Review: Uganga - Opressor (2014)



Opressor, quarto álbum do Uganga, foi lançado originalmente em 2014. O disco é o sucessor do ótimo Vol. 3: Caos Carma Conceito, de 2010 - completam a discografia da banda a estreia Atitude Lótus (2003) e Na Trilha do Homem de Bem (2006), além do ao vivo Eurocaos (2013). E por que o review tá saindo só agora, você deve estar se perguntando? Porque recebi o disco apenas este ano e, acima de tudo, porque o Uganga é uma banda tão peculiar e com um trabalho tão acima da média que merece toda divulgação possível, ainda que um tanto tardia, como acontece aqui.

O álbum foi gravado no Rocklab, estúdio localizado em Goiânia, e tem a produção - ótima, por sinal - assinada por Gustavo Vazquez. A proposta segue a mesma: thrash metal unido ao hardcore, cantado em português (a única exceção é “Who Are the True?”) e com um nível de qualidade que beira a estratosfera. São treze faixas agressivas e inspiradas, que trazem Manu Joker (vocal), Christian (guitarra), Thiago (guitarra), Murcego (guitarra), Ras (baixo) e Marco (bateria) dando um grande passo em relação ao disco de 2010. A evolução é explícita, com a sonoridade berrando de forma ainda mais desenvolvida e eficiente que no álbum anterior.



O crossover entre o thrash e o hardcore é a base de uma musicalidade cheia de personalidade própria, e que também arrisca passos além desses dois gêneros. Ainda que com uma presença menor de elementos brasileiros, Opressor segue mantendo essa agradável característica. Outro ponto a ressaltar é a aproximação com elementos do black metal, gênero de origem de Manu Joker, ex-baterista do Sarcófago, na pedrada “Moleque de Pedra”, verificada tanto nos guturais que permeiam a faixa como em sua própria estrutura instrumental, que varia entre momentos que beiram o death e outros onde a bateria pisa no fundo e despeja blast beats.

Um dos pontos fortes do Uganga é a imensa capacidade de criar ritmos fortes e contagiantes, sustentados pelo fenomenal trabalho da dupla baixo-bateria e esculpidos com precisão pelo trampo cirúrgico das guitarras, seja através dos riffs inspirados, das bases pesadas ou dos solos fortes.

O resultado final é um disco ainda melhor que o anterior. Opressor é excelente em diversos aspectos, evidenciando as várias qualidades do Uganga e colocando a banda em uma posição de destaque na cena brasileira. Inovadores e originais, os mineiros honram a rica tradição metálica de Minas Gerais olhando para o futuro. 

Se você ainda não ouviu, vá já atrás!

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