro em “Pra Me Fazer Feliz”, “Guardanapo Azul”, a deliciosa “As Coisas Que Só Você Vê”, “Modo Automático” e a bela “Quando Precisar de Alguém”. 

Comentários