Review: Instinto Animal - Vertigem (2016)


Formado em São Paulo em 2013, o Instinto Animal lançou o seu primeiro disco no final de 2016, trabalho esse que somente agora chegou às minhas mãos. E meu amigo, se você gosta de rock, eis aqui um CD com todos os ingredientes para agradar os seus ouvidos.

A proposta do trio formado por Leo Fernandes (vocal e guitarra), Urso (baixo) e Dani Martins (bateria) é entregar um rock construído a partir de riffs que remetem à sonoridade clássica do estilo, tendo como principais influências ícones como Black Sabbath, Led Zeppelin e todo o panteão do hardão setentista. Além disso, fica evidente que os caras também bebem muito na linha do hard contemporâneo saudosista, na escola de bandas como o Wolfmother, por exemplo.

Nesse aspecto, a formatação guitarra-baixo-bateria voa alto, criando uma sonoridade orgânica e pesada, onde a guitarra dita os caminhos sonoros enquanto baixo e bateria tecem interações constantes. Por cima de tudo, a voz aguda de Fernandes canta letras sobre temas do cotidiano, facilitando a assimilação do discurso proposto pela banda.

Com uma produção que não deve nada a nomes muito mais conhecidos, Vertigem traz onze faixas diretas ao ponto, que transbordam energia e fazem o coração bater mais forte. De modo geral, a sonoridade do trio agradará quem curte o trabalho dos ótimos Carro Bomba e Baranga, por exemplo, ainda que seja menos pesado que o primeiro e não apresente tantas influências de blues como o segundo.

Há também momentos mais intimistas, como a bonita “Novo Começo”, onde outra das qualidades da banda salta aos ouvidos: a maturidade para explorar as características que o formato power trio oferece. A canção é cheia de espaços onde um instrumento se sobressai aos outros, em saudáveis momentos que permitem que a música sempre respire. Outro ponto de destaque é o belo solo de Leo Fernandes, algo que se repara em todo o trabalho e que em “Novo Começo”, até pela abordagem mais calma e menos acelerada, acaba ficando mais evidente. Essa característica mais contemplativa, digamos assim, aparece também em músicas como “Fora de Lei” e “O Fim”, ambas com evidentes ecos psicodélicos. A segunda, inclusive, me trouxe à mente a recordação do soturno Presence, lançado pelo Led Zeppelin em 1976 e cheio de blues tortos como “For Your Life” e “Tea for One”. 

Em Vertigem temos a estreia da uma banda pra lá de promissora, que mostra talento para construir uma carreira que só tem a crescer nos próximos anos. Conheça e apoie o som dos caras, porque eles realmente merecem todo o reconhecimento possível.





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