Review: Tuatha de Danann – The Tribes of Witching Souls (2019)



Na ativa desde 1994, o Tuatha de Danann é uma das bandas brasileiras de metal mais tradicionais, e dona de uma sonoridade pra lá de original. Natural da Varginha, o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista Bruno Maia sempre se destacou por executar um folk metal cativante, repleto de ótimas melodias e grandes canções.

Após um intervalo de quatro anos em relação ao último trabalho, Dawn of a New Sun (2015), a banda soltou no início deste ano o EP The Tribes of Witching Souls, que saiu pela Heavy Metal Rock em um bonito digipack com encarte e letras. O disco traz sete faixas e mais duas bônus tracks. Cinco dessas canções são inéditas, enquanto “Tan Pinga Ra Tan” é uma regravação do primeiro álbum – Tingaralatingadun (2001) – com as participações de Nita Rodrigues (Bud Pump) e Fernanda Lira (Nervosa) e “Outcry” é uma nova versão acústica para a música presente em Dawn of a New Sun. As bônus são a versão demo de “Rhymes Against Humanity”, do álbum de 2015, e a demo instrumental da música título do EP.

Produzido pelo próprio Bruno Maia (responsável por vocal, guitarra, viola, banjo, flauta e outros instrumentos), The Tribes of Witching Souls traz o Tuatha de Danann completado pelo baixista Giovani Gomes  e pelo tecladista Edgar Britto, parceiros de longa data de Maia.A bateria ficou a cargo de Fabrício Altino, com Rodrigo Abreu assumindo o instrumento em “Your Wall Shall Fall”.

Musicalmente, The Tribes of Witching Souls mostra o Tuatha de Danann mergulhando em suas influências celtas, e o resultado é ótimo. Com harmonias bem construídas entre vocais e instrumentos, ritmos positivos e passagens instrumentais elaboradas, a banda mostra que segue criativa e forte. A música título agrada de imediato, com uma linha vocal que conquista o ouvinte no primeiro segundo e um arranjo ascendente que arrepiará os mais sensíveis. Em “Turn”, o violino se une à guitarra para construir um riff que coloca o passado lado a lado com as sonoridades mais atuais do metal, enquanto a melodia vocal vem direto de um mundo onde a psicodelia é o prato principal – isso sem falar do refrão, um dos melhores de toda a carreira dos mineiros.

“Warrior Queen” tem Daisa Munhoz (Vandroya, SoulSpell) dividindo a voz principal com Bruno Maia, enquanto “Conjura” traz a banda indo por um caminho mais extremo e conta até com vocais guturais. Outra presença especial é a de Martin Walkyier, do Skyclad, em “Your Wall Shall Fall”, parceria entre o vocalista e Bruno Maia. Parceiro de longa data do Tuatha de Danann, Martin une a tradição do folk metal britânico ao principal representante do estilo no Brasil, e o resultado é uma ótima canção.

Outro ponto alto está no contraste entre as vozes de Nita Rodrigues e Fernanda Lira na regravação de “Tan Pinga Ra Tan”. Enquanto Fernanda já é reconhecida tanto no Brasil quanto no exterior como uma das novas forças femininas no metal, Nita apresenta o seu belo timbre para um público muito maior – sua banda, a Bud Pump, é conterrânea do Tuatha e também vem de Varginha. O fato de “Tan Pinga Ra Tan” ser uma canção que se desdobra em bonitas e constantes melodias apenas reforça a bela participação de ambas as vocalistas, dando um clima emocional forte para uma das composições mais conhecidas do grupo, e que aqui desbrava outra dimensão conduzida por um arranjo orquestral.

Como destaque final, é preciso mencionar o belo trabalho do ilustrador Paulo “Coruja” Oliveira na capa, uma das mais belas que meus olhos avistaram nos últimos tempos.

É muito bom ouvir um novo trabalho do Tuatha de Danann, ainda mais em um disco tão legal quanto The Tribes of Witching Souls. Um retorno muito bem-vindo de uma das mais originais bandas que o metal brasileiro deu ao mundo, e que não pode ficar sem produzir material inédito, como este EP faz questão de comprovar.



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