Na ativa desde 1994, o Tuatha de Danann é uma das bandas
brasileiras de metal mais tradicionais, e dona de uma sonoridade pra lá de
original. Natural da Varginha, o grupo liderado pelo vocalista e guitarrista
Bruno Maia sempre se destacou por executar um folk metal cativante, repleto de
ótimas melodias e grandes canções.
Após um intervalo de quatro anos em relação ao último
trabalho, Dawn of a New Sun (2015), a banda soltou no início deste ano o EP The
Tribes of Witching Souls, que saiu pela Heavy Metal Rock em um bonito digipack
com encarte e letras. O disco traz sete faixas e mais duas bônus tracks. Cinco
dessas canções são inéditas, enquanto “Tan Pinga Ra Tan” é uma regravação do
primeiro álbum – Tingaralatingadun (2001) – com as participações de Nita
Rodrigues (Bud Pump) e Fernanda Lira (Nervosa) e “Outcry” é uma nova versão
acústica para a música presente em Dawn of a New Sun. As bônus são a versão
demo de “Rhymes Against Humanity”, do álbum de 2015, e a demo instrumental da
música título do EP.
Produzido pelo próprio Bruno Maia (responsável por vocal,
guitarra, viola, banjo, flauta e outros instrumentos), The Tribes of Witching
Souls traz o Tuatha de Danann completado pelo baixista Giovani Gomes e pelo tecladista Edgar Britto, parceiros de
longa data de Maia.A bateria ficou a cargo de Fabrício Altino, com Rodrigo
Abreu assumindo o instrumento em “Your Wall Shall Fall”.
Musicalmente, The Tribes of Witching Souls mostra o Tuatha
de Danann mergulhando em suas influências celtas, e o resultado é ótimo. Com
harmonias bem construídas entre vocais e instrumentos, ritmos positivos e
passagens instrumentais elaboradas, a banda mostra que segue criativa e forte.
A música título agrada de imediato, com uma linha vocal que conquista o ouvinte
no primeiro segundo e um arranjo ascendente que arrepiará os mais sensíveis. Em
“Turn”, o violino se une à guitarra para construir um riff que coloca o
passado lado a lado com as sonoridades mais atuais do metal,
enquanto a melodia vocal vem direto de um mundo onde a psicodelia é o prato
principal – isso sem falar do refrão, um dos melhores de toda a carreira dos
mineiros.
“Warrior Queen” tem Daisa Munhoz (Vandroya, SoulSpell)
dividindo a voz principal com Bruno Maia, enquanto “Conjura” traz a banda indo
por um caminho mais extremo e conta até com vocais guturais. Outra
presença especial é a de Martin Walkyier, do Skyclad, em “Your Wall Shall Fall”,
parceria entre o vocalista e Bruno Maia. Parceiro de longa data do Tuatha de
Danann, Martin une a tradição do folk metal britânico ao principal representante
do estilo no Brasil, e o resultado é uma ótima canção.
Outro ponto alto está no contraste entre as vozes de Nita
Rodrigues e Fernanda Lira na regravação de “Tan Pinga Ra Tan”. Enquanto
Fernanda já é reconhecida tanto no Brasil quanto no exterior como uma das novas
forças femininas no metal, Nita apresenta o seu belo timbre para um público
muito maior – sua banda, a Bud Pump, é conterrânea do Tuatha e também vem de
Varginha. O fato de “Tan Pinga Ra Tan” ser uma canção que se desdobra em
bonitas e constantes melodias apenas reforça a bela participação de ambas as
vocalistas, dando um clima emocional forte para uma das composições mais conhecidas
do grupo, e que aqui desbrava outra dimensão conduzida por um arranjo
orquestral.
Como destaque final, é preciso mencionar o belo trabalho
do ilustrador Paulo “Coruja” Oliveira na capa, uma das mais belas que meus
olhos avistaram nos últimos tempos.
É muito bom ouvir um novo trabalho do Tuatha de Danann,
ainda mais em um disco tão legal quanto The Tribes of Witching Souls. Um retorno
muito bem-vindo de uma das mais originais bandas que o metal brasileiro deu ao
mundo, e que não pode ficar sem produzir material inédito, como este EP faz
questão de comprovar.
Grande banda, uma das melhores do Metal nacional na minha opinião.
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