Review: Stream of Passion - Memento (2016)


Formado em 2005 pelo virtuoso guitarrista Arjen Anthony Lucassen (Ayreon, The Gentle Storm), o grupo holandês Stream of Passion lançou naquele ano o seu álbum de estreia, Embrace the Storm, trazendo todas as melodias compostas por Lucassen e as letras de uma soprano mexicana de linda beleza e voz, chamada Marcela Bovio.

De lá pra cá o sexteto se modificou. O próprio Lucassen deixou o grupo, indo se dedicar com maior afinco ao seu projeto de metal progressivo, o Ayreon. Todavia, e felizmente, Marcela ficou e nunca sairia até o fim da banda, anunciado em abril do ano passado via Facebook.

Mas faltava um ato final, um gran finale, um epílogo para fechar o legado. Ele veio com um show irretocável (ou quase), em Amstelveen, Holanda, no mês de setembro passado, registrado e lançado em um CD/DVD intitulado Memento, que chegou em dezembro último.

Disse quase irretocável apenas por lamentar as ausências de três excelentes canções: "Passion", (do álbum de estreia supracitado), "Run Away" e "Games We Play” (ambas do disco seguinte, The Flame Within, de 2009). Excetuando-se tal observação, o registro é de se tirar o chapéu, com toda a congratulação. Todas as outras grandes canções do grupo estão presentes, com direito a duas na língua espanhola - idioma pátrio da frontwoman Marcela Bovio , "Nostalgia" e "Delírio", músicas lindas para se apreciar com máxima atenção e concentração.

O espanhol também pode ser ouvido em diversos outros momentos da apresentação, tais como o prólogo que Marcela faz ao iniciar a execução de "Lost", uma das melhores composições do Stream of Passion, senão a melhor.

A apresentação ainda trouxe dois ótimos covers: "Street Spirit", sucesso do Radiohead, em excepcional versão metal sinfônica, e "I Have a Right", do grupo Sonata Arctica. Vale destacar a ótima performance dos músicos, sobretudo o baterista Martijn Peters e da dupla de guitarristas Eric Hazebroek e Stephan Schultz.

A prima donna ruiva Marcela Bovio é um capítulo inteiro à parte. Cantora de mão cheia tanto para os timbres lascivos e agressivos do rock bem como para a maciez lírica do canto clássico (e ainda toca violino), sem contar o carisma, simpatia e sua aura latina que facilita - e muito - o seu lidar com o público.

A banda navegou seu gothic e symphonic metal progressivo por toda a apresentação num clima de absoluto fervor e uma atmosfera intensa, contudo pairando a angustiante sensação de perda, aquele clima de que tudo se esvairá e chegará ao fim, ou seja, um conceito tematizado pela própria banda em boa parte de suas obras. Tudo soou perfeito.

Vale a pena ver, ouvir e ter na coleção.



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