Review: Bruce Dickinson - Accident of Birth (1997)


Era tarde da noite, Bruce Dickinson estava em casa sem saber qual rumo dar à sua vida. Após o fracasso do seu álbum anterior ele pensou em abandonar a música e seguir carreira como ator ou piloto, mas uma ligação telefônica mudaria tudo novamente. Do outro lado da linha estava Roy Z: "E aí, cara? Está fazendo o quê? Como vai? Escute isso ...".

Era o riff de abertura do que viria a se tornar “Accident of Birth”, faixa título do seu próximo disco. Bruce desligou o telefone eufórico, saltou da poltrona e em cinco minutos a letra estava pronta. Uma semana depois eles já tinham compostos juntos metade do álbum.

No seu quarto trabalho solo, Bruce recruta para uma das guitarras o fiel escudeiro Adrian Smith, que acabou participando pouco do processo de composição. Ao contrário do hard rock praticado em Tattooed Millionaire (1990), Balls to Picasso (1994) e Skunkworks (1996), o vocalista volta às suas raízes heavy metal com esse álbum e, convenhamos, ele nasceu pra cantar esse estilo!

Foi em Accident of Birth que Roy Z realizou o seu primeiro grande trabalho e despontou como produtor (ele também toca guitarra). Depois disso ele produziu trabalhos de Heloween, Halford, Judas Priest, Sepultura, entre outros. A excelente produção é um fator que contribuiu para o sucesso desse disco. Todos os instrumentos estão timbrados perfeitamente, o que torna a audição muito prazerosa. A capa foi feita por Derek Riggs, colaborador de longa data do Iron Maiden e que, da mesma forma, não vinha trabalhando com o grupo desde o início dos anos 1990. Ela traz um mascote nomeado Edison – te dou um doce se você adivinhar a quem ele faz referência.

“Freak” é uma faixa de abertura forte que, apesar da introdução de guitarra estranha, desencadeia em um espetacular riff daqueles de bater cabeça com vontade. O refrão marcante pega o ouvinte desde a primeira audição. “Road to Hell” é a melhor do disco e provavelmente a que mais se enquadraria em um álbum do Iron Maiden. Destaque positivo também para a épica “Darkside of Aquarius” (que conta com um solo maravilhoso de Adrian, provando ser um dos melhores guitarristas de heavy metal da história) e “The Magician”, que fala sobre Aleister Crowley. Mas o que mais impressiona é a performance vocal de Bruce. Como canta esse cara! Demonstra raiva em “Freak”, tristeza em “Man of Sorrows” e esperança em “Arc of Space”, fazendo o ouvinte perceber cada sentimento depositado.“Welcome to the Pit”e “Omega” são as mais fracas do álbum e poderiam ter ficado de fora.

Accident of Birth é um álbum fantástico, resultado de uma fase muito criativa do vocalista. Em sua autobiografia, ele conta que muitas músicas foram compostas e acabaram ficando de fora, tanto que “The Wicker Man” foi gravada como lado B antes de vir à tona com o Iron Maiden totalmente diferente, mas com o mesmo título. 

Lançado enquanto a banda estava com Blaze Bayley nos vocais, é superior ao que eles estavam produzindo na época e a melhor coisa feita pelo cantor desde Seventh Son of a Seventh Son (1998). Junto com seu sucessorThe Chemical Wedding (1998), forma a dupla dos trabalhos mais significativos de Bruce Dickinson, soando atual inclusive nos dias de hoje.

Comentários

  1. A prova do quão fenomenal é esse álbum, Ômega é talvez minha favorita, e o refrão da faixa título é o responsável pelo meu despertar pro Heavy Metal.
    Abraço.

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  2. Eu estava muito triste com o caminho que ele traçou em "Skunkworks", mas veio à felicidade com esse album.

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  3. Tirando "Road to Hell" ou talvez "Man of Sorrows", considero Accident of Birth o disco mais fraquinho da carreira solo de Dickinson. O sucessor The Chemical Wedding (1998) iria dar um baita banho nele!

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  4. Álbum maravilhoso, Riffs, peso e melodias, é o que define essa obra prima do Bruce

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