Review: Zé Bigode - Fluxo (2017)


O Brasil é um país musical. Sempre foi e sempre será. Ainda que hoje em dia a música popular brasileira, ou melhor, a música que é popular entre os brasileiros, seja de uma qualidade sofrível, o país segue pulsando no ritmo dos bons sons. Basta deixar a preguiça de lado e raspar um pouquinho a casca do que chega até os ouvidos para perceber isso.

O Zé Bigode á um exemplo desta qualidade inequívoca e inerente à música brasileira. Ainda que o  guitarrista Zé Bigode seja o idealizador do projeto e tenha o seu nome estampado na capa, estamos falando, na prática, de um grupo formado por quinze excelentes instrumentistas. O idioma musical apresentado em Fluxo, primeiro disco da turma, é universal: música instrumental construída a partir de influências de jazz, samba, baião, reggae e inegáveis elementos africanos e cubanos.

São oito faixas que partem de temas e harmonias concebidos por Zé Bigode, mas que tem os arranjos desenvolvidos de forma coletiva - a única exceção é "Marijuana Monamour", escrita por Fernando Grilo. Tudo ao vivo no estúdio, com solos tocados de improviso durante a captação. Isso faz com que tenhamos uma sonoridade não apenas pulsante, mas extremamente viva e contagiante.

Musicalmente, Fluxo agradará em cheio quem é fã dos primeiros discos da Banda Black Rio por exemplo, só pra usar uma referência mais antiga, e também quem aprecia a sonoridade dos paulistas do Bixiga 70, indo no outro extremo e trazendo pra roda uma referência contemporânea.

Deliciosamente musical, Fluxo é um trabalho riquíssimo e que tem como elemento principal a guitarra jazzística de Zé Bigode e a dupla de metais formada por Victor Lemos (saxofone) e Thiago Garcia (trompete), que brilham durante todo o álbum, seja nas harmonias ou nos solos. E o resto da banda não fica atrás, despejando groove e feeling em cada canção.

Este é um dos melhores discos gravados aqui no Brasil neste ano de 2017. Se você gosta de boa música e não tem medo de ir além, ouça e descubra um trabalho incrível.




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