Review: Oceans of Slumber - The Banished Heart (2018)


Criado em Houston, no Texas, em 2011, o Oceans of Slumber chega a seu terceiro disco. The Banished Heart foi lançado no início de março e é o sucessor do ótimo Winter (2016). O trabalho é o segundo a contar com a vocalista Cammie Gilbert, na banda desde 2015.

The Banished Heart traz onze faixas em pouco mais de 1 hora de música. Mas trata-se de 1 hora intensa e repleta de emoções. Aliás, ouvindo tanto este novo trabalho como o disco anterior, dá pra definir o som do Oceans of Slumber como “metal emocional”, já que os texanos transitam pela enorme gama de possibilidades do metal para explorar diversos sentimentos em suas músicas. De trechos mais contemplativos a explosões sonoras, com direito a momentos onde esses dois opostos andam juntos, o grupo entrega um álbum denso e repleto de camadas.

O disco não é indicado para uma audição ocasional. É preciso estar no clima para ouvir The Banished Heart. E quanto eu digo isso não estou procurando uma desculpa para justificar a minha opinião. A questão é que não dá pra colocar o álbum no meio da correria do dia a dia, sob o risco de achar tudo “muito devagar e calmo, até mesmo chato e pretencioso”, quando na verdade estamos bem longe disso. A atmosfera contemplativa permeia todo o trabalho assim como já havia feito no disco anterior, mas aqui há um equilíbrio maior em relação aos momentos mais extremos, onde os vocais guturais do guitarrista Sean Gary fazem companhia à linda voz de Gilbert. E tudo isso com direito à uma profusão de blast beats e pegadas instrumentais dignas de black metal.

Inegavelmente, o Oceans of Slumber está desbravando um caminho novo em seus dois últimos álbuns. Ainda que apresente inequívocas influências de bandas como My Dying Bride e Anathema em sua sonoridade, a maneira como o grupo tece a sua teia sonora é admirável, aproximando as mais variadas influências na construção de uma música que é instrumentalmente rica e desafiadora, e ao mesmo tempo fortemente emocional.

Poucos discos, hoje em dia, consegue proporcionar ao ouvinte uma experiência mais ampla e não limitada a apenas um ou dois singles. Vivemos em um tempo em que uma faixa isolada tem mais impacto do que uma obra pensada para funcionar como um todo. Traduzindo: vivemos em uma época onde a força está voltando para músicas específicas, em detrimento de todo o conceito e ideia que envolvem um álbum completo. Poucas bandas atuais estão explorando seus discos como veículos que funcionam como ferramentas para transmitir suas visões artísticas. A maioria lança um álbum com dez, onze faixas, onde uma ou duas se destacam - quando muito - e as demais estão ali apenas para preencher o espaço. O que temos em The Banished Heart, além de um trabalho de uma beleza estonteante, é um álbum que retoma a função de sua própria forma, levando o ouvinte em uma jornada por um universo construído por suas músicas e que se revela muito maior do que a soma de suas partes. 

Forte e denso, sim, e também desafiador ao tirar o ouvinte de seu mundo, desacelerando o seu cotidiano e o colocando em uma dimensão diferente. The Banished Heart é mais uma prova do imenso talento de Oceans of Slumber. 

Um dos melhores e mais bonitos discos do ano, vá com fé!

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