Review: Paladin – Ascension (2019)



Ascension, disco de estreia da banda norte-americana Paladin, foi lançado em meados de maio. E se você é fã de heavy metal, é bom dar uma parada e conferir o trabalho do quarteto formado por Taylor Washington (vocal e guitarra), Alex Parra (guitarra), Ian Flürrance (vocal e baixo) e Nathan McKinney (bateria).

O motivo para isso é simples. A banda pega características do que de melhor o metal produziu nas últimas décadas – elementos da NWOBHM, a melodia do power metal e a rifferama do thrash, além da energia, agressividade e peso inerentes ao próprio gênero -, coloca tudo em um mesmo caldeirão e sai com uma sonoridade cativante, cheia de personalidade e com potencial para conquistar legiões de fãs.

Ascension é apenas o primeiro disco dos caras, traz onze músicas espalhadas por cinquenta minutos e é desde já um dos grandes eventos do universo do metal em 2019. A voz de Washington varia entre os tons altos a la Michael Kiske e a dramaticidade de Fabio Lione – aliás, o timbre é semelhante ao do italiano. As guitarras são uma mistura muito bem desenvolvida entre a abordagem do metal melódico e do thrash metal. Os duetos de seis cordas são abundantes, as melodias transbordam, e os momentos mais pesados poderiam muito bem estar em um álbum do Exodus ou do Overkill. A cozinha bebe na exuberância técnica do power metal, com andamentos geralmente velozes e uma interação profunda entre baixo e bateria.

Há de se destacar as vozes guturais, a cargo de Flürrance, que geralmente apenas complementam o vocal principal de Washington, inserindo ainda mais agressividade ao som do Paladin. Mas, quanto assumem a linha de frente em “Bury the Light”, por exemplo, bebem fundo nos melhores momentos de nomes como Children of Bodom e o In Flames dos primeiros anos. Aliás, essa música em particular possui longas passagens instrumentais que irão levar ao delírio quem curte o lado mais clássico da New Wave of British Heavy Metal.

Do outro lado da moeda, a banda possui também uma faceta mais alinhada com os anos dourados do thrash metal da Bay Area, como “Shoot for the Sun” não se furta em mostrar. Sem exagero, trata-se uma música que poderia figurar tranquilamente em um álbum do Megadeth ou do Death Angel e não faria feio. Em certos momentos, não é estranho imaginar que o Paladin soa como se o Dream Theater, ao invés de ter sido formado em Long Island, tivesse surgido nas praias de San Francisco durante o boom do thrash.

Destaques são fartos: a empática “Divine Providence”, a proximidade com o death melódico sueco em “Carpe Diem”, o power thrash melódico de “Fall from Grace”, a ótima “Bury the Light” (a minha preferida), o megadethiana “Shoot for the Sun”, a pegada Helloween de “Vagrant” e o impressionante encerramento com “Genesis”, com mudanças de climas e lindas melodias de guitarra, única música do disco a ultrapassar a barreira dos seis minutos.

Ao final da audição de Ascension, fica a agradável sensação de ter ouvido um disco que ficará para a história. Se você é fã de metal, não deixe passar!

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