Review: Hatefulmurder - Red Eyes (2017)


Ninguém consegue ouvir tudo. Ninguém conhece tudo. Ninguém sabe tudo. Já começo esse texto assumindo a mea culpa: nunca tinha escutado o Hatefulmurder, apesar de a banda carioca estar na estrada há quase dez anos. Azar o meu por não ter descoberto o grupo antes, e sorte a minha por finalmente ouvir a sua música.

O Hatefulmurder lançou em março deste ano o seu segundo disco, Red Eyes, sucessor de No Peace (2014). O álbum marca a estreia da vocalista Angélica Burns. Completam a formação Renan Campos (guitarra e backing vocal), Felipe Modesto (baixo) e Thomás Martin (bateria). A excelente produção é de João Milliet, que já assinou trabalhos de bandas como Angra, Gloria e Raimundos.

O que temos nas nove faixas de Red Eyes é um death metal melódico que bebe na escola sueca do gênero, principalmente em nomes como In Flames, Soilwork e Arch Enemy. Aliás, para facilitar o entendimento do que o ouvinte encontrará no CD, pode-se dizer que o Hatefulmurder é uma espécie de Arch Enemy brasileiro, trilhando o mesmo caminho sonoro da banda de Michael Amott.

É um disco muito bem feito, com um belo trabalho de guitarra e uma ótima interação entre baixo e bateria, responsáveis por manter a música da banda sempre pulsando. E os vocais de Angélica são a cereja do bolo, tornando tudo ainda mais agressivo. Me incomodou um pouco a inserção, em algumas faixas, da voz limpa do guitarrista Renan Campos, que ao meu ver não casa com a proposta apresentada. Não há problema nenhum em explorar o conceito “beauty and the beast” (mesmo que de maneira inversa, com os vocais femininos sendo os responsáveis pelas vozes guturais), mas o problema é que Campos, como vocalista, é um ótimo guitarrista. Quando a interação se dá com Mayara Puertas, do Torture Squad, em “Time Enough at Last”, por exemplo, a coisa toda vai para outro nível.

Red Eyes é um ótimo disco, que me surpreendeu muito positivamente. Suas nove faixas trazem pouco mais de 30 minutos de um metal forte, violento e cativante, que demonstra toda a capacidade deste quarteto carioca. 

Ah, quase esqueço: não posso encerrar esse review sem comentar a bela capa. 

Recomendadíssimo, principalmente se você curte Arch Enemy e afins.

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